Imagem: Autor Desconhecido
Corinthians e BMG: a mentira tem perna curta e não é marketing
Luis Paulo Rosenberg, apresentou, orgulhoso e fazendo provocações, uma parceria
entre Corinthians e BMG.
O problema é que em menos de uma semana o contrato de patrocínio que
foi anunciado no valor de R$ 42 milhões ao ano, caiu para R$ 30 milhões e agora
é de R$ 12 milhões.
O que houve?
Por Pedro Brandão, do Universidade do Esporte
No último dia 22, Luis Paulo
Rosenberg, na condição de diretor de marketing do Sport Club Corinthians
Paulista, convocou uma coletiva de imprensa para anunciar o tão aguardo acordo
de patrocínio máster da camisa Alvinegra.
Num discurso que misturou termos
como “parceria inovadora” até abertas
provocações ao arquirrival Palmeiras, quando Rosenberg diz “o banco BMG não tem pretensões políticas dentro do Corinthians”, o
anúncio dos valores dava conta de R$ 30 milhões à vista mais R$ 12 milhões de
bônus até o final do ano, totalizando R$ 42 milhões anuais, valor que colocaria
o Corinthians como a segunda camisa mais valiosa do país.
Outro a confirmar o valor foi Matias
Romano Ávila, diretor financeiro do clube, que inclusive detalhou o acordo:
“O valor médio calculado da parceria é de R$ 42 milhões, e nós já
recebemos R$ 30 milhões. São R$ 24 milhões de patrocínio, e R$ 6 milhões de
luvas. Se não acontecer nada este ano, se não abrir uma única conta no
aplicativo, ainda assim nós lucramos R$ 30 milhões. No ano que vem, a mesma
coisa”
Um problema, entretanto, surgiu
nesta sexta-feira quando uma ata de reunião do banco foi publicada no próprio
site do BMG por questões de transparência.
No documento consta o valor fixo
de R$ 12 milhões mais 50% da arrecadação em produtos financeiros vendidos aos
Fiéis torcedores por meio da plataforma Meu Corinthians BMG, que será lançada
em fevereiro e dará acesso aos serviços exclusivos do banco aos corintianos.
Não é novidade a (im)postura de
Luis Paulo Rosenberg ao atacar o Palmeiras para esconder os problemas do clube
do qual dirige o marketing.
Ao passo que o clube de Palestra
Itália se reorganizou financeiramente graças a benevolência de seu presidente,
Paulo Nobre, que colocou dinheiro do próprio bolso para salvar as finanças do
clube e depois contou com um mecenas que proporcionou o maior patrocínio jamais
visto no futebol brasileiro quando estampou a marca de sua empresa, Crefisa, na
camisa alviverde.
O Corinthians afundou
financeiramente ao ser dominado por um clã político que, embora tenha
proporcionado anos vitoriosos, isolou o comando do clube fechando negócios
escusos.
Desta maneira, o clube contraiu
uma dívida astronômica a ser paga por seu estádio que já apresenta problemas
estruturais, em contratos ainda sob investigação por casos de corrupção; lançou
mão de times fortes para competir no último Campeonato Brasileiro com um
modesto time que, não fosse times mais fracos, quase foi rebaixado, além de
perder poder econômico no mercado de transações.
Todos esses problemas foram
acobertados pelos ataques de Rosenberg ao rival.
Frases de efeitos que apontam
ditos defeitos como “estádio em forma de
pneu” ou “baleia num aquário”
para se referir ao Allianz Parque; e várias outras alfinetadas em qualquer
oportunidade.
Porém a mentira de Rosenberg vai
além, quando o diretor de marketing corintiano diz que a “parceria Corinthians / BMG é inovadora” por permitir que o
torcedor faça a ativação da parceria e defina quanto o clube receberá, está
mentindo novamente e fazendo seu torcedor de bobo.
O ano é 2000, Corinthians e Pepsi
anunciam uma parceria em que a empresa se autodenominou “Da Fiel”, num plano em que conforme aumentasse a venda de
refrigerantes, mais o clube receberia de patrocínio.
Familiar com a plataforma do BMG,
em 2019?
Com a Pepsi a estratégia
naufragou em 2002, e o contrato de patrocínio resistiu apenas até 2004.
O problema em atrelar valor de
patrocínio à participação do público é que estamos falando justamente de
futebol, uma paixão em que lidamos com pessoas movidas por um sentimento
completamente passional.
Isso faz com que torcedores de
outras equipes não comprem ou não utilizem serviços da empresa que se
autodenomina de um ou outro clube.
Mais um problema na gestão
comercial do Corinthians pode ser visto na quantidade de patrocínios que o
clube tem hoje.
Apesar de o BMG ser o patrocínio
máster, existem mais 6 patrocinadores na camisa alvinegra (Universidade do
Brasil, PES, Minds Idiomas, Agibank, Poty, FoxLux).
Esse movimento de fatiar a camisa
para muitos patrocinadores foi comum no início da década, como consequência a
diminuição de bons patrocinadores no mercado já que a empresa pode comprar uma
ativação no “outdoor eletrônico” como
disse Rosenberg, a qualquer momento dependendo do desempenho do clube.
Curiosamente o banco BMG que
aparecia naquele momento como solução, em 2019, reaparece com o mesmo status.
Vale ainda ressaltar que Ricardo
Guimarães, proprietário do banco BMG, foi condenado em processo da justiça
federal, em 2012, pelo caso do Mensalão, a cumprir 7 anos de prisão.
O gosto particular de Ricardo
pelo futebol fez o BMG estender longos tentáculos no futebol brasileiro
patrocinando diversos clubes, mas ao adiantar receitas, como banco que é,
cobrar juros que, ao final de 2011, somavam mais de R$ 250 milhões.
“O Corinthians pegou R$ 12 milhões de 2019 e adiantou os R$ 12 milhões
de 2020. E temos R$ 6 milhões prevendo um lucro que vai vir da plataforma. No
ano que vem, a gente só recebe o que tiver de lucro na plataforma, essa é a
tendência”.
Com esta frase Andrés Sanches
explicou, na noite deste sábado, a polêmica sobre os valores do patrocínio.
Obscuro e irresponsável na gestão
do clube como é a marca registrada da gestão Andrés.
Na prática, não só o patrocínio
tem um valor muito abaixo do anunciado ou previsto por Luis Paulo Rosenberg,
como também, o clube não tem saldo a receber em 2020 por já ter adiantado a
receita e, se a ativação via plataforma online não der frutos, deverá, pelo
menos, R$ 6 milhões ao banco BMG ao fim de 2020.
O presidente corintiano se apega
na ideia de que o mercado de transmissões dos jogos está em transformação.
Andrés cita o caso da Copa
Sul-Americana que a partir deste ano não será transmitida exclusivamente por TV
aberta.
De acordo com o mandatário
alvinegro “o Corinthians está saindo na
frente neste tipo de parceria, porque tudo está ficando digital”.
De qualquer maneira, digital ou
não, existem apenas duas formas de gerir um clube: da forma certa, com
responsabilidade econômica e protegendo o patrimônio do clube; ou da forma
errada, antecipando receitas como se não houvesse amanhã.
Igualmente, assim é com a
história: verdades ou mentiras.
No caso do Corinthians a história
está se repetindo como farsa nas mentiras ou inverdades de Luis Paulo
Rosenberg, que mente acreditando estar fazendo marketing.
Não está!
Nenhum comentário:
Postar um comentário