POR PAULO ANDRÉ, do Bom Senso FC
Vou explicar porque sou CONTRA o
projeto de lei de responsabilidade fiscal do esporte que propõe parcelar a
dívida dos clubes.
Do jeito que está, ele exige
apenas a apresentação da CND (Certidão Negativa de Débito), uma vez por ano,
como garantia “inquestionável” de uma gestão transparente no futebol nacional.
Isso é uma vergonha e justifica o
desespero dos dirigentes e a pressão da “bancada da bola” para aprová-lo
urgentemente, como ficou claro na última sexta-feira, quando os presidentes de
clubes se encontraram com a Presidente Dilma.
Além disso, dói só de pensar que
mais de R$ 4 bilhões sumiram no futebol e nenhuma alma será punida (exceção aos
torcedores que são punidos diariamente por verem seus times capengando por aí).
No caso específico dos débitos de
que trata a LRFE, se o Governo aceitar parcelar a dívida, os dirigentes que
cometeram irregularidades não mais poderão ser acionados por crime de
apropriação indébita.
Traduzindo burramente, se alguém
deve dinheiro ao banco e a entidade, sabendo da dificuldade do devedor em
quitar a dívida, resolver parcela-la, assunto encerrado.
Basta a pessoa cumprir as
condições propostas e o pagamento em dia que ninguém poderá acusá-la
posteriormente.
Então é essa a discussão que você
precisa entender.
Se o Congresso Nacional e a
Presidente Dilma, que representam o povo nesse debate, optarem por tomar o
caminho de parcelar a dívida e consequentemente isentar os dirigentes pela
infração, que a decisão seja tomada pela certeza da GARANTIA de contrapartidas
claras e severas, cuja fiscalização seja eficaz e a punição aos clubes e aos
dirigentes seja direta.
Não caiam no papo do Sr. Vilson de
Andrade, espertalhão, que diz que eles (dirigentes de clubes) defendem uma
punição mais dura do que a que propõe o Bom Senso. “90% da proposta deles
(jogadores) está incluída na dos clubes.
Eles falam em perda de pontos,
nós falamos em rebaixamento.
Essa é a grande diferença”,
disse, com gigantesca cara de pau, o atual presidente do Coritiba.
Ele sabe que, do jeito que está,
a LRFE não punirá ninguém.
Dizer que há severidade em
apresentar a CND uma vez por ano para garantir que os clubes que não pagarem em
dia as parcelas do “financiamento” sejam rebaixados de divisão é coisa de quem
está mal intencionado.
E achar que isso é suficiente
para moralizar o futebol brasileiro é uma ofensa à inteligência alheia.
Sr. Vilson, cadê o controle de
déficit sob pena de punição esportiva?
Cadê a garantia do cumprimento
dos contratos de trabalho sob pena de punição esportiva?
Cadê o limite do custo futebol
sob pena de punição esportiva?
Cadê a padronização das
demonstrações financeiras e a reavaliação do endividamento sob pena de punição
esportiva?
Cadê o parcelamento da dívida
trabalhista já transitada sob pena de punição esportiva? (Desculpe os termos
técnicos mas são cinco pontos imprescindíveis, propostos pelo Bom Senso F.C e
ausentes no projeto dos clubes).
Ora, chega de enrolação!
Tratemos o assunto com a
seriedade com que ele deve ser tratado.
Vocês são presidentes de clubes
de futebol, não estão acima do bem e do mal!
Então, amigo, Secretário do
Ministério do Esporte, Toninho Nascimento, temos que correr para quê?
“Tem clube que não chega ao final
do ano se esse projeto não for aprovado”, disse ele.
E daí?
Há clubes que estão há sei lá
quantos anos se apropriando do IR e INSS de atletas, usando esse dinheiro
“sujo” para contratar mais jogadores e aumentar suas dívidas à espera do
“perdão” do Governo e somos nós que temos que correr?
O clube escocês do Glasgow
Rangers, mais vezes campeão nacional no planeta, quebrou, recomeçou na quarta
divisão e sua torcida não o abandonou por isso.
O Napoli, a Fiorentina e o Racing
também.
Se querem moralizar, façam
direito.
Parem de correr e pensem.
Não é isso que se pede aos
jogadores “brucutus”?
Estamos tratando com alguns
dirigentes “brucutus” então chegou a nossa vez de lhes pedir:
Parem de correr e pensem.
Será que vale tudo nesta terra de
ninguém?
É preciso restringir a
possibilidade de erro, de corrupção e defender melhores práticas de gestão que
refletirão diretamente na qualidade do produto final, dos clubes e do
espetáculo do futebol brasileiro.
A Presidente e o Congresso
Nacional estão entre a cruz e a espada:
Ou se apoiam numa possível benção
do voto do torcedor apaixonado (desprovido de razão) e deixam passar tudo como
está (inclusive via MP – um absurdo), ou se aproveitam da maior oportunidade de
se reformar e de se modernizar o futebol brasileiro, optando por incluir as
emendas levantadas pelo Bom Senso à LRFE para garantir de verdade uma gestão
melhor e mais transparente no nosso futebol.
Esta decisão deverá sair esta
semana e nós acompanharemos de perto para saber quem está jogando para quem.
Que cada um escolha o seu lado,
porque o meu, já escolhi.
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