sexta-feira, fevereiro 26, 2016

Sem espaço para o ódio...

Time dirigido por torcida une judeus e árabes, atrai mulheres e prega a paz...

Todo ano, os torcedores se reúnem e decidem o planejamento do clube para a próxima temporada.

A diretoria tem quatro membros vindos da arquibancada, torcedores "comuns".

As premissas são: democracia e paz.

Com base nesses pilares, o Hapoel Katamon, de Israel, tornou-se um time popular que prega a união entre judeus e árabes, incentiva o futebol feminino, investe pesado nas crianças e não faz distinção a quem o procura.

A história da fundação do Hapoel Katamon é conhecida.

Torcedores do Hapoel Jerusalém ficaram insatisfeitos com os rumos do clube, desaprovaram a chegada de um empresário, viram o time naufragar e tentaram comprá-lo, sem sucesso.

Criaram, então, o Hapoel Katamon.

Contam com a ajuda de alguns empresários e são uma organização sem fins lucrativos.

Mas a ideia que virou realidade em 2007 toma mais corpo a cada ano e virou um símbolo da tolerância numa sociedade marcada por ódio.

"Cerca de 30% das crianças de nossas escolinhas são árabes. Garanto que isso não é fácil em uma cidade como Jerusalém. Muitos de nós crescemos educados com valores negativos. Para nós [do Katamon], tanto faz ser judeu ou árabe, o que buscamos é a igualdade. Misturamos todo mundo", diz Daphne Goldschmidt, uma das fundadoras do Katamon.

O time precisou começar da quinta divisão de Israel.

Atualmente, já está na segunda.

Eles alugam campos para jogar, pois não têm estádio próprio.

Por ironia, dividem estádio com o Beitar Jerusalém, time cuja torcida extremista já expulsou jogadores muçulmanos.

"De um lado, tem uma equipe que tende à loucura e ao racismo. Do outro, um time formado por famílias e que está contra a violência", resume Goldschmidt.

Os torcedores do Hapoel Katamon brigam contra o racismo, mas a briga deles é no campo ideológico, como pregam os fãs.

Violência não tem espaço para eles.

Alguns dados enchem Katamon de orgulho.

Cerca de 30% da torcida que vai aos jogos é composta por mulheres.

Trata-se do único clube que tem estrutura para meninas começarem no futebol.

Entre seus sócios existem equipes que contam com a presença de refugiados africanos, homossexuais, pessoas com autismo e outros adultos com disfunções mentais.

Tudo isso é financiado pela anuidade paga pelos sócios, que compraram ações do clube, e por três grandes empresários que patrocinam o clube.

"Talvez a gente não seja o time que joga melhor, mas é para todos: mulheres, gays, crianças, famílias, judeus, muçulmanos, cristãos. Trabalhamos para a comunidade", conclui Goldschmidt.

UOL Esporte

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