Sempre haverá um idiota para justificar a idiotice...

Celtic x Rangers, Real Madrid x Atlético de Madrid, Roma x Lazio, Internazionale x Milan, Torino x Juventus, Sevilla x Real Bétis, Arsenal x Chelsea, Manchester City x Manchester United, Bayern München x München 1860, Partizan x Crvena Zvezda, CSKA x Levinsk, Benfica x Sporting, Boca Juniors x River Plate, Nacional x Peñarol, Olimpia x Cerro Porteño, Vasco da Gama x Flamengo, Corinthians x Palmeiras, Internacional x Grêmio e Cruzeiro x Atlético.
Todos os clássicos citados acima têm com América e ABC algo em comum, são clássicos de uma mesma cidade e envolvem multidões.

Existem casos em que esses clássicos do futebol, vão além do esporte e acabam por misturar religião, política, etnia, classe social e uma infinidade motivos toscos, para justificar ações violentas e discriminatórias.

E é sobre o mais ferrenho clássico do mundo que escrevo hoje.

Na Escócia, Celtic e Rangers fazem o clássico mais explosivo do mundo. Fundado em 1873, o Rangers representa a comunidade protestante que apóia o Reino Unido e sua Monarquia, enquanto o Celtic é um clube de origem católica irlandesa e italiana, que representa as tradições republicanas dessas populações.
Seus encontros são marcados por forte tensão e vigoroso aparato de segurança é montado durante a semana que antecede o jogo. Até mesmo os serviços secretos de Irlanda, Escócia e Inglaterra, monitoram as movimentações em torno da partida.
Por manter fortes laços religiosos e culturais com a Irlanda, o Celtic costuma trazer desse país inúmeros torcedores, que se deslocam em direção a Escócia para incentivar o clube.
Esses torcedores, normalmente acabam se envolvendo em distúrbios e provocando verdadeiras guerras por onde passam.
Filhos da Irlanda livre vêem no Celtic sua bandeira contra a Inglaterra, os protestantes e a monarquia. Não raro, após cada encontro entre Rangers e Celtic, a Irlanda do Norte (Ulster para os britânicos) é palco de confronto entre católicos e protestantes.

Porém o mais interessante nessa intrincada história é que, mesmo dentro da Escócia, existem os que torçam o nariz para ambos, pois devido à forte identidade estrangeira que Celtic e Rangers possuem os clubes e seus torcedores, são vistos como mais leais a Irlanda e a Inglaterra que a própria Escócia.
Como o campeonato escocês só é disputado por 12 clubes e tem quatro turnos, Celtic e Rangers se enfrentam no mínimo quatro vezes por ano.
Mas ainda existe a possibilidade de virem a se encontrar nas partidas válidas pela Copa da Escócia.
Apesar dos esforços para se mudar essa mentalidade, o jogo ainda é considerado o mais perigoso do mundo e para se ter uma idéia da força desse ódio, a torcida do Rangers não vaia a entrada do Celtic em campo...
Levanta-se e grita a pleno pulmões: “Foda-se o Papa”!
Em resposta, os católicos cantam canções que falam em pendurar crianças protestantes pelos pés, cortar seus pescoços e depois desfilar pelas ruas de Glasgow com o sangue de suas vitimas pouco abaixo de seus joelhos.
E ainda dizem que a torcida Inferno Coral, Mancha Verde, Gaviões da Fiel, Máfia Vermelha e Garra Alvinegra são preocupantes...
Na verdade são todos bandidos e como tal devem ser tratados. Lá a desculpa para a intolerância, estupidez e barbárie, se apega a razões históricas, culturais, religiosas e políticas.
Aqui, são apenas bobalhões que se utilizam das bandeiras dos clubes para dar vazão aos seus recalques e índole doentia.