Imagem: Autor Desconhecido/Manipulação: Fernando Amaral
As declarações de Piqué sobre a Catalunha levam a crise catalã à
seleção espanhola
Jogador pediu no Twitter para que as pessoas fossem votar no domingo.
Nesta segunda, enfrentou protestos do público no treino da seleção
Diego Torres de Madrid para o El País
O apelo do jogador catalão Gerard
Piqué para que as pessoas votassem no referendo ilegal da Catalunha aproximou a
seleção espanhola de futebol à confusão política.
O jogador do Barcelona, time da
comunidade autônoma, manifestou-se na última quinta-feira pelo Twitter sobre a
consulta que aconteceu no domingo.
Horas depois, durante um ato de
apresentação de uma coleção de roupas, Sergio Ramos, o capitão da Espanha, foi
submetido a um interrogatório pela imprensa até que admitir que o tuíte de seu
colega não ajudava a pacificar sua relação com o público mais crítico.
O técnico da seleção, Julen
Lopetegui, afirmou que não quer que as pressões externas alterem seu
cronograma.
“O que me preocupa é a atualidade esportiva, não a política”,
esclareceu o técnico, quando questionado por alguns jornalistas.
Mas o conflito que assola a
sociedade espanhola não ficou de fora de seu campo.
Na noite desta segunda-feira, em
um treino aberto da seleção espanhola, o jogador do Barcelona foi alvo de
protestos.
Um grupo de cerca de dez jovens
extremistas que foram ao campo principal do complexo esportivo de Las Rozas
formaram o coro contra Piqué, seguidos com fervor por cerca de 200 pessoas, de
um total de aproximadamente 1.000 que estavam na plateia, muitos levando
bandeiras espanholas.
Eles esperaram que os jogadores
saíssem para treinar e, quando o grupo apareceu, começaram a disparar assobios
e insultos pedindo para que o jogador deixasse a seleção.
O grupo representa um setor da
população que rejeita a presença de Piqué no time.
Ele é acusado de ser
secessionista, embora nunca tenha manifestado sua inclinação política, além de
pedir, desde 2014, a realização de um referendo para que se consulte a
população sobre a separação da Catalunha.
"Viva Espanha!", gritavam os manifestantes.
"Viva a Guarda Civil!", diziam, em referência à polícia
do Governo central espanhol que tentou evitar o referendo de domingo, em meio a
cenas de agressão policial.
Pouco antes do treino, Piqué
havia disparado outro tuíte: um vídeo de alguns agentes da Polícia Nacional que
disparavam balas de borracha contra as pessoas na Catalunha com a frase dita
pela vice-presidente do governo, Soraya Sáez de Santamaría, justificando a
repressão no domingo:
"Eles agiram com profissionalismo e de forma proporcional".
No domingo, depois de jogar com o
Barcelona contra o Las Palmas, numa partida que ocorreu de portas fechadas, ele
confessou sua dor em lágrimas.
Disse que estava muito
desapontado com o governo do primeiro-ministro Mariano Rajoy pelo modo como
promoveu o que chamou de violenta repressão aos eleitores.
Quando perguntado pela imprensa
se sua posição era compatível com seu status de jogador internacional, ele
afirmou, confiante:
"Eu acho que posso continuar na seleção porque há muitas pessoas
que desaprovam o que aconteceu hoje [domingo] e acreditam na democracia. Mas se
o treinador ou a Federação pensam que incomodo, não tenho nenhum problema em me
afastar e deixar a seleção antes de 2018", afirmou ele, em referência
ao seu anúncio em outubro passado de que deixaria o time no ano que vem.
"Não é uma questão patriótica ir à seleção nacional",
disse ele.
"Aquele que vai não é mais patriótico. Você tem que ir e fazer o
seu melhor, como eu. Há jogadores nacionalizados. Você vai lá e joga o seu
melhor para ganhar. Eu vejo assim. " Piqué, que nunca se afetou de
fato com estas manifestações de rejeição, parece estar pronto para suportar.
Mas o técnico do time está
preocupado com o curso dos acontecimentos.
Lopetegui falou com o jogador
para convencê-lo a diminuir sua exposição.
"Todos nós temos que garantir que o clima seja o melhor
possível", afirmou ele neste domingo na rede de notícias Cope.
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