O futebol produz causos e
histórias em qualquer lugar do mundo...
Lá fora, como aqui, alguns são
hilários, outros tristes, mas também há aqueles que são reveladores.
Trifon Ivanov, zagueiro búlgaro
morto recentemente, contou alguns numa entrevista à revista So Foot, em 2013...
Abaixo a revelações de Ivanov.
“Quando eu ainda era jogador,
comprei um tanque de guerra do exército. Eu tive durante um tempo, mas depois
me livrei dele. Eu conduzi o tanque uma ou duas vezes, no campo, apenas para
testá-lo e nada mais. Mas um jornal sensacionalista chegou a publicar que eu
andava por aí com tanques. Por isso não tenho o hábito de conceder
entrevistas”.
“Quando me aposentei, fiz uma
viagem para os Estados Unidos. Fui pela primeira vez à embaixada americana na
Bulgária, já que não precisei fazer isso para a Copa. Eu tinha que preencher um
formulário, declarando os meus bens. Comecei a escrever os modelos de carro que
eu tinha. No entanto, o funcionário da embaixada afirmou que havia um erro,
pois eu tinha listado apenas cinco ou seis carros, e não todos os meus veículos.
Respondi que não havia mais linhas para continuar preenchendo e ele deixou
passar”.
“Peguei seis jogos de suspensão
na Áustria por dar uma cotovelada em um adversário. Que eu me lembre, tomei só
dois cartões vermelhos em toda a carreira e considero ambos merecidos. Eu
acertei esse cara porque ele me chamou de ‘búlgaro sujo’. A outra vez foi em um
amistoso contra a Itália, em Sofia. O Vialli cuspiu na minha cara e, depois,
deixei ele no chão. Eu estava errado em ambas. Mas um ser humano não consegue
controlar sempre as suas emoções. Aconteceu o mesmo com Zidane aquela vez”.
“Eu podia ter assinado com o
Barcelona, quando Koeman se lesionou. Gente do clube veio me oferecer um
contrato, mas o presidente do Betis não autorizou a transferência. Ele disse
que a equipe não funcionaria sem mim. E não posso culpá-lo, era uma boa decisão
a partir do ponto de vista dele. Mas, se eu tivesse ido para o Barcelona, minha
carreira poderia ter tomado um rumo diferente. Você nunca sabe. Foi uma
oportunidade única”.
“Troquei minha camisa com Cantona
em um jogo contra o Manchester United, pela Champions, em 1996. É um souvenir
valioso para mim. Quando jogamos em Old Trafford, eu deveria marcá-lo. Pouco
antes do fim do jogo, perguntei se poderíamos trocar nossas camisas, e ele apenas
disse ‘ok’. Então, quando o juiz apitou, o time inteiro correu para Cantona,
pedindo a camisa. E ele respondeu: ‘Não, esta camisa é para Ivanov’. Foi um
momento verdadeiramente precioso para mim, porque um grande jogador demonstrou
o seu respeito. Ele não fez gol, de modo que aquilo dizia alguma coisa. Eu
tinha feito meu trabalho e ele notou”.
“Cheguei ao Neuchâtel Xamax
porque o presidente quis, sem consultar o técnico Gilbert Gress. Então, ele
começou a criar problemas comigo, porque eu era o favorito do presidente. Foi
antes da Copa do Mundo. Ele proibiu os jogadores de chegarem aos treinos em
conversíveis. E é claro que eu fazia questão de chegar em um conversível. Tudo
o que ele proibiu, eu fiz. Mas não tinha problema durante os jogos ou com os outros
atletas. Certa vez, fui barrado em um jogo e segui para as arquibancadas.
Sentei, tomei um café, fumei um cigarro. E o presidente, quando me viu, disse
que eu teria que jogar. Entrei aos 15 minutos, ganhamos por 2 a 1 e eu marquei
o segundo gol. A torcida me aplaudiu muito”.
“Todo mundo jogou por si próprio
na decisão do terceiro lugar da Copa. Eu pedi para o técnico para ser
substituído no intervalo, mas ele não quis. Eu nunca vou me esquecer do quarto
gol, de Larsson. Eu não consegui pará-lo. Então, disse que ou ele me substituía
ou eu saía de campo. E finalmente ele me tirou”.
“Não éramos os jogadores mais
disciplinados do mundo, isso é verdade. Dimitar Penev [o técnico da seleção
entre 1991 e 1996] era muito bom em nos fazer jogar, e não tínhamos qualquer
problema com ele. Certos jogadores fumavam quando estávamos na Copa de 1994 e
isso surpreendeu os alemães. Mas nunca nos causou qualquer problema. O cigarro
não era um problema para mim. Também bebíamos cerveja, uma ou duas, para
relaxar. Era um bom momento para se sentir como um homem normal. Se algo é
proibido, é ainda pior, porque você vai querer mais”.
“Quando eu jogava na Áustria,
aprendi a beber cerveja. Mas, caso contrário, não tomo nada além de uísque.
Nada mais. Nunca aguardente ou vodca. Gosto dos escoceses, sobretudo os Black
Label, de 12 anos”.
“O respeito aos jogadores não
depende de sua aparência, se ele tem chifres ou é cabeludo, mas da qualidade
que apresenta nos jogos. É evidente que, quando eu não fazia a barba, nós
ganhávamos. Todo mundo tem uma superstição. Meu apelido, o Lobo Búlgaro, foi
inventado por outro jogador e não me incomoda. Eu não posso mudá-lo. E posso
viver com isso sem me sentir ofendido. Temos um ditado búlgaro que diz: ‘O
pescoço do lobo é duro porque ele trabalha sozinho, sem a ajuda de ninguém’”.
Fonte: Trivela
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