Torcedores ou simpatizantes: uma nova pesquisa detalha a composição das
torcidas
Acompanhar mais de um time de futebol é um fenômeno difundido por todo
o futebol brasileiro.
O Ibope Repucom mapeou quais clubes têm mais fãs de fato
Rodrigo Capelo para a Revista Época
Flamengo e Corinthians continuam
a encabeçar a lista de maiores torcidas do futebol brasileiro.
Em nova pesquisa produzida pelo
Ibope Repucom, os dois clubes aparecem com 23% e 19%, respectivamente, da
população brasileira com mais de 16 anos que demonstra interesse por futebol.
Mas há mais.
Dentro de cada torcida, o
instituto mapeou quantas pessoas têm o time de futebol como primeira opção e
quantas o apontam como segunda opção, isto é, um clube pelo qual se tem
simpatia, mas uma relação menos intensa do que com aquele para o qual se torce.
E os resultados indicam que
algumas narrativas recorrentes sobre o tema estão equivocadas.
Entre torcedores adversários, é
comum que se tente desqualificar a torcida do Flamengo com a teoria de que seus
torcedores se dividem entre mais de um time.
"O cidadão que mora em Brasília tem carinho por Brasiliense e
Flamengo".
"O que vive no Ceará torce por Fortaleza e Flamengo".
Como se esta fosse a explicação
para a torcida que lidera pesquisas.
Na realidade, este é um fenômeno
difundido.
Há pessoas que torcem para mais
de um time de futebol por todo o país.
E, especificamente no caso
flamenguista, esta explicação está incorreta.
O Ibope Repucom mostra que, na
torcida do Flamengo, 81% o têm como primeiro time e 19% o colocam como segunda
opção.
As maiores torcidas do futebol brasileiro
23% – Flamengo
19% – Corinthians
10% – São Paulo
9% – Palmeiras
6% – Vasco da Gama
4% – Grêmio
4% – Santos
4% – Cruzeiro
3% – Internacional
3% – Atlético-MG
2% – Sport
2% – Fluminense
2% – Bahia
2% – Botafogo
1% – Vitória
1% – Ceará
1% – Santa Cruz
1% – Atlético-PR
0,5% – Paysandu
0,5% – Fortaleza
Fonte: Ibope Repucom
Os percentuais rubro-negros não
diferem muito de outras equipes de primeira linha.
No Rio Grande do Sul, Grêmio e
Internacional têm percentuais maiores (86%) de torcedores que identificam seus
clubes de coração como primeira opção.
Em São Paulo, onde é comum se
dizer que "corintiano é só corintiano", o Corinthians aparece com 82%
de pessoas enquadradas como torcedoras, enquanto 18% são simpatizantes do time
alvinegro.
Desses quatro para baixo, os
percentuais de "simpatizantes" crescem.
Entre os times de primeira
divisão, a proporção só vira a partir do Paraná, que têm menos torcedores de
"primeira resposta" (44%) do que de "segunda" (56%).
Os dados do Ibope Repucom também
mostram que a Chapecoense, depois da tragédia que vitimou quase toda a equipe em
novembro de 2016, foi adotada por muitos torcedores como segundo time.
Tanto que de toda sua torcida 77%
a colocam como segunda opção, enquanto 23%, provavelmente pessoas fisicamente
próximas do time catarinense, a têm como primeiro time.
Não quer dizer que essa proporção
seja negativa.
Ter conquistado o carinho das
pessoas possibilita à Chapecoense fazer desta característica uma oportunidade,
na hora de vender produtos e ingressos ou de negociar patrocínios e acordos de
televisão.
A simpatia é útil à Chapecoense,
como já foi com outras equipes brasileiras simpáticas às massas, como a
Portuguesa em São Paulo e o América no Rio de Janeiro.
Torcedores (e simpatizantes) dos times da primeira divisão
86% (14%) – Grêmio
86% (14%) – Inter
82% (18%) – Corinthians
81% (19%) – Flamengo
79% (21%) – Vasco daGama
77% (23%) – São Paulo
76% (24%) – Cruzeiro
75% (25%) – Palmeiras
74% (26%) – Atlético-MG
70% (30%) – Sport
66% (34%) – Santos
66% (34%) – Vitória
65% (35%) – Atlético-PR
64% (36%)– Ceará
59% (41%) – Fluminense
56% (44%) – Bahia
55% (45%) – Botafogo
44% (56%) – Paraná
23% (77%) – Chape
7% (93%) – América-MG
Fonte: Ibope Repucom
A pesquisa faz parte do estudo
DNA Torcedor, ainda não divulgado ao público pelo Ibope Repucom.
O material foi obtido com
exclusividade por ÉPOCA com fontes do mercado.
Ainda há mais a ser detalhado.
O estudo completo é composto por
três grandes pesquisas: uma rodada de entrevistas presenciais, uma de
entrevistas pela internet e um mapeamento de tudo o que foi dito em relação aos
clubes nas redes sociais por dois anos.
A soma dessas três pesquisas foi
o que possibilitou ao Ibope Repucom traçar um perfil mais detalhado das
torcidas, para que os times conheçam seus fãs e simpatizantes.
A pesquisa presencial,
propriamente dita, foi produzida entre junho e agosto de 2017.
Foram entrevistadas pessoas de
6.006 domicílios em todo o país, a considerar apenas maiores de 16 anos que
demonstram interesse por futebol.
É por isso que o ranking de
torcidas não tem um percentual de gente que não torce por time nenhum.
Também por isso o estudo não deve
ser comparado com outros realizados por institutos similares, nos quais
geralmente se inclui a parcela da população que não gosta de futebol.
A pesquisa do Ibope Repucom tem
margem de erro de pontos percentuais para baixo ou para cima.
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