segunda-feira, fevereiro 03, 2020

América perde para o ABC, Waguinho Dias é demitido e Roberto Fernandes assume o comando da equipe americana...

Imagem: Alexandre LagoGE/RN/Reprodução

O ABC do Clássico Rei

No Clássico Rei nº 02/2020, válido pela Copa do Nordeste, o América jogou mal, enquanto o ABC jogou o suficiente para vencer mais uma vez, agora por 2 a 1, e pelos lados alvirrubros, a derrota culminou na demissão de Waguinho Dias

Pedro Henrique Brandão Lopes/Universidade do Esporte

Depois de tudo o que fizeram no primeiro clássico do ano, apenas 10 dias atrás, ABC e América subiram o sarrafo das expectativas tão próprias de encontros entre arquirrivais.

Expectativas criadas nem tanto pelo futebol apresentado e sim muito mais pela emoção, afinal não é todo dia que se vê um 4 a 3 num clássico. 

Entre os mais de 11 mil torcedores que se dirigiram à Arena das Dunas na tarde do primeiro sábado de fevereiro, a busca por adrenalina era uma constante.

E assim que a bola rolou, ninguém pôde reclamar de ausência de emoções. 

Logo no primeiro minuto de jogo, depois de um lançamento despretensioso que partiu da zaga alvinegra para Berguinho, André Krobel falhou na cobertura e o atacante abcedista escapou para cruzar perfeitamente para Wallyson bater de primeira no contrapé de Ewerton e abrir o placar com um bonito gol.

André Krobel estava numa noite infeliz. 

Não conseguiu acertar nenhum cruzamento, perdeu todas as disputas na velocidade, seja ofensiva ou defensivamente, e em raríssimas vezes impediu ataques da equipe adversária.

Waguinho Dias, vacinado e consciente do peso de um clássico, escalou César Sampaio, recém saído de uma lesão, e levou Wallace Pernambucano, outro recém liberado do departamento médico, para o banco de reservas.

Com isso o treinador tinha tudo para organizar seu bagunçado sistema defensivo, que até o primeiro clássico só havia sofrido 2 gols e, desde então, fora vazado 5 vezes. 

Além de, enfim, ter seu homem de referência no ataque para eventualmente utilizar no segundo tempo.

O volante fez o que se esperava e jogou bem, mas o que qualquer um pode constatar é que a defesa do América esfarelou. André Kobrel e Leandro Melo erram uma enormidade de passes e não conseguem retomar a bola quando estão sendo atacados, Renan Luiz, quando acionado, parece queimar com a bola nos pés, além disso, a dupla Nilo e Adriano Alves é de arrepiar os cabelos até do mais calvo americano.

Mesmo com tudo isso, e também por um desleixo do ABC com o jogo, o América não sofreu mais gols, porém era notório que se o time de Francisco Diá apertasse, ampliaria o marcador sem maiores dificuldades.

É bom que se fale em Francisco Diá, porque surpreendentemente o treinador encontrou a melhor formação para seu meio-campo com a improvisação de Cedric no setor.

O Alvinegro foi tão dominante na primeira etapa, que a maior alegria americana foi quando Leílson deu lugar a Wallace Pernambucano. 

Sim, Waguinho Dias não esperou e lançou seu centroavante ainda no primeiro tempo. João Paulo ainda acertou o travessão do goleiro Ewerton, mas os primeiros 45 minutos terminaram com o ABC na frente, vencendo por 1 a 0.

No retorno para o segundo tempo, dois times aparentemente desinteressados. 

Aliás, o ABC desinteressado em matar o jogo, porque o América estava nitidamente perdido no gramado e com uma defesa que parecia piorar a cada ataque alvinegro.

Porém como clássico é clássico e vice e versa, ou como “clássico não se joga, clássico se ganha”, o América precisou de apenas uma bola para empatar o placar. 

Numa cobrança de escanteio, Tiago Orobó se candidatou ao cargo de estrela da noite e, de cabeça, anotou o empate e seu oitavo gol no ano.

Eram jogados 16 minutos da etapa final e o empate seria um resultado espetacular pela bolinha que estava jogando o time alvirrubro. 

Por isso, quando o que se esperava era que o América segurasse com unhas e dentes o empate, apenas 4 minutos depois, saído do banco de reservas, Igor Goularte desbancou Orobó e virou a estrela da noite.

Curiosamente depois de mais um erro defensivo do América. 

Se no primeiro gol alvinegro Krobel falhou na origem do lance, no segundo, depois de um apagão generalizado da defesa americana, o camisa 2 do Alvirrubro simplesmente abandonou a marcação e deixou Igor Goularte “livre, leve e solto” como narrou Matteus Fernandes. 

O atacante não perdoou e bateu de pé direito para colocar o ABC novamente em vantagem.

Foi um balde de água gelada no América, que apenas aceitou ser dominado pelo adversário e o resultado não poderia ser outro. 

O ABC, por outro lado, perdeu o interesse pelo jogo assim que o América não demonstrou mais nenhum poder de reação.

A vitória, ao fim dessa segunda rodada, levou o ABC ao quarto lugar da classificação no grupo A da Copa do Nordeste. 

Enquanto isso, o América é apenas o sexto colocado no grupo B, ainda sem vencer na competição regional.

Como um clássico muda a fase dos clubes. 

Diá que o diga.

O que estava ruim ao apito final, piorou no anúncio das coletivas. 

Pelo ABC, Francisco Diá, o treinador, como de praxe. 

No América, demora e logo em seguida o anúncio de que o presidente Leonardo Bezerra falaria com a imprensa.

Estava na cara que Waguinho Dias havia perdido o emprego e Leonardo Bezerra confirmou isso logo que chegou aos microfones.

A decisão pela demissão escancara três pontos.

Primeiro como o clássico é encarado dentro da direção americana, já que esse é apenas o segundo jogo em que a derrota aparece no ano e foi o suficiente para demitir um treinador que veio como peça principal do planejamento da nova gestão.

Segundo é o tal planejamento que sucumbe ao primeiro tropeço. 

Ao ser perguntado pelo repóter Mallyk Nagib, se não havia sido precipitada a demissão do treinador, Leonardo Bezerra soltou uma frase controversa, o presidente americano respondeu não ter convicção, mas que algo deveria ser feito.

Ou seja, como casa de palha, o planejamento se foi ao primeiro sopro mais forte do lobo mau.

E em terceiro lugar, a declaração do presidente Leonardo Bezerra ao dizer que o futuro do América depende do jogo da próxima quarta-feira e dos 600 mil reais que entrarão nos cofres alvirrubros em caso de classificação frente ao São José. 

O que exatamente quis dizer o mandatário ao falar em “futuro”?

São muitas questões que ficaram no ar assim como trabalho de Waguinho Dias, interrompido precocemente, que deixou clube com 6 vitórias, 1 empate e apenas 2 derrotas, justamente no clássico.


Para terminar a noite, a diretoria americana tratou de trabalhar rapidamente nos bastidores e anunciou Roberto Fernandes para comandar a equipe já na próxima quarta-feira, em Ijuí, no Rio Grande do Sul, contra o São José, pela Copa do Brasil. 

A julgar pela última passagem de Roberto Fernandes por Natal, a decisão da diretoria alvirrubra é bastante questionável.

Um comentário:

wildsonrn disse...

Quem falhou na cobertura do 1º gol foi Adriano Alves e não Krobel