Imagem: Autor Desconhecido
Em São Paulo, os presidentes de federação não foram tratar de assuntos de interesse de seus filiados, foram tratar de encontrar meios de defender Marco Polo Del Nero...
Abaixo, Perrone conta tudo o que
aconteceu na reunião entre os presidentes das federações e Walter Feldman (foto) um dos homens de Del Nero.
Após fala de cartola da FPF, dirigentes ‘enterram’ nota de apoio a Del
Nero
Por Perrone para o UOL
Durante reunião do Sindicato do
Futebol na última segunda, em São Paulo, foi discutida por dirigentes a
elaboração de um manifesto de apoio a Marco Polo Del Nero, suspenso pela Fifa.
A ideia, porém, foi abandonada
após Reinaldo Carneiro Bastos, presidente da Federação Paulista, apontar que a
iniciativa só serviria para dar mais destaque às acusações contra o dirigente.
A interpretação é de que seria um
desgaste desnecessário.
Os cartolas acabaram seguindo
recomendação de Walter Feldman, secretário-geral da CBF, de darem entrevistas
individuais demonstrando apoio e confiança que Del Nero irá reverter a
situação.
Por meio do departamento de
comunicação da FPF, Bastos negou que tenha sugerido a não realização do
manifesto e até que tenha falado sobre o assunto durante a assembleia.
Porém, o blog mantém a
informação, confirmada por três participantes da reunião.
O cartola de São Paulo é considerado
um dos favoritos numa eventual eleição na confederação sem Marco Polo.
Porém, os dirigentes ouvidos
sobre o episódio disseram que o discurso dele não teve tom eleitoral, mas de
preocupação em preservar a imagem do colega.
Em nenhum momento, Bastos atacou
o presidente punido.
O presidente da CBF foi suspenso
preventivamente por 90 dias pela Fifa por conta de denúncias feitas durante o
julgamento de José Maria Marin em Nova York.
Ele é acusado de receber propinas
em negociações de direitos de transmissões de jogos pela TV, mas alega
inocência.
Rebeldia
A situação de Marco Polo começou
a ser debatida pelo sindicato a partir de críticas à Fifa feitas por Zeca Xaud,
longevo presidente da Federação Roraimense.
Ele sugeriu que a CBF se
rebelasse e não aceitasse a suspensão.
Classificou a atitude da entidade
internacional como covarde.
Em seguida, José Vanildo da
Silva, presidente da federação do Rio Grande do Norte, disse que os
representantes das entidades estaduais estavam desinformados e que Feldman seria
a melhor pessoa para esclarecer a situação.
Ensaio
O executivo da CBF, preocupado
com a chance de jornalistas do lado de fora da sala ouvirem suas palavras por
conta de uma porta aberta, tentou falar sem microfone, mas atendeu ao pedido de
Mustafá Contursi, presidente do sindicato, para usar o equipamento.
Então, ele disse que Del Nero
está tranquilo, confiante de que vai voltar ao cargo e que pediu um discurso de
união aos cartolas.
Na sequência, Feldman sugeriu que
quando fossem abordados pela imprensa os dirigentes demonstrassem confiança em
Marco Polo.
A maioria abordada pelos
jornalistas depois da reunião acatou o conselho.
Procurado pelo blog para falar
sobre o episódio, Feldman não respondeu à mensagem de voz deixada em seu
celular.
Todos por um
No embalo das palavras do
funcionário da CBF, Marquinho Chedid, presidente do Bragantino, sugeriu que o
sindicato elaborasse uma nota de apoio a Del Nero com a assinatura dos
presentes.
Seria uma forma de demonstrar
união em torno do dirigente suspenso.
Como presidente da entidade
patronal, Mustafá se manifestou.
Disse apoiar Marco Polo, mas ter
dúvidas sobre se o momento era adequado.
O palmeirense passou a bola para
o presidente da Federação Paulista, que também é representante brasileiro na
Conmebol.
Bastos explicou que não acatar a
decisão da Fifa seria inviável por trazer consequências drásticas.
Ele também indicou não existir um
movimento político na cúpula da federação internacional para derrubar Del Nero.
O cartola ainda citou Mauro
Carmélio, presidente da Federação Cearense de Futebol, que teria dito ser este
um momento de silêncio.
Bastos argumentou que uma
manifestação formal e coletiva dos dirigentes representaria oportunidade para a
imprensa voltar a falar sobre as acusações contra Del Nero.
Ou seja, a ação para mostrar
apoio seria desastrosa por deixar de novo nos holofotes as suspeitas contra o
presidente da CBF.
Ele também sustentou que a melhor
postura, como havia sugerido Feldman, era a defesa individual feita pelos
representantes das federações sempre que indagados sobre o tema.
Pouco depois, cartolas davam
entrevistas esbanjando confiança e solidariedade a Del Nero, apesar de
enterrarem a ideia de um manifesto de apoio coletivo.
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