“Ser trabalhador migrante no Catar é viver quase na escravatura”
Redação com Lusa para o Jogo
Organizações de defesa dos direitos humanos insistira na necessidade de
exigir mais direitos para os trabalhadores migrantes empregados nas obras para
o Mundial de 2022, no Catar, e pediram a colaboração de jogadores e
patrocinadores nesse processo.
“Quase 11 anos depois de ganhar o direito de organização do Mundial o
Catar, continua a violar os direitos dos trabalhadores migrantes, e isso vai
desde o número de horas excessivas de trabalho ao confisco de passaportes”, afirmou Hiba Zaydan, da Human Rights Watch (HRW).
Num evento online, exclusivo para imprensa, Minky Worden, também da HRW,
considerou “bastante insuficientes” as reformas feitas no Qatar, “muitas
devido à pressão internacional” e admitiu que a um ano do evento, que
deverá acontecer entre 21 de novembro e 18 de dezembro de 2022, o problema “até
poderá agravar-se”.
“Os jogadores não vão querer jogar num estádio em cuja construção
morreram vários trabalhadores, os espectadores também não vão querer sentar-se
nesse recinto, pelo mesmo motivo”, disse, apelando à necessidade do envolvimento de todos na resolução do
problema.
Nicholas McGeehan, da plataforma jurídica FairSquare, considerou que os atletas,
a FIFA e os patrocinadores “têm um papel importante”, admitindo a
possibilidade de “compensar os trabalhadores e as famílias dos que morreram”.
“Ser trabalhador migrante no Catar é muito ruim, é viver quase num
sistema de escravatura”, afirmou McGeehan, lembrando que os “migrantes estão longe dos seus
países e sem qualquer apoio”.
May Romanos, da Amnistia Internacional, afirmou a existência de contatos
com o Sindicato Internacional de Futebolistas Profissionais (FIFPro) para os
informar sobre o problema.
“Os jogadores estão obrigados a competir, mas não estão impedidos de
falar”, disse May Romanos,
destacando a importância de uma “pressão conjunta”.
Em nome da HWR, Minky Worden, questionou o facto de as próximas duas
grandes competições mundiais - os Jogos Olímpicos de Inverno Pequim de 2022 e o
Mundial, se realizarem em dois países que “violam os direitos humanos”.
“Estas competições dão reconhecimento global aos países e são muito
importantes para áreas como o turismo. Todos sabem que isso vale muito, mas é
feito à custa dos direitos de outros”, afirmou.
Em fevereiro passado, o jornal britânico The Guardian revelou que mais de 6.500 trabalhadores migrantes morreram no Catar, desde a indicação em 2010 da organização do Mundial, número que foi desmentido pelas autoridades do país.
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