sábado, agosto 18, 2012

O Futebol Olímpico do Brasil...




Por Alberto Murray.

O futebol olímpico do Brasil tem ido aos Jogos Olímpicos repleto de estrelas. 

Mas mesmo assim, empaca. 

Essa história tem se repetido e parece não haver meios de sair essa medalha de ouro. 

Quem sabe em casa, daqui quatro anos.

Aqueles que me acompanham sabem que afirmo que Jogos Olímpicos são uma competição diferente de todas as outras, inclusive a Copa do Mundo do Futebol. 

Olimpíada tem história, um peso diferente, intangível, que só mesmo quem vivencia isso é capaz de compreender.

Eu tenho a impressão que os nossos profissionais do futebol, muito bons em seus clubes, vão aos Jogos Olímpicos sem saber bem o que aquilo significa. 

Não experimentam a essência do olimpismo. 

Não ficam na Vila Olímpica, apenas visitam-na como se aquilo fosse um simples passeio a um parque de diversões. 

Isolam-se em hotéis, concentrações. 

Jogam em outras cidades que não exclusivamente a sede olímpica.

Encarar a Olimpíada somente como mais uma competição importante é o primeiro passo para fracassar. 

Enquanto nosso futebol fica alijado do espírito olímpico, as demais equipes, compostas por atletas mais modestos, engajam-se de corpo e alma na competição. 

O convívio diário na Vila Olímpica, a mistura com atletas de outros países e de outras modalidades, sem dúvida que são um estímulo. 

E é isso que experimentam os adversários do futebol brasileiro nos certames olímpicos. 

Então o Brasil enfrenta times que captam a essência do Olimpismo e levam isso para dentro do campo. 

E se os nossos adversários são, ao menos em teoria, tecnicamente piores, suprem essa deficiência levando para o campo de jogo o sentimento de honra por estar participando de uma Olimpíada.

Antigamente o futebol olímpico do Brasil ficava na Vila Olímpica e não tinha conversa. 

E em duas ocasiões ganhamos a medalha de prata, em Los Angeles 84 e Seoul 88. (em Seoul, note-se, o Brasil foi flagrantemente roubado na final por um juiz francês sem vergonha. 

Não interessava aos futuros mandatários da CBF, que assumiriam a Confederação no ano seguinte, que o futebol ganhasse aquela medalha de ouro. 

O sucesso da então atual gestão da CBF poderia atrapalhar os planos dos que queriam assumi-la.

Talvez seja uma boa coisa dar ao nosso futebol olímpico uma educação olímpica. 

Fazê-los compreender o que representam os Jogos, que os adversários não medirão esforços para serem campeões olímpicos. 

Os atletas e a comissão técnica do futebol também deveriam ficar alojados na Vila Olímpica, para entrar no clima. 

Não entendo porque o Neymar não poderia interagir com o Phelps, ou porque o José Roberto Guimarães seria diferente do Mano Menezes. 

Estrelas olímpicas por estrelas olímpicas, o voleibol feminino do Brasil representa muito mais, naquele cenário, do que qualquer jogador do futebol.

Ou seja, tem que fazer o futebol olímpico do Brasil entrar no clima da competição. 

Muito melhor do que ficar encastelado em concentrações chatas e desnecessárias.



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