A Copa foi um sucesso?
De vidência e conjecturas à Copa
real...
Por Alexandre Guimarães
Consultor Legislativo do Senado
Federal, especialista nas áreas de esporte e turismo
“(…) o evento ocorrerá com êxito,
pois é do caráter do povo brasileiro realizar, com os recursos disponíveis,
tudo da melhor forma possível, mesmo que de improviso – o famoso ‘jeitinho
brasileiro’” (Alexandre Guimarães)
Desculpem-me a autocitação, mas é
relevante.
De início, afirmo: não sou
adivinho – respeito aos que acreditam –, mas nunca dei atenção a videntes!
No
entanto, dois meses antes da Copa “previ” o êxito da Copa.
Infelizmente, isso se chama
trabalho técnico, não vidência, e resultado de estudar um evento que tomou
praticamente todos os meus dias nos últimos seis anos.
Feito o desabafo, vamos ao que
importa: a Copa de 2014 foi esse sucesso divulgado politicamente pelo governo?
Seriamente: não.
E, novamente, falo com o técnico
das áreas diretamente relacionadas.
Quando se aprovou a Lei da Copa,
a decretação de férias escolares no período do evento e de feriados nas
cidades-sedes durante os dias de jogo tinham dois únicos propósitos: resguardar
a mobilidade urbana das cidades, pois nenhuma conseguiria suportar o tráfego
diário acrescido do de torcedores; e diminuir o movimento nos aeroportos
inacabados ainda em sua maioria.
Quando se conjetura uma injeção
de R$ 30 bilhões na economia – por “coincidência”, o mesmo valor dos gastos
(bem maiores que previstos inicialmente) –, esquecem de que não há ainda o
cálculo de quanto a economia perdeu com tantos feriados.
A economia não vive de
conjeturas, mas de números reais; que o valor do PIB confirme tal crescimento
em virtude da Copa e comemore-se!
E o número de turistas que passou
de um milhão, segundo dados ainda não oficiais.
Torçamos que tenha sido essa
cifra para repetirmos o desempenho inédito de 6 milhões de turistas de 2013,
resultado, especialmente fortalecido pelos cerca de 400 mil peregrinos que
vieram em 2013 para a Jornada Mundial da Juventude.
Mas não importa, sejam 500 mil ou
um milhão, que eles voltem e tragam mais turistas!
Assim, um dia, o Brasil
ultrapassará países como mais de 10 milhões de visitantes como Marrocos ou
Cingapura, citando países pequenos e longe dos destinos tradicionais do
hemisfério norte… e sonharemos com um dia ter os 26,5 milhões de turistas que a
Tailândia ou os 25,6 milhões da Malásia!
E os legados?
Daqueles sempre citados,
esperamos que sejam todos concluídos o mais breve possível, e torçamos para que
não fiquem na nossa conta a manutenção dos “elefantes brancos”, como o Estádio
Nacional de Brasília, que só com manutenção, segundo números de estudos
internacionais, gastará entre 50 a 100 milhões anualmente.
E haja show da Beyoncé, Madonna,
U2… (E quando serão explicados aos brasileiros os aumentos nos valores das
obras? Esperemos os próximos capítulos.)
Legados reais: a confirmação de
que cambistas agiam diretamente relacionados com a FIFA; a receptividade do
povo brasileiro que sempre foi inquestionável; o “jeitinho brasileiro” que,
sempre, consegue realizar qualquer coisa de modo satisfatório com os recursos
que se tem (mesmo não sendo os ideais); e a demonstração de que um país como a
Alemanha, com carga tributária pouco superior à nossa, consegue ter educação,
segurança, saúde e… o melhor futebol do mundo!
Fonte: http://josecruz.blogosfera.uol.com.br/
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