sexta-feira, dezembro 04, 2015

As travessuras de Marco Polo Del Nero e Ricardo Teixeira...

O assunto do momento é o indiciamento dos cartolas brasileiros, Ricardo Teixeira e Marco Polo Del Nero...

O primeiro, ex-presidente da CBF e o segundo, o atual mandatário.

Porém, poucos sabem quais os esquemas que levaram o Departamento de Justiça dos Estados Unidos, a indiciar a dupla...

Abaixo, as informações que foram disponibilizadas pela justiça americana sobre as travessuras dos dois e de José Maria Marin, já extraditado para o Estados Unidos.

Escalação de jogadores na Copa América

J. Hawilla, presidente da Traffic, concordou em fazer pagamentos à CBF para garantir que a entidade escalasse seus melhores jogadores na Copa América nas edições entre 2001 e 2011.

Em algumas oportunidades, Ricardo Teixeira pediu que Hawilla fizesse pagamentos a contas desconhecidas pelo presidente da Traffic, e um diretor financeiro da empresa lhe informou que as contas não eram da CBF.

Curiosamente, a entidade parecia incapaz de cumprir até seus acordos escusos, já que o Brasil venceu a Copa América de 2004 com o time reserva.

Direitos de transmissão da Copa Libertadores

Marco Polo Del Nero, Ricardo Teixeira, José Luís Meiszner (responsável pela comercialização de direitos dos principais torneios da Argentina) e José Maria Marin receberam propina de Alejandro Burzaco e do co-conspirador #12 para apoiarem a T&T (uma parceria entre a Traffic e a Torneos) como detentora dos direitos de transmissão da Copa Libertadores.

Direitos de transmissão da Copa do Brasil

Ao longo do período entre 1990 e 2009, Ricardo Teixeira recebeu, diversas vezes, propina de J. Hawilla para a venda dos direitos de transmissão da Copa do Brasil.

Em 2011, uma empresa de marketing esportivo, fundada por um ex-funcionário da Traffic, entrou na disputa pelos direitos da competição nas edições entre 2015 e 2022.

Para conseguir o contrato com a CBF, o dono desta empresa, chamado de co-conspirador #7 pela investigação do FBI, concordou em pagar uma propina anual a Ricardo Teixeira.

O co-conspirador #7 viajou para os Estados Unidos para discutir o assunto com ex-presidente da entidade.

A assinatura do contrato entre a nova empresa e a CBF levou a uma disputa entre o co-conspirador #7 e José Hawilla.

Para resolver a questão, a Traffic e a nova empresa entraram em um acordo, em agosto de 2012, para dividir os direitos de transmissão e os lucros das edições da Copa do Brasil entre 2013 e 2022.

A Traffic ainda aceitou pagar R$ 12 milhões à empresa do co-conspirador #7.

Após o acordo, o co-conspirador#7 avisou Hawilla que o valor da propina que havia acertado com Ricardo Teixeira havia aumentado, após José Maria Marin e Marco Polo Del Nero também exigirem pagamentos.

Hawilla aceitou pagar metade da propina, ou R$ 2 milhões por ano, que seria distribuída entre Teixeira, Marin e Del Nero.

Patrocínio da CBF

Esta história já era conhecida desde o fim de maio, mas desta vez Ricardo Teixeira e Del Nero aparecem nomeados no documento do FBI.

Após a conquista do Tetra na Copa de 1994, a Nike abordou a CBF para patrocinar a Seleção, mas a entidade já tinha um acordo com a Umbro.

Como parte do acordo básico, a Nike gastou US$ 200 milhões, parte dele ressarcindo a Umbro, que tinha contrato com a CBF, e o negócio foi fechado em 1996.

A Nike pagou US$ 160 milhões à CBF em dez anos, e a entidade repassou uma porcentagem do valor para a Traffic.

A Nike concordou em pagar US$ 40 milhões adicionais a um afiliado à Traffic, e Hawilla ainda repassou metade do que recebeu no acordo para Ricardo Teixeira.

Direitos de transmissão da Copa América

A Datisa, que comprou em 2013 os direitos de transmissão da Copa América entre 2015 e 2023, aceitou pagar propinas milionárias para dirigentes e ex-dirigentes da Conmebol e de federações sul-americanas.

Entre eles, os ex-presidentes da Conmebol Eugenio Figueredo e Nicolás Leóz e os brasileiros Ricardo Teixeira, José Maria Marin e Marco Polo Del Nero.


O Departamento de Justiça dos Estados Unidos, nesta quinta-feira, indiciou mais 16 dirigentes, evolvidos em corrupção no futebol...

Foram eles:

Marco Polo Del Nero, Ricardo Teixeira, Alfredo Hawit, Ariel Alvarado, Rafael Callejas, Brayan Jiménez, Rafael Salguero, Héctor Trujillo, Reynaldo Vazquez, Juan Ángel Napout, Manuel Burga, Carlos Chávez, Luís Chiriboga, Eduardo Deluca, José Luis Meiszner e Romer Osuna.

Após o anuncio, a procurador Loretta Lynch, procuradora-geral americana, afirmou que o Departamento de Justiça dos EUA está comprometido em encerrar a sujeira dos esquemas de corrupção citados, não apenas porque eles são enormes, mas também por causa dos princípios internacionais que eles afrontam...

Disse mais:

“A traição de confiança que aconteceu aqui é revoltante. A escala de corrupção é exorbitante. E a mensagem desse anúncio deveria ser clara para cada indivíduo culpável que se mantém nas sombras, torcendo para escapar da nossa investigação: você não vai conseguir. Você não vai escapar do nosso foco”.

Teixeira está sendo acusado de ter recebido propinas que podem chegar a US$ 20 milhões (o equivalente a R$ 80 milhões na cotação atual) em contratos de competições que a CBF e a Conmebol administravam, além da parceria com a Nike, firmada em 1996...

Del Nero levou sua grana por fora em contratos da Copa do Brasil e de torneios da Conmebol.

Ricardo Teixeira e Marco Polo Del Nero, foram indiciados por lavagem de dinheiro, fraude e conspiração para extorquir.

No processo, consta que os dois, junto com José Maria Marin, que já está preso em Nova York, “conspiraram de forma intencional e consciente para criar um esquema para fraudar a CBF”.

Nenhum comentário: