Vou meter o bedelho numa polemica, aliás, desnecessária polêmica, pois o post de Ricardo Silva em seu blog, tratando dos mascotes dos clubes locais não me pareceu ter nenhuma intenção de desmerecer os que aí estão, apenas, Ricardo foi coerente com sua suas posições repletas de exagerado ufanismo e defesa intransigente do que ele chama de “pátria nordestina” (escrevo isso com a maior tranqüilidade, pois numa conversa, já o “acusei” de exageradas “patriotadas”, e essa conversa, não causou nenhum estremecimento entre nós, muito pelo contrário, foi uma conversa entre duas pessoas adultas com visões diferentes).
Entendi que Ricardo como todo bom nacionalista radical (Ariano Suassuna é o ícone dos radicais nacionalistas brasileiros), contestou segundo sua visão, o elefante, o Leão, o Dragão e até mesmo o príncipe, mas em nenhum um momento, depreciou ou repudiou nenhum desses mascotes ou símbolos...
Senti apenas, que Ricardo gostaria de ver representando clubes nordestinos, animais nordestinos...
Ricardo deve ter imaginado a Arara azul de lear, o Mocó, o Tamanduá, o Tatu bola, o Queixada, o Soim de coleira e muitos outros animais típicos de nossa região...
Ricardo mostrou estranheza em relação ao Elefante que classificou como um animal nativo da África (na Ásia também existem Elefantes) e, tentou mostrar que a torcida do ABC, por ser nordestina, bem poderia ter escolhido um animal típico do Rio Grande do Norte...
Fez o mesmo em relação ao Leão (Ricardo os mostrou como oriundos da África, mas originalmente, os leões habitaram a África, o Oriente Médio, a Pérsia, a Índia e na Europa, viveram entre Portugal e a Bulgária e entre sul da França a Grécia), ao Dragão e o Príncipe, usado como símbolo do Potiguar de Mossoró...
Entendi a postagem de Ricardo Silva, como uma defesa de uma posição ufanista e só!
Mas, vou me posicionar a respeito do "polemico" tema...
Pois bem, vamos por partes:
Em relação ao Elefante, não tenho como concordar com o Ricardo, pois a escolha do animal é uma clara alusão ao formato do desenho do mapa do Estado do Rio Grande do Norte e, devo confessar, acho a escolha extremamente criativa...
Já o Dragão usado pelo América, foi segundo sei, uma saída para as criticas azedas, vindas de setores retrógados ligados a igreja que condenavam o Diabinho, que era o mascote inicial do clube (possivelmente, uma cópia do símbolo do América carioca, equipe fundada em 1913, isto é, dois anos antes do América de Natal).
Mesmo sendo um mito, o Dragão sempre esteve presente no imaginário humano, sua presença é anterior a idade média – representações do animal mitológico datam de 40.000 a.C e, se para os católicos da idade média, o Dragão representava um símbolo do mau, para os chineses, ele tinha uma imagem bastante positiva, tanto é verdade, que é o Dragão o símbolo nacional do país.
O Dragão era para os Apaches e para os povos pré-colombianos, um símbolo de força, liberdade e fertilidade e no Brasil, sua figura é representada no nosso folclore como o Boitatá, uma cobra gigantesca que cospe fogo e defende as florestas daqueles que a incendeiam...
Portanto, a torcida americana, não foi buscar no exterior seu símbolo maior.
Em relação ao Leão, creio que por mais que não pertença a nossa fauna, o animal é usado por inspirar poder, ferocidade, bravura e por sua figura imponente – não vejo como substituir no imaginário de nenhum torcedor, um Leão por um Jabuti, uma Marinha farinha ou um Carcará...
Em relação ao Príncipe, usado pelos mossoroenses, tentarei um explicação, mesmo correndo o risco de estar redondamente enganando: talvez chamar o Potiguar de time Príncipe, tenha como fundo, a idéia de fidalguia, nobreza e aristocracia, como maneira de diferenciá-lo dos demais.
Mascotes são símbolos que calam fundo no imaginário das pessoas, mesmo que sejam contraditórios, como o é, o símbolo do Corinthians Paulista – um mosqueteiro, personagem de Alexandre Dumas, um francês, que representa um clube fundado por operários paulistas, encantados com o nome do clube inglês, Corinthian FC, que visitou o Brasil em 1910 e que depois, em 1939, transformou-se no Corinthian Casuals FC, que hoje, disputa as divisões amadoras de Inglaterra.