Estava na FNF (Federação Norte-Rio-Grandense de Futebol), quando fui surpreendido pela informação de que a repórter Liziane Virgilio, havia sido verbalmente agredida no CT do América, por um grupo de jogadores que lá estavam para tratar de suas dispensas do elenco americano.
Como já passava das 18 horas, tomei o caminho de casa para tentar me inteirar melhor do ocorrido.
Ao chegar, liguei para César Virgilio, pai de Liziane e comentarista de arbitragem da Rádio Globo e perguntei o que havia acontecido, mas para minha surpresa, César nada sabia, porém, me ouviu e disse que iria contatar Liziane e depois, me retornaria a ligação.
Creio que uma hora depois, César retornou e, mais aliviado, colocou Liziane para conversar comigo...
Calma como sempre e equilibrada como de costume, Liziane me contou que ao chegar ao CT americano, fez o que faz todo reporte, solicitou ao seu câmera que fizesse imagens de apoio para sua matéria.
O câmera, bom profissional que é, percebeu um grupo de jogadores sem uniforme e sentados distantes do grupo, e foi filmá-los (é bem provável que Liziane fosse entrevistá-los posteriormente).
Mas, ao se aproximar, foi recebido de maneira ríspida por Marcelinho, que em voz alta disse: “não vai filmar aqui não, ninguém vai ser filmado aqui”.
Diante da recepção pouco amistosa, o câmera, manteve a máquina ligada (como mandam os bons manuais) e afastou-se.
Não satisfeito, Marcelinho levantou-se e seguido por Marcão, foram em direção a Liziane, que agora, filmava de longe o trabalho que estava sendo realizado...
Ao se aproximar, Marcelinho começou a dizer desaforos para Liziane, enquanto o tal Marcão, se postou de braços cruzados ao lado do câmera, em clara posição de intimidação.
Equilibrado e calmo, o profissional da Inter TV Cabugi, permaneceu ao lado de Liziane, sem dizer absolutamente nada.
Mas, Marcão, sempre ameaçador, saiu do local onde estava e ficou na frente de Liziane parado olhando-a...
Foi então que pela primeira vez Liziane se manifestou e disse: “eu não preciso de segurança aqui”.
Marcão com ar de cinismo, respondeu: “eu não estou aqui para lhe dar segurança” e, Liziane então, retrucou: “pois saia de perto de mim”.
Quando já se retiravam, Marcelinho e o tal Marcão, saíram correndo e por trás dos portões que estavam fechados, voltaram a gritar ofensas e provocar a repórter e seu câmera.
Perguntei a Liziane o que haviam dito os dois, e ela, riu e disse: “besteiras Fernando, ofensas ridículas e estúpidas”.
Insisti e foi aí, que pela primeira vez em nossa conversa, mostrou indignação e raiva e me contou que Marcelinho, gritou: “já fiz minha vida e, já tenho minhas coisas, mas, você e ele (o câmera), são dois passa fome e vão morrer ganhando esse salário de merda”!
Calada, Liziane continuou seu caminho, mas ainda ouviu quando Marquinhos a chamou de “vaca”.
Bem, eis uma situação em que me sinto livre e a vontade para comentar, pois, Liziane Virgilio foi minha estagiária na TV Universitária, quando lá trabalhou, tanto no jornal, como no TVU Esporte.
Formada, aliás, brilhantemente formada, Liziane, sempre se comportou de maneira equilibrada, sensata e profissional, creio que a maior prova de sua competência, seja o fato de ter passado imune a onda de demissões que atingiu a Inter TV.
Na TV Universitária, Liziane nunca criou qualquer problema e sempre, trabalhou com afinco e dedicação...
Amiga, bem humorada, gentil, carinhosa, afetuosa, educada, prestativa e correta nas suas relações pessoais e profissionais, Liziane, não merecia tal agressão...
Não mesmo!
Vou evitar buscar culpados, mas duas coisas não deixarão de se escritas...
A primeira é que, se os homens que estavam no CT do América, impusessem com suas presenças, respeito e zelo pelo clube e por sua história, dificilmente, alguém ousaria desrespeitar quem quer que fosse, e a segunda, é dizer a Marcelinho que ele tem razão...
A imprensa do Rio Grande do Norte, realmente ganha muito mal perto do que ele ganhou no América e na maioria dos clubes onde passou, mas há uma diferença clara, que ele não consegue perceber: daqui a 30 anos, Liziane Virgilio será jornalista e possivelmente, estará num patamar bem mais alto...
Já ele, se não voltar aos bancos da escola e exercitar neurônios, estará relegado ao esquecimento e de volta a o lugar de onde saiu.
Para encerrar, meu repudio aos que gostam de repetir essa pérola: “jogador de futebol, não é para casar com minha filha e sim para jogar bola”...
Desculpem, mas o mundo mudou e clubes de futebol, não podem ser valhacoutos de delinqüentes, marginais e desajustados.
Não estará na hora de se exigir exames psicotécnicos e um mínimo de escolaridade para boleiros?
Hendrik Johannes Cruijff casou com a filha do presidente do Amsterdamsche FC Ajax e ao que consta, ainda vive com a mesma mulher.
Cruijff, também, freqüentou escola e sempre tratou a bola com intimidade e afeição.
Minha solidariedade a Liziane Virgilio e a sua família.