O legado, a Caxirola e nós panacas...
De Vitor Birner
O Brasil tem vários instrumentos musicais com
os quais a população se identifica.
Todo brasileiro sabe o que são tamborins,
caixas, surdos…
Nossos estádios ficavam mais festivos quando o
ingresso permitia a presença do povão e a música das baterias e charangas,
dependendo da região, era atração.
Eis que Carlinhos Brown inventou uma tal
caxirola, inspirada no caxixi, instrumento desconhecido pela maioria dos
brasileiros.
O artista apresentou um projeto da sua ‘genial’
criação e ganhou o apoio do Governo Federal.
Não faz muito tempo, vários estrangeiros
achavam que Buenos Aires era a capital do Brasil e as grandes cidades daqui estavam
repletas de macacos e de gente pelada nas ruas.
Há cabimento no uso de algo que não tem a ver
com os brasileiros no evento onde pagamos pela chance de mostrar nossa cultura
ao mundo?
Vão falar insistentemente da caxirola e criar
outra modinha chata para todo mundo comprar uma?
Será que já definiram quem irá fabricá-la e
ganhar com esse oportunismo sem limites?
As dezenas de bilhões dos impostos não servirão
nem para os gringos conhecerem a nossa nação?
Estádios luxuosos, instrumento inventado, a
bola é brazuca com z, o tatu terá nome estranho...
Está complicado.
E vai ficar mais.
Brasília cancelou a construção do VLT.
A grana para o estádio, que se transformará
noutro elefante branco, continua disponível.
E se precisarem de mais,
provavelmente não faltará.
Outras obras prometidas lá atrás não sairão do
papel. Cadê os aeroportos?????
A mentira dos palcos dos jogos bancados pela
iniciativa privada foi esquecida e quase ninguém cobra.
O custo do legado talvez seja maior do que o
necessário.
Nossos políticos possuem grande tradição em
desvio de dinheiro público.
Tenho o direito de desconfiar que possam
ocorrer casos assim e torcer, sem muitas razões de acreditar, para não
acontecerem.
Enquanto isso, Mano tenta acertar o time dentro
de campo.
Restando menos de dois anos para o início do
Mundial, a nota brasileira para a tal lição de cidadania, aquela que exige o
cumprimento de promessas importantes e austeridade no trato da verba pública,
pois falta grana para os investimentos em hospitais, salários de professores,
médicos, policiais, construções de quadras e desenvolvimento do esporte
educativo, continua baixa.
Nem as contas do Pan, que custaria menos de R$
400 milhões e de acordo com as notícias sobre o tema saiu por mais de R4
bilhões, foram aprovadas ainda.
Em suma, a nação enriqueceu, a economia
melhorou, a parte ruim de nossa cultura deve ser preservada e a boa colocada em
segundo plano.
E há quem defenda tudo isso.
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