quinta-feira, maio 19, 2016

Torcidas organizadas... Uma luz no fim do túnel?

Na cancha

Por Diego Breno

No papel, é até bonito

Torcidas Organizadas.

Os adjetivos que vêm logo à cabeça são de “arruaceiros”, de “babacas”, de “idiotas”, de “marginais”, entre outros.

Mas isso se deve porque estamos cansamos de ver notícias que mostram confusões nos estádios – e às vezes até em dias que não acontecem os jogos – onde alguns membros se envolvem em desordens e atos de violência.

Sobre esse e outros assuntos, a Associação Nacional de Torcidas Organizadas (ANATORG) realizou, no último sábado, um “Seminário Estadual”.

Como homem de imprensa, fiz questão de comparecer à Arena das Dunas (local do evento) para ouvir o outro lado – o deles.

E, ao contrário do que se pensa, irei dizer: sim, foi muito interessante.

Ouvi todos eles...

Os que ali estavam para sobre o desejo de terem o respeito da sociedade e os que tentaram mostrar quem nem todos devem ser culpados por atos em que um – ou uns – ocasionam.

Mas o melhor foi ouvi-los tratar de um assunto que atinge todos àqueles que frequentam estádios com um único objetivo (entende-se torcer exclusivamente e unicamente para sua equipe).

Foi surpreendente ver que as mesas dos debates não eram compostas apenas por membros das torcidas, mas que também contaram com a presença de autoridades, advogados e assessores de imprensa dos clubes.

Me surpreendi com o que vi e ouvi.

Questões como a posição da Associação em relação ao cenário político brasileiro, discussão serena e equilibrada com oficiais da Polícia Militar, tanto do Rio Grande do Norte como da Bahia, presença de mulheres em suas organizações e a disposição em mudar rumos.

Tudo isso me fez pensar que, apesar dos pesares, temos uma luz no fim do túnel e que o encontro pode acabar gerando uma mudança na mentalidade homens e mulheres, em sua maioria, gente muito jovem.

Outra surpresa foram os números apresentados, onde os participantes afirmaram que as torcidas organizadas são, hoje, o terceiro grupo em importância nos movimentos sociais.

Entretanto, sempre se corre o risco de que tudo acabe sendo apenas retórica e que talvez o que foi apresentado seja algo que fique apenas por ali.

Vou torcer que as coisas andem, que eles consigam com seminários e reuniões assim, mudar nosso conceito em as Torcidas Organizadas.

Foi bom ter ido, foi válido o que vi e ouvi.

Lutar para que cesse a violência entre torcidas deve ser o grande objetivo.

Sai do seminário esperançoso, mas ainda acreditando que os clubes devem manter certa distância nessa relação, que não devem contribuir com regalias ou privilégios (ingressos e viagens, por exemplo) e que as torcidas organizadas passem a utilizar critérios mais sérios na inclusão de seus membros e que contribuam com as autoridades no combate a aqueles que só pensam em desordem.

Afinal de contas, todos queremos ir aos estádios, vestir a camisa do nosso time e torcer sem aquela sensação de medo.

Enfim...

Tomara o que foi debatido não fique apenas no papel e que as pregações se tornem atitudes.

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