Imagem: Getty Images
Mark Edmondson, a zebra no Australian Open de 1976
Por Pedro Brandão, do Universidade do Esporte
Um mês antes do Aberto da
Austrália, Mark trabalhava como faxineiro em um hospital de Sydney, mesmo sem
estrutura mostrou seu talento e derrotou grandes nomes do tênis mundial para
conquistar o troféu e se tronar o último australiano a vencer um Grand Slam em
casa.
om apenas 21 anos de idade, Mark
Edmondson era um comum jovem australiano.
Trabalhando como faxineiro em um
hospital de Sydney nem sonhava que em um mês seria uma das maiores zebras de
todos os tempos no tênis mundial ao vencer o Australian Open de 1976.
Vivendo no completo anonimato,
Mark trabalhava nos serviços gerais do hospital onde sua irmã também trabalhava
como enfermeira.
A intenção do jovem era conseguir
dinheiro para viajar até a Inglaterra e disputar o lendário torneio de
Wimbledon.
Por isso, era um caçador de
competições menores, das quais participava em busca das premiações.
Ainda no final de 1975, Edmondson
foi convidado a participar de um torneio na Tasmânia.
Na época o jovem tenista não
figurava sequer entre os 200 primeiros do ranking, mas como alguns
participantes desistiram da competição a organização chamou Mark para completar
o chaveamento.
Se para a organização do torneio
na Tasmânia, Mark era um nome para completar a chave, o tenista não foi ao sul
da Austrália para fazer número.
Jogou sério e foi campeão.
O título lhe rendeu, além da
premiação que era seu objetivo primeiro, um inesperado convite para participar
do tradicional primeiro Aberto do ano de 1976.
O primeiro passo para a zebra
histórica acontecer foi dado ao aceitar participar do Australian Open.
Porém o convite não previa
hospedagem no hotel oficial da competição e nem alimentação.
Mesmo assim, Mark e sua namorada
partiram rumo a Melbourne e hospedaram-se na casa de um amigo, juntos iam todos
os dias de transporte público ao centro de treinamento.
Quando a competição começou, Mark
era sempre o azarão das partidas. Na estreia precisou de cinco sets para vencer
seu adversário e avançar.
Nas fases seguintes a vida do
australiano foi de mal a pior, sempre enfrentando nomes consagrados no tênis
como o finalista de 1974, um campeão júnior do torneio anos antes, um membro da
seleção australiana na Copa Davis e nas semifinais o tetracampeão do Aberto da
Austrália, Ken Rosewall.
A esta altura do campeonato o
reconhecimento chegou e pela primeira vez na carreira, Mark Edmondson ganhou um
patrocínio com direito a roupas e tênis novos cedidos por uma fornecedora de
material esportivo, além de uma proposta de acordo financeiro fixo no futuro.
Mas na seminal a intenção do
jovem atleta frente ao consagrado Ken Rosewall, era não passar vergonha e
perder por pouca diferença. Em uma entrevista anos depois, a recordação de
Mark, ao ver o público presente para a seminal, dá a dimensão da guinada na
carreira:
“Eu estava acostumado a jogar na quadra 27 para um gato ou um cachorro
na torcida e um árbitro. Então aquilo foi impressionante para mim”
Surpreendentemente, Edmondson
precisou de apenas quatro sets para fechar o jogo num tranquilo 3 a 1 e
conquistar sua vaga na finalíssima onde encontraria o atual campeão John
Newcombe.
Sem pressão nenhuma e com o bônus
de ter chegado longe, Mark jogou leve na decisão, forçando o ‘backhand’ que era
a fraqueza Newcombe e venceu o Grand Slam.
Depois do título a carreira
deslanchou e Mark chegou a 10 finais de Grand Slams, até se aposentar em 1987,
foi campeão em 6 finais, vice em outras 4 oportunidades e voltou a ser campeão
no Aberto da Austrália e em Roland Garros, além da semifinal de Wimbledon, em
1982.
Mark Edmondson é o último
australiano a vencer o Australian Open e fazer a festa em casa, desde 1976 um
tabu parece ter se instalado no tradicional primeiro Grand Slam da temporada
anual.
A vida de Mark Edmondson prova
que é possível mudar a própria história mesmo contra adversidades, o rapaz que
limpava o chão e as janelas de um hospital se recusou a aceitar um destino que
não queria para si, em um intervalo de um mês, reescreveu sua história
empunhando raquetes para se tornar um grande campeão.
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