terça-feira, agosto 28, 2012

Futebol vs Saúde... mais um calote a caminho.



As matérias abaixo foram escritas pelo jornalista José Cruz e ambas merecem ser lidas com muita atenção...

Posteriormente, merecem uma reflexão profunda, madura e isenta.

As matérias estão postadas juntas pelo fato de que uma remete a outra e ambas se complementam.

Felizmente, não há decisão tomada...

Caberá a presidente Dilma Rousseff dizer sim ou não...

Tomara à senhora Rousseff diga um não cavalar ao que propõe o deputado paulista Vicente Cândido (PT)...

Um sim seria um bofetão no rosto de todos nós.

Leiam e reflitam.


Cuidado, Dilma! O calote vem aí!!!

Por José Cruz


É do deputado paulista, Vicente Cândido (PT), a proposta para um dos mais duros golpes no contribuinte honesto.

Com o apoio do Ministério do Esporte, Cândido prepara projeto de lei para anistiar dívida bilionária dos clubes de futebol para com o fisco: INSS, Fundo de Garantia e Imposto de Renda.

A notícia completa está no site do deputado, mas em resumo o projeto prevê perdoar o calote que os clubes de futebol deram aos cofres públicos. 

Coisa pouca, em torno de R$ 5 bilhões, extraoficialmente.

Apoio

Vicente Cândido já tem o apoio do ministro do Esporte, Aldo Rebelo, que levará o assunto à presidenta Dilma Rousseff para que seja editada medida provisória.

Se ela concordar, o perdão será imediato e o golpe financeiro oficializado.

A história é longa e o último capítulo foi escrito com a edição da Timemania, em 2006, para que os clubes devedores de impostos tivessem seus débitos abatidos através das apostas. 

Ou seja, transferiram para o apostador o calote ao fisco.

A Timemania foi um fracasso e os clubes, mais uma vez, não honraram o compromisso com o governo federal.

Memória

Antes do surgimento da Timemania, os cartolas já tinham se beneficiado de dois financiamentos das dívidas. 

Ambos foram para o lixo. 

Nenhum foi honrado. 

Veio a Timemania, terceira tentativa, que também fracassou, o calote se repetiu e a dívida cresceu.

Agora, surge a proposta para criar o Proforte (Programa de Fortalecimento dos Esportes Olímpicos), que Aldo Rebelo já debateu com a cartolagem.

“O projeto prevê que o valor da dívida fiscal do clube seja revertido na produção esportiva em modalidades olímpicas de alto rendimento”.

A isso, o ministro Aldo Rebelo chama de “democratização do esporte”.

Decepção

Logo ele, ministro Aldo, que em 2001 presidiu a CPI da CBF Nike e assinou histórico relatório, comprovando falcatruas dos cartolas, como evasão de divisas e sonegação fiscal.

Pois é o mesmo deputado, Aldo Rebelo, que prometeu moralizar a gestão do futebol, que agora se dobra as exigências dessa podridão que há anos domina o futebol brasileiro.

Relatório da ONU identificou o futebol como a maior lavanderia de dinheiro do mundo. 


E o Brasil está no ranking dessa ladroagem internacional.

Está claro que jamais vão cumprir a proposta de colocar seus clubes ao dispor para formar atleta olímpico. 


Além da falta de espaço e de estrutura, em geral, faltam profissionais nessas agremiações.

Esperteza

Deputado federal, Aldo Rebelo está de olho na próxima eleição, pois na anterior já se elegeu pelas tabelas. 

Precisa de apoios. 

Para isso, junta-se aos que fiscalizou e identificou falcatruas contra os interesses do Estado.

A presidenta Dilma Rousseff, que tem demonstrado interesse para recuperar as dívidas do país, combater as falcatruas e evitar o desperdício de dinheiro não pode se curvar a esta esdrúxula proposta de espertos.

É vergonhoso que o ministro Aldo, que conhece muito bem essa turma, leve tal proposta à consideração presidencial.

Isso não é digno de sua história e de seu discurso político. 

Mas se mudou, está aí mais uma grande decepção para a tristeza de muitos.

Extremos

Como o governo poderá se dirigir ao contribuinte em geral ou aos empresários, submetidos à pesadíssima carga fiscal, e exigir que paguem seus impostos, se no outro extremo o mesmo governo reconhece e oficializa o calote dos cartolas do futebol?

Com a palavra a Presidenta Dilma.

Mas se também se dobrar a força do futebol, estará perdida, seu governo desmoralizado e nós sem qualquer esperança de justiça social, que ela tanto discursa.



Futebol x Saúde: decisão com Dilma Rousseff

Por José Cruz.


Enquanto o ministro Aldo Rebelo negocia anistiar o calote dos clubes para com o fisco, 2.100 Santas Casas de Misericórdia, que respondem por 56% do atendimento do SUS – Sistema Único de Saúde –, acumulam dívida de R$ 11 bilhões para com credores em geral, Receita Federal e INSS.

E por que essas instituições, que têm 500 anos de história no Brasil, chegaram a esta situação?

Porque, para cada R$ 100,00 que gastam com um paciente do SUS, o governo repassa apenas R$ 65,00.

Na prática, os hospitais pagam para atender pacientes que são compromisso do Estado.

A situação é tão grave que a Santa Casa de Belo Horizonte teve seus bens penhorados, os elevadores, inclusive, para saldar dívidas junto à Receita Federal.

 Empréstimo

Em março deste ano, o BNDES anunciou que liberaria uma linha de crédito às Santas Casas. Até hoje a proposta está no papel…

Enquanto isso…

… a reforma dos estádios para a Copa 2014 é feita, em parte, com recursos do … BNDES…

Contraste

É neste panorama que se discute a proposta do deputado Vicente Cândido, para PERDOAR a dívida dos clubes ao INSS, Receita Federal e FGTS.

Não se pode ignorar a falta de transparência nos negócios dos clubes. 


Enquanto se lamentam de problemas financeiros, realizam transações milionárias e contratações suspeitas de legalidade, como demonstraram duas CPIs do Futebol, na Câmara e no Senado.

Paralelamente não pagam os salários e as dívidas trabalhistas crescem mensalmente. 


Tudo isso é do conhecimento do ministro do Esporte, Aldo Rebelo.

 Mais

Ao longo dos anos, os cartolas não cumpriram os três compromissos assumidos nas renegociações das dívidas dos clubes para como fisco. Até chegarem à criação de uma loteria (Timemania) que transferiu para o torcedor-apostador o ônus da dívida que criaram. 


Uma vergonha.

Pois nem isso resolveu e, agora, ao lado de parlamentares que querem usar o futebol como estribo de suas pretensões políticas, chegam ao cúmulo de obter perdão de uma conta bilionária, que contrasta com outra, das Santas Casas.

Ficará nas mãos da Presidente Dilma Rousseff a decisão de dar prioridade à saúde ou ao futebol.


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