terça-feira, fevereiro 05, 2013

Os brasileiros amam o futebol, mas quem dirige o futebol, não ama nada que não seja as luzes dos holofotes, o poder e a grana...



“Algo me surpreendeu no Brasil: o fato de poucas pessoas irem aos estádios. Há pouco público. Não faz parte da cultura. Gostaria de ter mais gente nos estádios”.

Clarence Seedorf.

A frase de Seedorf, hoje, é uma verdade incontestável, mas contém um equivoco que reconheço como normal, pois foi dita por um holandês, que certamente ainda não foi devidamente aclarado sobre o Brasil e sua história.

Nós brasileiros gostamos sim de futebol!

O esporte é parte de nossa cultura, mesmo que hoje, a globalização tenha nos mostrado que não somos os únicos no mundo a amar incondicionalmente o balipodo.

Mas amamos e amamos com fervor.

No entanto, esse amor acabou sufocado pela incompetência de anos e anos de péssimas administrações por parte dos homens que antes dirigiram e que infelizmente, ainda dirigem a CBF e suas cumplices, as federações estaduais...

Acabou trincado pelo sucateamento de nossos estádios e pelo profundo desprezo ao torcedor que em lugar de consumidor, é tratado com gado...

Gado que precisa ser arrebanhado para dentro dos estádios sem que nada além do cimento cru lhe seja oferecido...

Gado que deve ser convencido a dar seu dízimo como prova de amor...

Dízimo que se esconde por trás de bilhetes de loteria ou carnês de sócio qualquer coisa.

Em troca, como todo dízimo, lhe oferecem ilusão...

Doce ilusão.

O brasileiro deixou de ir aos estádios sim...

Deixou quando os anônimos foram preteridos e os organizados passaram a ser subsidiados por dirigentes ávidos por voto fácil nas campanhas eleitorais ou interessados em manter sob suas rédeas uma “milícia” pronta para intimidar críticos e opositores.

Eles, os anônimos bancam a festa e eles, os organizados fazem a festa.

Eles, os anônimos torcem, sofrem, choram e vibram a cada derrota ou a cada vitória, eles os organizados, tomam partes das arquibancadas muitas vezes sem pagar, fazem sofrer aqueles que a eles não se submetem e ameaçam seus adversários, nas derrotas ou nas vitórias...

Alguém precisa dizer ao Seedorf, que centenas e milhares de torcedores, deixaram de ir aos estádios quando descobriram que não eram apenas os empresários que dilapidavam o patrimônio dos clubes, mas que alguns dirigentes que tinham por obrigação preservar e ampliar este patrimônio se apoderam dos direitos federativos dos jogadores e fizeram e fazem verdadeiros negócios da China...

Isso sem falar dos preços absurdos que se cobra por qualquer partidinha mequetrefe... 

Bem, são tantos os motivos, que enumerá-los seria enfadonho para quem estiver lendo esse texto.

Mas se hoje a frase de Seedorf é verdadeira, nos anos 60, 70 e 80, não era...

Vasco e Flamengo, Palmeiras e Corinthians, Atlético e Cruzeiro, Grêmio e Internacional e tantos e tantos clássicos e não clássicos por este Brasil a fora, arrebatavam multidões de anônimos que enchiam nossos estádios.

Porém, eram outros tempos, tempos onde dirigentes, jogadores e torcedores, eram amadores; amavam o futebol.


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