domingo, junho 26, 2011

O preço de antes, já não vale mais...


Copa 2014: Pesquisa comprova crescimento dos orçamentos.

Por José Cruz.

Especial para o Contas Abertas.


As previsões se confirmam: os valores das reformas e construções de estádios para a Copa 2014, divulgados na candidatura brasileira, em 2007, saltaram de R$ 2,1 bilhões para mais de R$ 7 bilhões, a três anos do megaevento.


A divulgação desses valores é oportuna porque nos reporta aos Jogos Pan-Americanos, no Rio de Janeiro, em 2007, quando se registraram gastos totais de R$ 3,4 bilhões, segundo o Tribunal de Contas da União (TCU).

O orçamento original para preparar o evento era em torno de R$ 450 milhões.

A evolução orçamentária para a Copa 2014 chama a atenção de um estudioso sobre o assunto, o consultor legislativo do Senado Federal, Alexandre Sidnei Guimarães, que redigiu um importante documento para a história do esporte em geral e da economia da Copa do Mundo no Brasil, em particular.

Especialista nas áreas de Esporte e Turismo, Alexandre também acompanha os deputados da Comissão de Esporte, na visita às cidades sedes para 2014. Até agora, cinco já foram visitadas: Manaus, Recife, Belo Horizonte, Curitiba e Porto Alegre.

A partir do material que coleciona, das entrevistas realizadas, pesquisas em diferentes sites oficiais sobre o assunto, o autor apresenta valores comparados, por exemplo, aos gastos realizados nas Copas da Coréia e Japão, em 2002, e projetados para a candidatura de Portugal e Espanha para as Copas de 2018 e 2022.

Atento principalmente às planilhas de execução orçamentárias, Alexandre lembra que as previsões de gastos com estádios tiveram um valor intermediário, em torno de R$ 4,3 bilhões. O dado foi divulgado dois meses depois de o Brasil conquistar o direito de receber o Mundial.

Ou seja, entre a candidatura brasileira, há quatro anos, e as obras em andamento, três estimativas de gastos já foram registradas.

O que houve?

“Menos de dois meses depois da candidatura, a estimativa total ficou acima de R$ 4,3 bilhões (cerca de US$ 2,5 bilhões, à época), porque o total se referia ao investimento em 17 estádios. Ou seja, estimativa com todas as cidades que concorriam à sede da Copa. Menos uma, Belo Horizonte, pois o governo não prevê os investimentos nas obras do Mineirão”, explicou Alexandre.

Ele revela ainda que de janeiro ao início de junho de 2011, o investimento total já estava em cerca R$ 7 bilhões, segundo o TCU.

Para Alexandre, é impossível saber de forma precisa se o superfaturamento foi subestimado.

Por quê?

“Porque não há transparência total nos dados e estágios das obras nem nas tão proclamadas novas exigências pela FIFA. Quais são essas exigências e em quanto aumentam os custos”?

Em janeiro deste ano, o Ministério do Esporte divulgou documento sobre os impactos econômicos gerados pelo efeito Copa.

A previsão governamental é de que os investimentos totais serão de R$ 24,5 bilhões, em projetos de mobilidade urbana, estádios, portos e aeroportos.

Somente com “estádios e entornos” a previsão governamental é de R$ 5,6 bilhões, sendo que os recursos têm as seguintes origens: R$ R$ 2,6 bilhões locais (prefeituras das 12 cidades sedes) e R$ 3 bilhões de financiamentos federais.


Um comentário:

Carlos Henrique disse...

Dá uma olhada aqui, amigo e se impressione: http://www.coface-arena.de.

Este é o novo estádio do Mainz 05 da Alemanha. Está sendo construído para ter capacidade para pouco mais de 30 mil pessoas, mas com todo o conforto e infra-estrutura que o torcedor merece após pagar caro pelo ingresso. Um adendo: o estádio usará energia solar através de placas fotossensíveis no teto para não consumir energia elétrica e poupar o meio ambiente. E mais, a energia excedente será cedida para alguns bairros da cidade.

Sabe quanto a bagatela desse estádio novo? 170 MILHÕES DE REAIS! ISSO MESMO! Incluindo infra-estrutura interna e externa e salários de trabalhadores (em torno de R$ 5 mil em média).

E o Arena das Dunas? Mais de R$ 400 MILHÕES! O que dizer disso, né?! Uma vergonha, falta de respeito para conosco que pagamos nossos impostos. Políticos sem seriedade e que não respeitam seu povo são assim mesmo. Mas até que a população merece que eles tripudiem, sabe? Já que nas próximas eleições os mesmos que superfaturam um estádio e deixam os serviços básico para a população à míngua serão reeleitos...