Em 2016, organizadas paulistas
zombam uma vez por mês de autoridades
Por Perrone.
Em 2016, pelo menos uma vez por
mês, em média, membros de torcidas organizadas paulistas debocharam das
autoridades de segurança pública do Estado.
Até abril, foram registrados ao
menos quatro casos em que esses torcedores agiram como se estivessem caçoando
de policiais militares e civis, promotores e juízes.
A sequência começou na final da
Copa São Paulo.
Integrantes da Gaviões da Fiel
acenderam sinalizadores no jogo contra o Flamengo no Pacaembu.
Além de mostrarem que não estavam
nem aí para o fato de Federação Paulista punir torcidas nesses casos, eles
desmoralizaram a revista feita pela PM.
Deixaram claro que quando querem
entrar com algo vetado nos jogos têm boa chance de conseguir.
No final de fevereiro, para o
espanto de juízes, promotores e policiais, o ex-presidente da Gaviões, Douglas
Deúngaro, o Metaleiro, ameaçou Alex Sandro Gomes, o Minduim, também integrante
torcida, dentro de uma sala do fórum de Santana.
Diante de policiais militares ele
chegou a dizer que arrancaria o pescoço de desafeto, que é assessor do deputado
federal Andrés Sanchez, ex-presidente do Corinthians.
Prova maior de ousadia seria dada
apenas dois dias depois, no início de março.
Minutos após deixarem o fórum da
Barra Fundo, onde as principais torcidas paulistas tinham se reunido com o
Ministério Público, o presidente da Gaviões, Diguinho, e seu secretário, Cris
foram espancados no estacionamento do centro de compras em que tinham deixado o
carro.
Ou seja, o MP acabou sendo usado
para um acerto de contas entre torcidas rivais, já que o ataque foi perto do
fórum.
Os agressores mostraram não terem
nenhum receio de serem pegos ao agirem debaixo do nariz do Ministério Público.
E os agredidos não tiveram
constrangimento, segundo investigação da polícia, de recolher objetos que
teriam sido usados na ação.
Para os policiais, eles não têm
interesse em que os rivais sejam punidos pela Justiça.
Preferem a vingança.
Em abril, a polícia prendeu um
membro da Mancha Alviverde acusado de participação na emboscada a Diguinho.
No mesmo dia, policiais reviraram
a sede da Gaviões em busca de porretes que teriam sido usados na agressão e
recolhidos.
Nada foi encontrado, mas a
demonstração de que as autoridades estavam apertando o cerco sobre torcedores
violentos tinha sido dada.
A sensação de que a situação
estava sob controle, porém, virou pó dois dias depois, quando palmeirenses e
corintianos protagonizaram pelo menos quatro brigas na cidade antes e após o
jogo entre os dois times no Pacaembu.
O serviço de inteligência não foi
capaz de evitar os confrontos.
Assim como o esquema de segurança
montado para tirar os corintianos do Pacaembu não impediu que eles agredissem
palmeirenses perto do estádio.
O saldo do domingo sangrento foi
uma pessoa, que não era ligada à torcida organizada, morta longe do Pacaembu,
antes do jogo.
Apesar de os líderes das
organizadas negarem que as brigas tenham sido combinadas pelas cúpulas das
torcidas, é possível interpretar as confusões em diferentes cantos da cidade
como mais um desafio às autoridades e demonstração de que os vândalos não temem
ser punidos.
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