domingo, dezembro 09, 2007

Algumas considerações sobre a entrevista do Presidente do América ao Jornal O Poti...

Li a entrevista do Presidente do América Gustavo Carvalho, dada ao Jornal O Poti nesse fim de semana e sobre ela farei algumas considerações.
Quando perguntado sobre os motivos da queda do América, o Presidente lançou mão do velho, surrado e vazio chavão: “por diversos fatores”.
Creio que como “chefe supremo” do clube rubro, ele poderia enumerar item por item os motivos e indicar seu grau de responsabilidade em cada um deles.
Na mesma pergunta, Gustavo Carvalho voltou a afirmar que além “dos diversos motivos”, a cruel regra do Clube dos 13, impõem o que ele chamou de “tratamento desigual”...
Será que na condição de empresário, Gustavo Carvalho faz uma equânime partilha dos recursos obtidos em seus negócios? Não seriam também os grandes blocos que participam da festa promovida pela empresa de Gustavo Carvalho, tratados de forma “diferente”? Ele paga ao Chiclete com Banana o mesmo valor que paga a Pedrinho Mendes?
Portanto, esse discurso é apenas um sofisma cheio armadilhas para conquistar a patuléia. Gustavo sabe que tudo na vida tem seu valor baseado no valor que agrega e não em critérios emotivos ou de justiça.
Na Avenida Paulista, assim como na Wall Street, o peso de cada pessoa, empresa ou país, equivale ao peso em dólares que cada um possa trazer aos investidores.
Sobre suas explicações a respeito do que ele considera como maior erro da diretoria, não tem muito que comentar. Gustavo fala em vaidade imperceptível e na demora em percebê-la, fala também que essa vaidade acabou levando a dispensa de dois profissionais que haviam colaborado com o clube nos anos anteriores...
Faltou apenas, o Presidente acrescentar que junto com a vaidade, sua gestão foi acometida de outras “doenças” igualmente perigosas, tais como: arrogância, prepotência, empáfia e a síndrome da invencibilidade.
Porém, nada foi pior que a inação diante da derrocada que se avizinhava.
Questionado sobre o desmonte do time às vésperas do Campeonato Brasileiro e sobre a dispensa do Goleiro Fabiano, Gustavo disse que “o time dispensado não tinha sangue” e que era irresponsável.
Penso diferente, mas respeitarei o ponto de vista do Presidente. Em relação ao goleiro Fabiano, o Presidente afirmou que o goleiro foi dispensado por indisciplina e que por não aceitar quebra de hierarquia e indisciplina, dispensou o atleta.
Mas ao ler o exemplo dado por Gustavo como sendo um ato de indisciplina do goleiro Fabiano me assustei... “Na única vez em que foi para o banco de reservas, ficou sem falar com os colegas”.
Se bem me lembro dos conceitos de quebra de hierarquia e de indisciplina, que me foram ensinados por meu avô general e meu pai coronel, a atitude de Fabiano não se enquadra em nenhum deles.
No máximo poderia ser taxado de atitude infantil, deseducada ou fruto da falta de preparo para lidar com a adversidade. Nunca como indisciplina ou quebra de hierarquia.
Bernd Schuster, que hoje é técnico do Real Madrid passou anos sem falar com o treinador da seleção alemã e nunca deixou de ser convocado por isso.
Eu mesmo trabalhei alguns anos na extinta Fundação de Assistência ao Estudante, com um chefe a quem nunca dirigi a palavra, mas nem por isso, fui transferido ou ameaçado. Ele me designava tarefas e eu as cumpria.
Ou Gustavo achou o exemplo errado, ou o que ouve mesmo foi um choque de vaidosos e aí, ganhou o vaidoso que pagava.
O final da entrevista é dedicado a explicações contábeis e administrativas referentes à sua gestão...
Nesse ponto encerro minhas considerações, pois não tenho nenhuma informação para embasar qualquer comentário, assim como considero uma questão interna do clube e que deve ser discutida intramuros.
Gustavo encerra agradecendo o apoio que recebeu de diversas pessoas e da imprensa (não creio estar incluído) por terem contribuído para que o balanço final de sua administração fosse positivo.
Aí também discordamos, mas não vale à pena ir além, já que nosso conceito de positivo não é o mesmo.
No mais, desejo com toda sinceridade que Gustavo Carvalho seja muito feliz em sua vida pessoal e que esses anos à frente do América, tenham sido proveitosos no sentido de torná-lo um homem ainda melhor.

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