Após posição da Globo, CBF cria grupo para discutir Estaduais para 2020
Por Rodrigo Mattos para o UOL Esportes
A CBF criou um grupo de trabalho
formado por presidentes de federações para discutir o futuro dos Estaduais,
especialmente para o calendário de 2020.
Não há intenção de acabar com as
competições: a ideia é achar soluções para reformar e salva-las.
A comissão foi montada nesta
semana após uma posição da Globo que pede uma revisão no calendário e que se
repense os regionais.
Primeiro, ressalte-se que o fim
dos Estaduais em 2020 – possibilidade levantada pelo presidente do Conselho do
Atlético-PR, Mário Celso Petraglia – é não só improvável como praticamente
impossível no atual cenário.
Há barreiras contratuais e
políticas que impedem isso.
O Estadual do Rio tem contrato
até 2024 com previsão de multa por rescisão, embora o Flamengo só tenha
assinado até o próximo ano.
O Estadual de São Paulo tem
contrato até 2021.
Outros, como o Pernambucano, têm
acordo até 2022.
Mas a Globo deu, sim, sinais de
desinteresse crescente e de querer mudanças.
Por exemplo, a Federação do Rio
Grande do Sul assinou contrato até 2021, mas, a partir do próximo ano, esse
acordo pode ser rompido ou reduzido sem o pagamento de multa.
''Garantido mesmo está até 2019. A preocupação é grande'', afirmou
o presidente da Federação do Rio Grande do Sul, Francisco Noveletto, que fala
em transformar seu campeonato em uma ''Champions League''.
Outros Estaduais foram
abandonados pela emissora ou têm propostas de valores inferiores, como ocorre
com o Paranaense.
No Nordeste, por exemplo, a Copa
do Nordeste tem mais força que as competições dos estados – com exceção,
talvez, de Pernambuco.
Internamente, houve conversas
entre Globo e CBF sobre o assunto.
Há resistência na diretoria da
confederação para uma mudança drástica de redução de Estaduais.
Dentro da confederação, há o
argumento de que as competições dão emprego para jogadores e revelam atletas.
A verdade é que são o motivo das
sobrevivências das federações que elegem o presidente da CBF.
Mas alguns dirigentes na entidade
defendem alguma redução das competições.
Além de abrir datas e reformar o
calendário para 2020, a realidade econômica se impõe no debate.
A Globo tem menos dinheiro para
investir em competições, já que teve de gastar mais com Brasileiro e
Libertadores.
Aliado a isso, a concorrência da
Turner será fraca ou inexistente nas renovações dos Estaduais, que tiveram
preços inflados pela possibilidade da Globo perde-la.
Neste cenário, as 18 datas dos campeonatos
regionais passam a ocupar considerável espaço no calendário, espremendo as
competições mais importantes.
Com o seu grupo de trabalho, a
CBF quer tornar as competições mais atrativas.
Uma das soluções pensadas por
membros do grupo é uma fórmula única para todos os Estaduais, o que daria um
padrão a todas as competições.
Anteriormente, houve a ideia de
alongar as competições durante o ano, o que sofre resistência dos presidentes
de federações.
O grupo vai ter que equilibrar a
vontade da CBF, que quer manter satisfeitos seus aliados, e dar alguma resposta
ao mercado, que cobra mudanças em favor de um calendário mais enxuto com jogos
relevantes.
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