sexta-feira, agosto 31, 2012

Não ao projeto do deputado Vicente Cândido (PT/SP)...




Publico abaixo o excelente texto do cronista gaúcho, Juremir Machado da Silva...

Juremir é mais um a fazer coro contra a absurda proposta do deputado Vicente Cândido (PT/SP) e que tem o apoio do ministro dos Esportes, Aldo Rebelo.


Na esportiva

Por Juremir Machado da Silva

Correio do Povo de Porto Alegre/RS


Só o futebol é realmente importante no Brasil. 

Todo o resto é acessório. 

Nem vou falar de que só se cobra fidelidade a time. 

Ninguém se espanta com mudança de sexo, traição à mulher ou ao marido, mudança de partido político ou troca de casal. 

Agora, virar a casaca, trocar de camiseta, passar para o rival, aí o bicho pega. 

O cara que troca de time é um canalha. 


Ser corno não dá nada. 

Ser mensaleiro é fichinha. 

Ganhar salário nalgum cargo público sem trabalhar faz parte dos costumes. 

Enfim, tudo isso que qualquer criança sabe e respeita. 

O futebol é tão importante que os clubes podem dar calote no Estado. 

Li que o deputado petista Vicente Cândido, com apoio do ministro do Esporte, Aldo Rebelo (PC do B), pretende aliviar os clubes do pagamento do que devem ao Fisco.

Em bom português, o deputado e o ministro querem livrar os clubes de futebol do pagamento da dívida de R$ 5 bilhões que têm com a União. 

O que eles deixaram de recolher? 

Imposto de Renda, INSS, FGTS. 

Se forem anistiados, acontecerá pura e simplesmente uma privatização de recursos públicos, uma transferência de dinheiro da plebe, nós, para os bolsos de jogadores milionários, de treinadores, de empresários e de outros parasitas. 

Os maiores devedores são os grandes clubes. 

Com o dinheiro que economizam caloteando o Estado, pagam salários astronômicos para pernas de pau e técnicos que fracassam num lugar e surgem como salvadores em outro, comissões para agentes e passes de atletas em transações chocantes. 

Se pagassem o Fisco, não teriam grana para esses negocinhos fantásticos. 

Futebol, claro, é especial.


O Rio Grande do Sul quer renegociar a sua dívida com a União. 

Não consegue. 

Compromete mais de 13% da sua receita com isso. 

Se não pagasse ou pagasse menos, teria dinheiro para bancar o piso dos professores. 

A União fecha os olhos, tapa os ouvidos, não dá mole, manda os governadores apertarem o cinto, cortar gastos, manda se catar. 

Por que não se obriga os clubes a cortarem gastos? 

No Brasil, só interesse de clube de futebol, pelo jeito, é questão de Estado. 

Pelo futebol, leis podem ser suspensas, revogadas ou descumpridas. 

Um comunista e um petista servindo de ponte para a privatização maquiada de recursos públicos é de perder as calças de tanto rir.

Vicente e Rebelo querem criar o Proforte, um esquema para favorecer os clubes e fazer a alegria dos cartolas. 

Uma sacanagem com todo mundo. 

Por quê? 

Bem, deve ser porque eles sabem que clube de futebol não pode quebrar. 

Se a plebe, nós, ficar sem futebol domingo à tarde, quebra o país. 

A esquerda pensa como as ditaduras de direita: futebol é o ópio do povo. 

Para ter menos crack, precisa ter mais craque. 

Uma asneira assim. 

Logo, precisa forrar o poncho dos que fazem o espetáculo. 

O futebol carioca nunca duvidou disso. 

Dívida com o Estado não é para pagar. 

O Corinthians está ganhando estádio. 

O Atlético-PR vai ganhar reforma da sua Arena com grana pública. 

Fórmula perfeita: clube não paga, empreiteira ganha, etc. 

É a privatização nacional na esportiva. 

Uau!


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