terça-feira, junho 29, 2010

Paraguai 0x0 Japão - nos pênaltis: Paraguai 5x3 Japão...

Imagem: AFP


Imagem: L'Equipe



O desenrolar da partida entre Paraguai e Japão pode ser definido como sonolento, aborrecido e tedioso...

Paraguaios e japoneses mais brigaram contra a bola e pela bola que qualquer outra coisa...

Chutões, empurrões, encontrões e muitos, muitos passes errados.


No fundo ninguém tentou nada, ou talvez, seja melhor dizer: ninguém apostou em si mesmo e ambos preferiram deixar rolar o tempo para então, decidir tendo o imponderável como juiz.


A prorrogação foi cópia exata do tempo normal, talvez mais tensa no sentido de evitar o erro – os contendores sabiam que levar o gol nesse período seria o fim, pois estavam cientes da sua incapacidade de reverter à desvantagem.


Terminado os 120 minutos pré-estabelecidos pelas normas e regulamentos da competição, veio o momento mais emocionante do jogo: a disputa do destino de cada um, não pelo coletivo, mas sim, pelo individual.


O pênalti é a individualidade levada ao extremo: goleiro e batedor estão sós, sem ter com quem contar e nem em quem se apoiar...


A escolha errada, a desatenção e o desequilíbrio emocional por menor que seja, é fatal...


Caminhar entre a linda que divide o campo até chegar à marca fatal é certamente andar ao lado do fracasso e da consagração – “companheiros” sisudos que marcham silenciosos sem expressar nenhum sentimento.


Ter a bola às mãos no momento de arrumá-la na marca fatal é já ter tomado a decisão...


Correr para o chute e esperar aflito, os “eternos” segundos da trajetória que levará a bola, ou as redes, ou a trave, ou as mãos do goleiro, ou ao nada; é a agonia suprema...


Por fim, vê-la aninhada e aconchegada dentro do gol é glória...


Mas, vê-la ser lançada pelo impacto com a trave a distancia, ou mansa e dócil nos braços do goleiro ou então, sumir no vazio; é sentir o mundo desabar sobre os ombros, é saber que tudo feneceu num curto espaço de tempo...


Komano do Japão e Cardozo do Paraguai, hoje sentiram exatamente isso...


Ao fim, não foi preciso ser paraguaio ou japonês, para sentir uma ponta de emoção e um nó garganta...


Não posso deixar de admirar a postura do treinador nipônico, Takeshi Okada: racional, enfrentou com altivez a derrota...


Aparentemente frio, sofreu consigo mesmo a dor de ver perdida a chance de poder estar entre os grandes...


Cumprimentou seus comandados como fazem os grandes comandantes: cada um fez o que lhe foi pedido para fazer e, Takeshi Okada aos lhes estender às mãos, assumiu a responsabilidade pelo sonho perdido.


Não há como não sentir o peito apertar diante das lágrimas convulsivas de Gerardo Martino, treinador do Paraguai...


O desabar emocional de Martino, deixou claro a pressão sofrida e a certeza de que muito tempo há de passar, até outro vá mais longe do que ele foi.



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