domingo, março 18, 2012

A morte levou mais um amigo...



A morte é ciosa de sua missão...

Não descansa jamais, não se omite, não negocia e não faz escolhas...

Para ela, tanto faz se é jovem, velho, bom ou mau...

É fria, profissional e não se comove diante do desespero de quem veio buscar e nem do sofrimento dos que ficam.

Silenciosa, cumpre seu papel.

No sábado, a senhora da noite eterna levou pelas mãos Ernani da Silveira e no início da tarde de domingo, Francisco das Neves Macedo.

Ainda comovido com a fim da vida do Dr. Ernani da Silveira, recebi o impacto da notícia do falecimento de Macedo.

O velho Macedo...

Poucos sabem, mas Macedo foi uma das primeiras pessoas que conheci depois que cheguei a Natal...

Não lembro exatamente o dia ou do mês, mas me recordo que foi uma tarde ensolarada em sua loja de material escolar no Alecrim...

Ali começamos uma amizade que se não foi intima, foi cordial e respeitosa...

Repleta de alegria em todas as vezes que nos encontramos.

Poeta e torcedor apaixonado pelo Alecrim, Macedo era um homem bom...

Ainda não sei o que pensar, nem tão pouco me sinto com vontade de escrever...

No entanto, faço questão de deixar aqui registrado um fato que ratifica a grandeza de Macedo...

Um dia, estivemos em campos opostos...

Macedo de um lado e eu de outro...

Escrevi um texto onde criticava sua posição e mostrava meu descontentamento...

Macedo, o leu...

O tempo passou e um dia nos encontramos...

Quando o vi, esperei ser ignorado ou então parado para uma dura conversa.

Engano meu...

Ele abriu um grande sorriso, veio em minha direção e disse:

- “Li seu texto Amaral”...

- “Muito bom, gostei”...

- “Mas, você assim como todo mundo, escreveu sem pensar nos meus motivos e nas minhas razões”...

- “Escreveu o que seu coração pedia e sequer quis saber o que sentia o meu coração”...

Fiquei em silencio, não por me arrepender do que havia escrito, mas impactado pela grandeza e nobreza do velho Macedo...

Antes de ir, ele me deu um abraço caloroso e sincero e arrematou:

- “Precisamos nos ver, mais... gosto muito de você”!

Agora, ao escrever essas palavras, meus olhos molhados e meu coração apertado me dizem que a reciproca era imensamente verdadeira...

Macedo, eu também gostava muito de você!



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