O Esporte não pode nunca estar dissociado da educação, nem quando se fala em alto rendimento.
Por Alberto Murray
março 19, 2012
Uma das funções precípuas do
esporte é tornar o praticante uma pessoa melhor para a sociedade.
E é verdade, quem o pratica
aprende coisas que somente o esporte ensina.
E somente quem é do esporte
entende. Antigamente o esporte cumpria melhor com seus dois papéis essenciais:
promover saúde e criar indivíduos melhores para a sociedade.
Mesmo o atleta de alto
rendimento, de nível olímpico, não treinava a exaustão, como é hoje em dia. Seu
condicionamento físico geral, enquanto esporte saúde era mais adequado.
E o atleta também, paralelamente
à sua atividade física, tinha outra atividade profissional, estudava,
trabalhava.
Com o passar do tempo, o esporte
distanciou-se desses objetivos.
Atualmente atletas de alto nível
treinam em dois períodos, vivem no limite de suas capacidade, o que proporciona
lesões em série, não tem tempo para mais nada e vivem exclusivamente dos ganhos
que a atividade desportiva competitiva lhes proporciona.
A razão disso é o
profissionalismo exacerbado e a ânsia de ganhar cada vez mais dinheiro. Também
é a busca desenfreada por dinheiro que leva o atleta a se dopar.
Claro que nos dias atuais, não
podemos exigir dos atletas de alta performance que tenham no esporte uma mera
atividade diletante.
Mas o atleta, ainda assim, pode
ter alerta que não fazer nada mais do que treinar e competir pode ser ruim para
ele.
Isto porque o tempo de atleta de
um indivíduo, se comparado com todo o período de sua vida é muito curto.
Portanto, alguém que dos 15 aos
30 anos não tenha feito outra coisa que não treinar e competir, quando
abandonar o esporte de competição, não saberá fazer outra coisa.
Será ruim para o próprio, que
pode ficar à margem do mercado de trabalho, enfrentando dificuldades
financeiras.
E também não será bom para a
sociedade, uma vez que a pessoa pode se tornar um peso social, um inútil.
Quando isso ocorre, é o esporte
atuando justamente no sentido contrário do que deveria ser.
Em vez de preparar pessoas melhores para o
convívio social, o esporte servirá para criar pessoas que, mais tarde, poderão
enfrentar sérios problemas de toda ordem.
São poucos os atletas
profissionais que conseguem fazer um “pé de meia” que lhes dê tranquilidade
pelo resto da vida.
Mesmo no futebol, os salários
altos são para uma minoria.
E não é raro vermos atletas que
foram fenomenais, passando por dificuldades financeiras e psicológicas após
terem deixado de competir.
Por isso, por mais que a
profissão de atleta exija muito de quem a exerce, ele não pode deixar de pensar
no futuro.
E tentar conciliar a prática
desportiva com outra ocupação que lhe possibilite continuar sendo cada vez mais
útil à sociedade.
E também é por essa razão que o
esporte nunca deve caminhar dissociado da educação, nem quando falamos em alto
rendimento.
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