"Mundial bienal? 90% da oposição baseia-se em emoções e não em
fatos"
Por Redação de ‘O Jogo’
FIFA espera mais equilíbrio entre Europa e resto do mundo com mundiais
bienais
O presidente da FIFA, Gianni Infantino, afirmou que a implementação dos
mundiais de futebol bienais pode equilibrar receitas entre a Europa e o resto
do mundo, com todas as confederações continentais recebendo mais do que hoje.
Na sequência dos estudos divulgados pela FIFA, que antecipam uma subida
de 4,4 bilhões de dólares (3,9 bilhões de euros) com receitas de
bilheteira, patrocínios e direitos de transmissão televisiva com mundiais de 48
seleções, de dois em dois anos, e um impacto total de 180 bilhões na economia
global, o dirigente salientou que o aumento do "bolo" pode
diminuir o "fosso" entre a Europa e o resto do mundo.
“70% dos lucros em jogos internacionais de seleções ficam na Europa. E
30% das receitas vai para o resto do mundo, que inclui cerca de 160 seleções.
Com a nossa proposta, temos uma distribuição de 60% para a Europa e de 40% para
o resto do mundo. Mas a Europa faz mais dois bilhões de dólares do que hoje,
com os 70%”, disse, na
coletiva de imprensa que acompanhou à reunião que contou 207 das 210
federações nacionais que compõem a FIFA.
Com maiores rendimentos, acrescentou Infantino, a FIFA pode encurtar a
margem que separa “ricos e pobres”, “grandes e pequenos”, ao incluí-los no “desenvolvimento do futebol pelo mundo inteiro”.”
“Organizamos um pouco mais de 1% de todos os jogos oficiais de futebol,
mas estamos utilizando o dinheiro para investir no futebol de forma global.
Temos de pensar numa solução que beneficie todos sem prejudicar ninguém”, frisou.
Infantino defendeu ainda que o “prestígio dos mundiais de futebol”
reside “no impacto que têm no mundo”, com quatro bilhões de pessoas a
assistirem, e não na frequência com que se realizam, tendo lembrado que apenas
20% dos membros da FIFA participam, com os restantes 80% a “vendo pela
televisão”.
No âmbito da transformação do calendário apresentada em setembro, com uma
“janela” prolongada para as competições de seleções, em outubro e
novembro, o presidente da FIFA sugeriu ainda que a Taça das Nações Africanas
(CAN) pode vir a realizar-se em outubro e o fato de o mundo do
futebol ver hoje a realização da competição no inverno como “um problema”.
“Há uns anos, ninguém quereria saber se a CAN era disputada em janeiro ou
em fevereiro. Hoje os jogadores africanos estão em equipes europeias de primeira
linha e precisam se afastar meio das competições”, observou.
Questionado sobre o momento em que a FIFA pretende tomar a decisão quanto
à mudança do calendário competitivo internacional, o presidente afirmou que o
organismo vai “demorar o tempo que for preciso”, tendo reconhecido que "há
muita oposição", mas também "imensas vozes a favor".
Ao lado de Gianni Infantino, o ex-treinador treinador do Arsenal Arsène
Wenger disse que “90% da oposição se baseia em emoções e não em fatos” e
ainda que é preciso garantir “educação e competição de topo” no desenvolvimento
dos jovens futebolistas, para que a modalidade propicie cada vez mais “eventos
com significado”.
“Há procura na sociedade, principalmente entre os mais jovens, por eventos com significado. Se o futebol não os criar, outro esporte vai fazer”, avisou o francês, atual diretor da FIFA para o desenvolvimento global e responsável pela transformação do calendário competitivo.
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