CBF tem no Congresso um aliado
político até para reposição de cartola
José Cruz
2001 – Relatório da CPI da CBF
Nike – Câmara dos Deputados
“O trabalho mostra como o futebol
vem sendo usado para a promoção de grandes negócios. São milhões de dólares que
rolam em contratos obscuros e desaparecem. Quanto maior o contrato, mais
endividadas ficam a CBF, as federações e os clubes, enquanto fortunas privadas
formam-se rapidamente, administradas em paraísos fiscais de onde brotam
mansões, iates, e se alimenta o poder de cooptação e de corrupção”...
Desmoralização
Uma década e meia depois dessa
constatação da CPI a Justiça dos Estados Unidos desmoraliza as instituições
brasileiras ao escancarar as falcatruas de cartolas da CBF, que já sabíamos.
Nesse tempo de omissões,
fortaleceram-se as relações de poderosos cartolas com deputados e senadores,
através da conhecida Bancada da Bola, enquanto sangravam os cofres do futebol
em nome do patrimônio “Seleção Brasileira''.
João Havelange renunciou ao cargo
de presidente de Honra da Fifa, Ricardo Teixeira demitiu-se da CBF às vésperas
da Copa 2014, José Maria Marin está com prisão domiciliar sob o comando da Justiça
dos Estados Unidos, e Marco Polo Del Nero fez “demissão branca'', na
sexta-feira.
Entrosamento político
Tão íntimo é o entrosamento do
futebol com políticos que o novo presidente da CBF é um deputado federal,
Marcus Antônio Vicente. Trata-se de um saltitante político, que já esteve na
Arena – partido de sustentação à ditadura militar – PFL, PSDB, PPB e o atual
PTB.
As relações do futebol com o
Legislativo estendem-se através de outros dois deputados-cartolas – ou
vice-versa, que dá no mesmo… –, como Vicente Cândido (PT/SP), que é diretor
Internacional da CBF, e Marcelo Aro (PHS/MG), diretor de Ética e Transparência…
O entrosamento continua.
Fernando Sarney é vice-presidente
da CBF, sob o prestígio de seu pai, o ex-senador José Sarney, que também apoiou
a ditadura.
Fernando é filho dessa cultura.
Nos corredores, gabinetes e
bastidores do Congresso circula como lobista o assessor legislativo da CBF,
Vandembergue Machado.
Vandembergue é funcionário
aposentado do Senado, amigo íntimo do presidente da Casa, Renan Calheiros, o
que facilita o seu trânsito entre as excelências para fazer valer os interesses
da CBF.
Por exemplo, atrasar a pauta da
CPI do Futebol.
Para isso, Vandembergue convence
senadores, “amigos'' do futebol, a se ausentarem das sessões para reduzir o
quórum e inviabilizar decisões, nem sempre possíveis, pois sigilos já foram
quebrados e o resultado mostra os caminhos da falcatrua.
Daí o desespero de que a CPI
avance.
É este conjunto de omissões
propositais (?) e tráfico de influências do futebol com políticos que a Justiça
dos Estados Unidos está desmoralizando de uma só vez, punindo lá fora o que o
Estado Brasileiro deixou de cumprir há mais de dez anos.
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