As matérias abaixo foram escritas
pelo jornalista José Cruz e ambas merecem ser lidas com muita atenção...
Posteriormente, merecem uma
reflexão profunda, madura e isenta.
As matérias estão postadas juntas
pelo fato de que uma remete a outra e ambas se complementam.
Felizmente, não há decisão tomada...
Caberá a presidente Dilma
Rousseff dizer sim ou não...
Tomara à senhora Rousseff diga um
não cavalar ao que propõe o deputado paulista Vicente Cândido (PT)...
Um sim seria um bofetão no rosto
de todos nós.
Leiam e reflitam.
Cuidado, Dilma! O calote vem
aí!!!
Por José Cruz
É do deputado paulista, Vicente
Cândido (PT), a proposta para um dos mais duros golpes no contribuinte honesto.
Com o apoio do Ministério do
Esporte, Cândido prepara projeto de lei para anistiar dívida bilionária dos
clubes de futebol para com o fisco: INSS, Fundo de Garantia e Imposto de Renda.
A notícia completa está no site
do deputado, mas em resumo o projeto prevê perdoar o calote que os clubes de
futebol deram aos cofres públicos.
Coisa pouca, em torno de R$ 5
bilhões, extraoficialmente.
Apoio
Vicente Cândido já tem o apoio do
ministro do Esporte, Aldo Rebelo, que levará o assunto à presidenta Dilma
Rousseff para que seja editada medida provisória.
Se ela concordar, o perdão será
imediato e o golpe financeiro oficializado.
A história é longa e o último
capítulo foi escrito com a edição da Timemania, em 2006, para que os clubes
devedores de impostos tivessem seus débitos abatidos através das apostas.
Ou seja, transferiram para o
apostador o calote ao fisco.
A Timemania foi um fracasso e os
clubes, mais uma vez, não honraram o compromisso com o governo federal.
Memória
Antes do surgimento da Timemania,
os cartolas já tinham se beneficiado de dois financiamentos das dívidas.
Ambos foram para o lixo.
Nenhum foi honrado.
Veio a Timemania, terceira
tentativa, que também fracassou, o calote se repetiu e a dívida cresceu.
Agora, surge a proposta para
criar o Proforte (Programa de Fortalecimento dos Esportes Olímpicos), que Aldo
Rebelo já debateu com a cartolagem.
“O projeto prevê que o valor da dívida fiscal do clube seja revertido
na produção esportiva em modalidades olímpicas de alto rendimento”.
A isso, o ministro Aldo Rebelo
chama de “democratização do esporte”.
Decepção
Logo ele, ministro Aldo, que em
2001 presidiu a CPI da CBF Nike e assinou histórico relatório, comprovando
falcatruas dos cartolas, como evasão de divisas e sonegação fiscal.
Pois é o mesmo deputado, Aldo
Rebelo, que prometeu moralizar a gestão do futebol, que agora se dobra as
exigências dessa podridão que há anos domina o futebol brasileiro.
Relatório da ONU identificou o
futebol como a maior lavanderia de dinheiro do mundo.
E o Brasil está no
ranking dessa ladroagem internacional.
Está claro que jamais vão cumprir
a proposta de colocar seus clubes ao dispor para formar atleta olímpico.
Além
da falta de espaço e de estrutura, em geral, faltam profissionais nessas
agremiações.
Esperteza
Deputado federal, Aldo Rebelo
está de olho na próxima eleição, pois na anterior já se elegeu pelas tabelas.
Precisa de apoios.
Para isso, junta-se aos que
fiscalizou e identificou falcatruas contra os interesses do Estado.
A presidenta Dilma Rousseff, que
tem demonstrado interesse para recuperar as dívidas do país, combater as
falcatruas e evitar o desperdício de dinheiro não pode se curvar a esta
esdrúxula proposta de espertos.
É vergonhoso que o ministro Aldo,
que conhece muito bem essa turma, leve tal proposta à consideração
presidencial.
Isso não é digno de sua história
e de seu discurso político.
Mas se mudou, está aí mais uma
grande decepção para a tristeza de muitos.
Extremos
Como o governo poderá se dirigir
ao contribuinte em geral ou aos empresários, submetidos à pesadíssima carga
fiscal, e exigir que paguem seus impostos, se no outro extremo o mesmo governo
reconhece e oficializa o calote dos cartolas do futebol?
Com a palavra a Presidenta Dilma.
Mas se também se dobrar a força
do futebol, estará perdida, seu governo desmoralizado e nós sem qualquer
esperança de justiça social, que ela tanto discursa.
Futebol x Saúde: decisão com Dilma Rousseff
Por José Cruz.
Enquanto o ministro Aldo Rebelo
negocia anistiar o calote dos clubes para com o fisco, 2.100 Santas Casas de
Misericórdia, que respondem por 56% do atendimento do SUS – Sistema Único de
Saúde –, acumulam dívida de R$ 11 bilhões para com credores em geral, Receita
Federal e INSS.
E por que essas instituições, que
têm 500 anos de história no Brasil, chegaram a esta situação?
Porque, para cada R$ 100,00 que
gastam com um paciente do SUS, o governo repassa apenas R$ 65,00.
Na prática, os hospitais pagam
para atender pacientes que são compromisso do Estado.
A situação é tão grave que a
Santa Casa de Belo Horizonte teve seus bens penhorados, os elevadores,
inclusive, para saldar dívidas junto à Receita Federal.
Empréstimo
Em março deste ano, o BNDES
anunciou que liberaria uma linha de crédito às Santas Casas. Até hoje a
proposta está no papel…
Enquanto isso…
… a reforma dos estádios para a
Copa 2014 é feita, em parte, com recursos do … BNDES…
Contraste
É neste panorama que se discute a
proposta do deputado Vicente Cândido, para PERDOAR a dívida dos clubes ao INSS,
Receita Federal e FGTS.
Não se pode ignorar a falta de
transparência nos negócios dos clubes.
Enquanto se lamentam de problemas
financeiros, realizam transações milionárias e contratações suspeitas de
legalidade, como demonstraram duas CPIs do Futebol, na Câmara e no Senado.
Paralelamente não pagam os
salários e as dívidas trabalhistas crescem mensalmente.
Tudo isso é do
conhecimento do ministro do Esporte, Aldo Rebelo.
Mais
Ao longo dos anos, os cartolas
não cumpriram os três compromissos assumidos nas renegociações das dívidas dos
clubes para como fisco. Até chegarem à criação de uma loteria (Timemania) que
transferiu para o torcedor-apostador o ônus da dívida que criaram.
Uma
vergonha.
Pois nem isso resolveu e, agora,
ao lado de parlamentares que querem usar o futebol como estribo de suas
pretensões políticas, chegam ao cúmulo de obter perdão de uma conta bilionária,
que contrasta com outra, das Santas Casas.
Ficará nas mãos da Presidente
Dilma Rousseff a decisão de dar prioridade à saúde ou ao futebol.
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