O assunto do
momento é o indiciamento dos cartolas brasileiros, Ricardo Teixeira e Marco
Polo Del Nero...
O primeiro,
ex-presidente da CBF e o segundo, o atual mandatário.
Porém, poucos
sabem quais os esquemas que levaram o Departamento de Justiça dos Estados
Unidos, a indiciar a dupla...
Abaixo, as
informações que foram disponibilizadas pela justiça americana sobre as travessuras
dos dois e de José Maria Marin, já extraditado para o Estados Unidos.
Escalação de jogadores na Copa América
J. Hawilla,
presidente da Traffic, concordou em fazer pagamentos à CBF para garantir que a
entidade escalasse seus melhores jogadores na Copa América nas edições entre
2001 e 2011.
Em algumas
oportunidades, Ricardo Teixeira pediu que Hawilla fizesse pagamentos a contas
desconhecidas pelo presidente da Traffic, e um diretor financeiro da empresa
lhe informou que as contas não eram da CBF.
Curiosamente,
a entidade parecia incapaz de cumprir até seus acordos escusos, já que o Brasil
venceu a Copa América de 2004 com o time reserva.
Direitos de transmissão da Copa Libertadores
Marco Polo
Del Nero, Ricardo Teixeira, José Luís Meiszner (responsável pela
comercialização de direitos dos principais torneios da Argentina) e José Maria
Marin receberam propina de Alejandro Burzaco e do co-conspirador #12 para
apoiarem a T&T (uma parceria entre a Traffic e a Torneos) como detentora
dos direitos de transmissão da Copa Libertadores.
Direitos de transmissão da Copa do Brasil
Ao longo do
período entre 1990 e 2009, Ricardo Teixeira recebeu, diversas vezes, propina de
J. Hawilla para a venda dos direitos de transmissão da Copa do Brasil.
Em 2011, uma
empresa de marketing esportivo, fundada por um ex-funcionário da Traffic,
entrou na disputa pelos direitos da competição nas edições entre 2015 e 2022.
Para
conseguir o contrato com a CBF, o dono desta empresa, chamado de co-conspirador
#7 pela investigação do FBI, concordou em pagar uma propina anual a Ricardo
Teixeira.
O
co-conspirador #7 viajou para os Estados Unidos para discutir o assunto com
ex-presidente da entidade.
A assinatura
do contrato entre a nova empresa e a CBF levou a uma disputa entre o
co-conspirador #7 e José Hawilla.
Para resolver
a questão, a Traffic e a nova empresa entraram em um acordo, em agosto de 2012,
para dividir os direitos de transmissão e os lucros das edições da Copa do
Brasil entre 2013 e 2022.
A Traffic
ainda aceitou pagar R$ 12 milhões à empresa do co-conspirador #7.
Após o
acordo, o co-conspirador#7 avisou Hawilla que o valor da propina que havia
acertado com Ricardo Teixeira havia aumentado, após José Maria Marin e Marco
Polo Del Nero também exigirem pagamentos.
Hawilla
aceitou pagar metade da propina, ou R$ 2 milhões por ano, que seria distribuída
entre Teixeira, Marin e Del Nero.
Patrocínio da CBF
Esta história
já era conhecida desde o fim de maio, mas desta vez Ricardo Teixeira e Del Nero
aparecem nomeados no documento do FBI.
Após a
conquista do Tetra na Copa de 1994, a Nike abordou a CBF para patrocinar a
Seleção, mas a entidade já tinha um acordo com a Umbro.
Como parte do
acordo básico, a Nike gastou US$ 200 milhões, parte dele ressarcindo a Umbro,
que tinha contrato com a CBF, e o negócio foi fechado em 1996.
A Nike pagou
US$ 160 milhões à CBF em dez anos, e a entidade repassou uma porcentagem do
valor para a Traffic.
A Nike
concordou em pagar US$ 40 milhões adicionais a um afiliado à Traffic, e Hawilla
ainda repassou metade do que recebeu no acordo para Ricardo Teixeira.
Direitos de transmissão da Copa América
A Datisa, que
comprou em 2013 os direitos de transmissão da Copa América entre 2015 e 2023,
aceitou pagar propinas milionárias para dirigentes e ex-dirigentes da Conmebol
e de federações sul-americanas.
Entre eles,
os ex-presidentes da Conmebol Eugenio Figueredo e Nicolás Leóz e os brasileiros
Ricardo Teixeira, José Maria Marin e Marco Polo Del Nero.
O Departamento
de Justiça dos Estados Unidos, nesta quinta-feira, indiciou mais 16 dirigentes,
evolvidos em corrupção no futebol...
Foram eles:
Marco Polo
Del Nero, Ricardo Teixeira, Alfredo Hawit, Ariel Alvarado, Rafael Callejas,
Brayan Jiménez, Rafael Salguero, Héctor Trujillo, Reynaldo Vazquez, Juan Ángel
Napout, Manuel Burga, Carlos Chávez, Luís Chiriboga, Eduardo Deluca, José Luis
Meiszner e Romer Osuna.
Após o
anuncio, a procurador Loretta Lynch, procuradora-geral americana, afirmou que o
Departamento de Justiça dos EUA está comprometido em encerrar a sujeira dos
esquemas de corrupção citados, não apenas porque eles são enormes, mas também
por causa dos princípios internacionais que eles afrontam...
Disse mais:
“A traição de
confiança que aconteceu aqui é revoltante. A escala de corrupção é exorbitante.
E a mensagem desse anúncio deveria ser clara para cada indivíduo culpável que
se mantém nas sombras, torcendo para escapar da nossa investigação: você não
vai conseguir. Você não vai escapar do nosso foco”.
Teixeira está sendo acusado de
ter recebido propinas que podem chegar a US$ 20 milhões (o equivalente a R$ 80
milhões na cotação atual) em contratos de competições que a CBF e a Conmebol
administravam, além da parceria com a Nike, firmada em 1996...
Del Nero levou sua grana por fora
em contratos da Copa do Brasil e de torneios da Conmebol.
Ricardo Teixeira e Marco Polo Del
Nero, foram indiciados por lavagem de dinheiro, fraude e conspiração para
extorquir.
No processo, consta que os dois,
junto com José Maria Marin, que já está preso em Nova York, “conspiraram de forma
intencional e consciente para criar um esquema para fraudar a CBF”.
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