quarta-feira, fevereiro 22, 2012

Meu gosto por história, um cadeado e o museu do Barcelona...



Gosto de história e, por consequência, gosto de museus...

Sempre que entro em um, me dou ao luxo de passar um bom tempo admirando cada objeto...

Certa vez, me deparei com um cadeado...

O fato aconteceu em Manaus, mas precisamente no antigo quartel da polícia militar, um prédio antigo, que senão estiver sendo traído pela memória, teve sua construção concluída em 1874...

Denominado de Palacete Provincial, o prédio serviu inicialmente para abrigar algumas repartições públicas e a Assembleia Provincial, mas posteriormente foi entregue a Policia Militar e por mais de cem anos, ficou conhecido como o Quartel da Policia Militar...

Hoje, o velho prédio localizado na Praça Heliodoro Balbi, voltou a ser chamado de Palacete Provincial e, sob a administração da Secretaria de Cultura do Estado do Amazonas, abriga alguns museus em seu interior.

Mas voltemos ao cadeado...

O ano era 1981, e eu, estava na capital amazonense prestando assessoria ao comandante geral da PM, Coronel Guilherme Vieira dos Santos.

Encontrei o tal cadeado na sala da quinta seção, setor responsável pelas relações com a imprensa e público externo.

Curioso, questionei sobre o objeto...

Foi o Coronel PM Hélcio Motta, subcomandante e mais tarde, substituto do Coronel Guilherme, demitido pelo então governador Paulo Pinto Neri, por não se submeter aos desejos do governador em transformar a PM em cabo eleitoral da situação nas eleições para o governo do Estado em 1982, quem me falou sobre o cadeado...

Segundo o relato, o cadeado teria sido o primeiro a ser usado para trancafiar uma das celas localizadas no porão do edifício e que há muito, estavam desativadas.

Alguém, por razão desconhecida havia guardado o objeto.

Lá estava ele, enferrujado, feio, grande, pesado, mas, símbolo de uma época...

Desde então, passei a manusear o cadeado quase todos os dias...

Imaginava o que teria visto e ouvido, durante todos aqueles anos...

Quantos soluços, dores, lamentações e horrores, o velho cadeado presenciou.

Ao mesmo tempo, imaginava quantas confissões arrancadas a pancada, devem ter sido gritadas por alguém incapaz de suportar o insuportável...

Mas, por outro lado, tentava visualizar quantos fora da lei perigosos e cruéis, devem ter se desmanchado em anjos de candura no velho calabouço...

Claro, que não deixei de imaginar também em meus devaneios, homens duros, corajosos e determinados, a suportar a força do braço armado do Estado e dele debochado...

Tinha que ser corajoso ou louco o bastante para enfrentar a polícia do início do século XX na umidade, na escuridão e na solidão das celas que ironicamente, eram apelidadas pelos policiais, de “Consul”.

Essa sempre foi minha reação diante dos velhos objetos que para muitos, são apenas velharias carcomidas pelo tempo...

Objetos que se pudessem falar ou escrever, contariam uma história bem diferente das versões dos vencidos e dos vencedores...

Contariam a verdade.

Pois bem, hoje, me deparei com uma informação bem interessante...

O ano de 2011 representou para o Museu do Barcelona mais um recorde quebrado.

Passaram por lá, 1.626.990 pessoas...

Ufa!

Esse número supera o recorde anterior de 1.397.574, obtido em 2007.

Mas, a atração que o museu do Barcelona exerce sobre gente do mundo todo, só pode ser compreendida, ao comparamos o numero de visitas que recebe com o numero de visitantes de outros museus.

Em 2001, o museu do Barcelona foi o terceiro museu mais visitado da Espanha...

Ficou atrás do Museu do Prado (2.911.767 visitantes) e do museu da Rainha Sofia (2.705.529 visitantes)...

Na Catalunha, superou todos os outros museus importantes, o Picasso de Barcelona e o Salvador Dali de Figueres.

O mais impressionante é o montante de dinheiro arrecadado...

O preço para o publico em geral é de 22 euros a entrada...

Estudantes, aposentados, famílias numerosas e crianças entre 6 e 13 anos, pagam 16,50 euros...

Gratuidade só para menores de 5 anos e sócios do clube.

Eu pagaria sem o menor problema...

Mas teria dificuldade de sair de lá, pois ia ficar olhando para as bolas, chuteiras e camisas, tentando descobrir o que elas sabem e que eles não contam.



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