Time dirigido por torcida une
judeus e árabes, atrai mulheres e prega a paz...
Todo ano, os torcedores se reúnem
e decidem o planejamento do clube para a próxima temporada.
A diretoria tem quatro membros
vindos da arquibancada, torcedores "comuns".
As premissas são: democracia e
paz.
Com base nesses pilares, o Hapoel
Katamon, de Israel, tornou-se um time popular que prega a união entre judeus e
árabes, incentiva o futebol feminino, investe pesado nas crianças e não faz
distinção a quem o procura.
A história da fundação do Hapoel
Katamon é conhecida.
Torcedores do Hapoel Jerusalém
ficaram insatisfeitos com os rumos do clube, desaprovaram a chegada de um
empresário, viram o time naufragar e tentaram comprá-lo, sem sucesso.
Criaram, então, o Hapoel Katamon.
Contam com a ajuda de alguns
empresários e são uma organização sem fins lucrativos.
Mas a ideia que virou realidade
em 2007 toma mais corpo a cada ano e virou um símbolo da tolerância numa
sociedade marcada por ódio.
"Cerca de 30% das crianças de nossas escolinhas são árabes.
Garanto que isso não é fácil em uma cidade como Jerusalém. Muitos de nós
crescemos educados com valores negativos. Para nós [do Katamon], tanto faz ser
judeu ou árabe, o que buscamos é a igualdade. Misturamos todo mundo",
diz Daphne Goldschmidt, uma das fundadoras do Katamon.
O time precisou começar da quinta
divisão de Israel.
Atualmente, já está na segunda.
Eles alugam campos para jogar,
pois não têm estádio próprio.
Por ironia, dividem estádio com o
Beitar Jerusalém, time cuja torcida extremista já expulsou jogadores
muçulmanos.
"De um lado, tem uma equipe que tende à loucura e ao racismo. Do
outro, um time formado por famílias e que está contra a violência",
resume Goldschmidt.
Os torcedores do Hapoel Katamon
brigam contra o racismo, mas a briga deles é no campo ideológico, como pregam
os fãs.
Violência não tem espaço para
eles.
Alguns dados enchem Katamon de
orgulho.
Cerca de 30% da torcida que vai
aos jogos é composta por mulheres.
Trata-se do único clube que tem
estrutura para meninas começarem no futebol.
Entre seus sócios existem equipes
que contam com a presença de refugiados africanos, homossexuais, pessoas com
autismo e outros adultos com disfunções mentais.
Tudo isso é financiado pela
anuidade paga pelos sócios, que compraram ações do clube, e por três grandes
empresários que patrocinam o clube.
"Talvez a gente não seja o time que joga melhor, mas é para todos:
mulheres, gays, crianças, famílias, judeus, muçulmanos, cristãos. Trabalhamos
para a comunidade", conclui Goldschmidt.
UOL Esporte
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