Armando Nunes Castanheira da Rosa Marques, morreu no dia 16
de julho, no Rio de Janeiro...
Árbitro de futebol, Armando viveu uma vida polêmica dentro e
fora das quatro linhas.
Desde sua morte, andei matutando sobre o que escrever sobre
ele...
Por sorte, encontrei esse texto de Ruy Castro, publicado no
jornal “Folha de São Paulo...”
Imagem: Autor Desconhecido
A gênese da ofensa
Por Ruy Castro
Para a Folha de São Paulo.
RIO DE JANEIRO - Da arquibancada do Maracanã, em outubro de
1968, vi quando Wilton, atacante do Fluminense, recebeu um lançamento no bico
da área do Flamengo.
Usando a mão para ajeitar a bola, tirou o goleiro Marco
Aurélio da jogada e atirou para o gol vazio.
O estádio inteiro também viu e a
televisão, mais ainda – como se confirmou, horas depois, pelo replay do lance
na "Resenha Facit".
Só uma pessoa não viu: o juiz Armando Marques,
validando o 1 x 0 que daria a vitória ao Fluminense.
Das 44 mil pessoas no Maracanã naquela tarde, 30 mil eram
Flamengo.
Diante da escandalosa ilegalidade, elas dispararam o coro que, a
partir dali, domingo após domingo, ficaria associado a Armando Marques:
"Bicha!".
Não chegava a ser um palavrão, mas também não era uma
palavra de família.
Foi a primeira vez que se mimoseou tão pública e
maciçamente alguém com tal epíteto.
Armando, que morreu na semana passada, era petulante,
exibicionista e com uma noção doentia de autoridade.
Adorava expulsar Pelé.
Ao
apitar uma falta, sentia-se com imunidades: corria em direção ao faltoso e
falava-lhe de dedo na cara, aos gritos, com sua voz sem graves.
Só se deu mal
com Nilton Santos, que foi-lhe de mão aberta às faces, em 1964, e chutou-o
escada abaixo, em 1972 – e pagou por isso.
Em 1968, o coro de "Bicha!" equivalia em ofensa
àquele que se aplicou à presidente Dilma na abertura da Copa.
Mas Armando não
se ofendia.
Parecia até gostar, como se o tivesse convertido numa aclamação.
Na
sua perversidade, talvez até errasse de propósito ao apitar – e como errou! –,
apenas para ouvir o coro que o realizava.
O grito se estendeu aos demais árbitros.
Com o tempo, deixou
de fazer efeito e foi sendo substituído por outros mais grosseiros, até chegar
ao formato atual.
Que, por mais pesado e infame, está longe de ser o
definitivo.
Um comentário:
Kkkkkkkkkkkkk só rindo
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