Por Alberto Murray.
O futebol olímpico do Brasil tem
ido aos Jogos Olímpicos repleto de estrelas.
Mas mesmo assim, empaca.
Essa
história tem se repetido e parece não haver meios de sair essa medalha de ouro.
Quem sabe em casa, daqui quatro anos.
Aqueles que me acompanham sabem
que afirmo que Jogos Olímpicos são uma competição diferente de todas as outras,
inclusive a Copa do Mundo do Futebol.
Olimpíada tem história, um peso
diferente, intangível, que só mesmo quem vivencia isso é capaz de compreender.
Eu tenho a impressão que os
nossos profissionais do futebol, muito bons em seus clubes, vão aos Jogos
Olímpicos sem saber bem o que aquilo significa.
Não experimentam a essência do
olimpismo.
Não ficam na Vila Olímpica, apenas visitam-na como se aquilo fosse
um simples passeio a um parque de diversões.
Isolam-se em hotéis,
concentrações.
Jogam em outras cidades que não exclusivamente a sede olímpica.
Encarar a Olimpíada somente como
mais uma competição importante é o primeiro passo para fracassar.
Enquanto
nosso futebol fica alijado do espírito olímpico, as demais equipes, compostas
por atletas mais modestos, engajam-se de corpo e alma na competição.
O convívio
diário na Vila Olímpica, a mistura com atletas de outros países e de outras
modalidades, sem dúvida que são um estímulo.
E é isso que experimentam os
adversários do futebol brasileiro nos certames olímpicos.
Então o Brasil
enfrenta times que captam a essência do Olimpismo e levam isso para dentro do
campo.
E se os nossos adversários são, ao menos em teoria, tecnicamente piores,
suprem essa deficiência levando para o campo de jogo o sentimento de honra por
estar participando de uma Olimpíada.
Antigamente o futebol olímpico do
Brasil ficava na Vila Olímpica e não tinha conversa.
E em duas ocasiões ganhamos
a medalha de prata, em Los Angeles 84 e Seoul 88. (em Seoul, note-se, o Brasil
foi flagrantemente roubado na final por um juiz francês sem vergonha.
Não
interessava aos futuros mandatários da CBF, que assumiriam a Confederação no
ano seguinte, que o futebol ganhasse aquela medalha de ouro.
O sucesso da então
atual gestão da CBF poderia atrapalhar os planos dos que queriam assumi-la.
Talvez seja uma boa coisa dar ao
nosso futebol olímpico uma educação olímpica.
Fazê-los compreender o que
representam os Jogos, que os adversários não medirão esforços para serem
campeões olímpicos.
Os atletas e a comissão técnica do futebol também deveriam
ficar alojados na Vila Olímpica, para entrar no clima.
Não entendo porque o
Neymar não poderia interagir com o Phelps, ou porque o José Roberto Guimarães
seria diferente do Mano Menezes.
Estrelas olímpicas por estrelas olímpicas, o
voleibol feminino do Brasil representa muito mais, naquele cenário, do que
qualquer jogador do futebol.
Ou seja, tem que fazer o futebol
olímpico do Brasil entrar no clima da competição.
Muito melhor do que ficar
encastelado em concentrações chatas e desnecessárias.
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