Na cancha
Por Diego Breno
No papel, é até bonito
Torcidas Organizadas.
Os adjetivos que vêm logo à
cabeça são de “arruaceiros”, de “babacas”, de “idiotas”, de “marginais”, entre
outros.
Mas isso se deve porque estamos
cansamos de ver notícias que mostram confusões nos estádios – e às vezes até em
dias que não acontecem os jogos – onde alguns membros se envolvem em desordens
e atos de violência.
Sobre esse e outros assuntos, a
Associação Nacional de Torcidas Organizadas (ANATORG) realizou, no último
sábado, um “Seminário Estadual”.
Como homem de imprensa, fiz questão
de comparecer à Arena das Dunas (local do evento) para ouvir o outro lado – o deles.
E, ao contrário do que se pensa,
irei dizer: sim, foi muito interessante.
Ouvi todos eles...
Os que ali estavam para sobre o
desejo de terem o respeito da sociedade e os que tentaram mostrar quem nem
todos devem ser culpados por atos em que um – ou uns – ocasionam.
Mas o melhor foi ouvi-los tratar
de um assunto que atinge todos àqueles que frequentam estádios com um único
objetivo (entende-se torcer exclusivamente e unicamente para sua equipe).
Foi surpreendente ver que as mesas
dos debates não eram compostas apenas por membros das torcidas, mas que também
contaram com a presença de autoridades, advogados e assessores de imprensa dos
clubes.
Me surpreendi com o que vi e
ouvi.
Questões como a posição da
Associação em relação ao cenário político brasileiro, discussão serena e
equilibrada com oficiais da Polícia Militar, tanto do Rio Grande do Norte como
da Bahia, presença de mulheres em suas organizações e a disposição em mudar
rumos.
Tudo isso me fez pensar que,
apesar dos pesares, temos uma luz no fim do túnel e que o encontro pode acabar
gerando uma mudança na mentalidade homens e mulheres, em sua maioria, gente
muito jovem.
Outra surpresa foram os números
apresentados, onde os participantes afirmaram que as torcidas organizadas são,
hoje, o terceiro grupo em importância nos movimentos sociais.
Entretanto, sempre se corre o
risco de que tudo acabe sendo apenas retórica e que talvez o que foi
apresentado seja algo que fique apenas por ali.
Vou torcer que as coisas andem,
que eles consigam com seminários e reuniões assim, mudar nosso conceito em as
Torcidas Organizadas.
Foi bom ter ido, foi válido o que
vi e ouvi.
Lutar para que cesse a violência
entre torcidas deve ser o grande objetivo.
Sai do seminário esperançoso, mas
ainda acreditando que os clubes devem manter certa distância nessa relação, que
não devem contribuir com regalias ou privilégios (ingressos e viagens, por
exemplo) e que as torcidas organizadas passem a utilizar critérios mais sérios
na inclusão de seus membros e que contribuam com as autoridades no combate a aqueles
que só pensam em desordem.
Afinal de contas, todos queremos
ir aos estádios, vestir a camisa do nosso time e torcer sem aquela sensação de
medo.
Enfim...
Tomara o que foi debatido não
fique apenas no papel e que as pregações se tornem atitudes.
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