O glorioso passado do Alecrim
Por André Samora, do Universidade do Esporte
O futebol potiguar conheceu uma
nova força na década de 60, o Alecrim Futebol Clube.
A equipe demorou para brilhar no
estadual, mas a sua fundação ocorreu bem antes.
Em 1915, a principal região de
Natal era o bairro da Ribeira.
O Alecrim era um bairro ainda
desconhecido e ficava na parte rural da cidade.
Por isso, precisava criar um
clube para ajudar as pessoas dessa região que não tinha condições de estudar.
Para isso, fundaram o Alecrim e
uma escola noturna, com a intenção de diminuir o analfabetismo no Brasil.
Para ser mais preciso, a reunião
ocorreu no dia 15 de agosto de 1915.
Na rua Fonseca e Silva, número
1113.
Hoje em dia, o local é usado pelo
Instituto de Educação e Reabilitação de Cegos, localizado no bairro do Alecrim.
Dos fundadores do clube, o mais
lembrado é Café Filho.
Ele foi goleiro da equipe nos
anos de 1918 e 1919, ingressou na política e em virtude de uma série de
circunstâncias acabou ocupando a vice-presidência, na chapa encabeçada por
Getúlio Vargas.
Com o suicídio de Vargas, em 24
de agosto de 1954, assumiu a presidência, exercendo o cargo até novembro de
1955.
Assim, Café Filho é o único
presidente da república que jogou em um time de futebol.
Mesmo com tudo isso, a equipe
demorou para participar do campeonato potiguar.
A competição iniciou em 1919, mas
o time só jogou em 1924.
O alviverde começou avassalador,
conquistou o bicampeonato em 1924 e 1925, logo nas suas duas primeiras
participações.
Porém, esses títulos são
duvidosos pelo caráter amistoso dos estaduais da década de 20.
Por não ter muitos detalhes dos
jogos, o periquito divide essas vitórias com outros times.
Com o América em 1924 e o ABC em
1925.
Apesar do bom começo, isso não
refletiu na continuação da equipe, foram mais de 30 anos sem alcançar uma final
de estadual.
Com isso, a melhor colocação
desde o seu último título foi um vice em 1960.
Esse é o início da época mais
vitoriosa da história do clube, a década de 60.
Após quase quarenta anos sem
conquistas, a equipe venceu o bicampeonato em 1963 e 1964.
Assim, o periquito se classificou
por dois anos seguidos para a Taça Brasil, o campeonato brasileiro da época.
Porém, foi eliminado nessas duas
edições pelo Campinense, ainda na primeira fase.
O Alecrim continuou mostrando sua
força, tanto que chegou na final de 1965 e 1966, mas perdeu para o ABC.
Em 1966, o América finalmente
voltou a jogar o estadual.
O time ficou ausente desde 1960.
Porque, os seus dirigentes
decidiram tirar o clube do futebol para economizar nas finanças.
Pois, naquele momento, era
necessário juntar dinheiro para construir a sede oficial do alvirrubro.
Para a torcida do alviverde, o
ano de 1968 ficou marcado na história do clube.
Para iniciar bem o ano, a equipe
contou com a participação de Garrincha no amistoso do dia 04 de fevereiro.
O jogo ocorreu no Estádio Juvenal
Lamartine e o Sport venceu por 1 a 0, mas o resultado não era o importante.
Pois, foi a participação de
Garrincha no Alecrim que ficou marcado na história.
O estadual daquele ano tinha um
favorito absoluto, o América.
A equipe conquistou o campeonato
de 1967 e montou um time muito forte para a temporada seguinte.
Porém, o alviverde realizou uma
campanha quase perfeita, venceu sete jogos e empatou três.
Essa é a vitória mais importante
da história do clube, porque o Alecrim foi campeão invicto em 1968.
A equipe ainda teve um bom
momento na década de 80, sendo campeão potiguar em 1985 e 1986.
Após essas sete conquistas, o
time nunca mais levantou um título estadual.
A melhor colocação foi um
terceiro lugar em 1990 e 2014.
Com isso, o último grande momento
do alviverde ocorreu em 2009, quando subiu para a série C do brasileiro.
Mesmo assim, é pouco para uma
equipe que jogou algumas vezes a primeira divisão nacional, a última em 1986.
Dessa forma, toda essa história
mostra a importância do Alecrim e necessidade da volta do clube para a elite do
futebol potiguar.
Um comentário:
Um reparo no bom texto: O América retornou em 66 e ficou na terceira colocação no Estadual. Inclusive derrotou o ABC, 2 a O, no turno, e perdeu, 0 a 3. no returno.
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