quarta-feira, agosto 29, 2007

Para J Gomes e a quem mais interessar possa...

É comum ao se defender alguém exaltar suas qualidades, rasgar elogios, exagerar seus feitos e florear suas ações. Farei isso também, mas farei depois de enumerar seus defeitos...
Meu companheiro de imprensa esportiva J. Gomes, você tem defeitos. Muitos... E assim como os meus, seus defeitos encheriam o Maria Lamas Farache e o Machadão. Você é ansioso por demais, você é exaltado, extremado, às vezes até ríspido... Você foi pouco cuidadoso com sua saúde frágil, brincou de roleta russa com a morte e quase perdeu. Você em sua trajetória sempre foi um amador, não no sentido irresponsável de palavra, mas no sentido de quem fez e faz por amor. E esse meu caro J Gomes é um defeito imperdoável, pois os apaixonados são temerários, são seres insanos que inebriados pela paixão caminham vendados na borda dos abismos.
É possível que você tenha outros defeitos, defeitos que só os mais íntimos conheçam. É possível que você seja perverso, cruel e que o lado obscuro de sua alma se exposto a luz venha a causar horror... Tudo em todos nós é possível meu caro amigo.
Li seu desabafo e confesso que fiquei comovido, pois imaginei sua frágil figura tomada de espanto e indignação diante da agressão despropositada... Tentei lembrar quando, onde e como nos conhecemos. Desculpe, mas não consegui. Aí fiz uma enorme força para recordar algum momento que desabonasse sua conduta para comigo, também não consegui. Mas, lembrei de seu jeito melo dramático, do seu sorriso largo, de suas tiradas humoradas, mordazes, irônicas e inteligentes... Lembrei de você, microfone em punho a caçar malfeitores. Lembrei de seus cabelos compridos, da gravata que sempre parecia maior que você e de sua expressão ao encerrar na marca da exclusividade suas matérias... Lembrei de quando soube de sua hospitalização, dos comentários que diziam serem poucas suas chances de sobreviver...
Mas você sobreviveu meu amigo... Sobreviveu por que o Deus dos homens, dizem ser condescendente com os poetas, os apaixonados, os insanos, as crianças, os bêbados e os irresponsáveis. O Deus dos homens não permitiria que um insano como você morresse de uma forma tão banal...
E já que estamos vivos e que vivos ainda podemos dizer o que pensamos, me permita lhe dizer mais algumas coisas. Não se sinta humilhado, não se sinta menosprezado e nem pense que sua dedicação foi em vão. Sabe meu caro amigo, existem apenas dois tipos de homens, os que bradam do alto de um degrau e os que sussurram ao pé de uma montanha. Assim são os homens, assim eles se comportam...
Porém, se entre tantos um ou outro ousar tratar a todos como iguais, se não se curvar diante dos podres poderes, se não vender sua dignidade por espelhinhos e miçangas, verá cair sobre si o vomito fétido dos imaginam que aquele degrau de que falei acima, os torna alguém ou alguma coisa.
Não se importe meu caro amigo, os que berraram e tremularam seus míseros 500 reais, são os mesmos que diante da montanha caem de joelhos e sussurrando imploram por sua proteção. Feliz de você J Gomes, que pode pegar seu boné e sair de cabeça erguida. Infeliz do ABC que é obrigado a conviver com hienas, abutres e chacais a devorar pelas beiradas o que poucos lutaram tanto para construir.

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