O Fenômeno e o Falcão.
Por Juca Kfouri.
Que Ronaldo, embora aparentemente
disposto a virar pauteiro, não entenda qual seja a função da imprensa é
compreensível.
Ele prefere que não se publique
que a Copa do Mundo, prometida como a Copa do capital privado, se transformou
na Copa do dinheiro público, inclusive, e principalmente, na construção dos 12
estádios que a sediarão.
Dos 12!
O Fenômeno quer também que não se
noticie que boa parte do legado previsto em infraestrutura e mobilidade urbana
já foi cancelada.
Certamente deseja, ainda, que os
relatórios do TCU permaneçam em sigilo.
Difícil mesmo é explicar por que
o deputado Rui Falcão, presidente do PT, bate na mesma tecla, ao dizer que as
denúncias da imprensa contra a classe política nos aproxima, como país, do
nazismo.
Ele não pensava assim quando os
jornais denunciavam outros partidos no poder e Lula dizia que havia 300
picaretas no Congresso Nacional.
Porque Falcão é também
jornalista, e até dirigiu, entre 1977, em plena ditadura, e 1988, a redação da
revista “Exame”, baluarte do capitalismo.
Que há muito a se discutir sobre
o papel da imprensa no Brasil democratizado está mais que óbvio.
Mas, devagar com andor.
Porque se pimenta nos olhos dos
outros é refresco, imprensa é oposição.
O resto é armazém de secos e
molhados, como ensinou Millôr Fernandes.
Do blog:
O que me deixa embasbacado é o
deputado petista, um jornalista, não ter a menor ideia de que na Alemanha
Nacional Socialista assim como na Rússia Soviética não existisse imprensa
contra...
O Völkischer Beobachter, o Der
Stürmer, o Illustrierter Beobachter, o Berliner Arbeiterzeitung, entre outros,
na Alemanha, serviam ao partido…
Na URSS, o Pravda, o Izvéstia, o Trud,
o Komsomolskaia Pravda, o Krasnaya Zvyezda, entre tantos outros, eram
subservientes ao PCU e ponto final.
Não havia denuncias, havia
bajulação.
Mas, pensando bem, Rui Falcão,
não é ignorante, é só cínico.
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