Globo vai cortar verba para os Estaduais
Atitude pode influenciar mudança de calendário do futebol nacional no
futuro
Por Erich Beting para o Máquina do Esporte
A lógica do mercado começa a ser
aplicada pela Globo na negociação dos direitos de transmissão dos Estaduais
pelo país.
E isso pode fazer com que, a
partir do ano que vem, apenas quatro torneios recebam dinheiro da emissora,
causando o estrangulamento financeiro da maioria das competições.
Na noite da última terça-feira
(6), o presidente do Conselho do Atlético-PR, Mário Celso Petraglia, declarou à
rádio Transamérica que a emissora não vai mais renovar os contratos dos
Estaduais em breve: "Em 2020, a
Globo não comprará nenhum Estadual. Ela não quer mais. Quer antecipar o
calendário para fevereiro", afirmou.
A informação não foi confirmada
pela Globo, mas a emissora também não tratou de negar frontalmente a
declaração.
À Máquina do Esporte, Fernando
Manuel, diretor de direitos esportivos da Globo, disse que a emissora pensa no
negócio.
"De fato, tenho defendido que o futebol brasileiro repense o
calendário. Joga-se demais e com pouca orientação comercial na alocação de
datas. Isso nos envolve, pois temos visão e objetivos comerciais, uma parceria
com os clubes na venda do Premiere. E o calendário é peça fundamental disso. Se
os Estaduais devem acabar no futuro? Não me cabe responder, mas sim ao
ecossistema do futebol. Antes de um grande produto de mídia, eventos devem ser
grandes produtos esportivos."
Segundo apurou a Máquina do
Esporte, os únicos Estaduais com contratos um pouco mais longos são o Paulista,
o Carioca, o Mineiro e o Gaúcho.
Dos quatro, só o de São Paulo não
poderia ser rompido antes do término da atual vigência, até 2021.
O Estadual do Rio também tem
gatilhos que permitem a saída antecipada da emissora, mas como teve valor
elevado neste ano, isso dificilmente seria aplicado.
Manuel, porém, é crítico em
relação ao tamanho e à importância que os Estaduais tomaram no calendário.
Segundo ele, um terço do ano do
futebol é consumido pelas competições regionais, o que acaba enfraquecendo
nacionalmente o produto.
"O fato de um terço do ano estar dedicado a eventos regionais traz
efeitos colaterais, desde um inevitável distanciamento de receitas entre clubes
por causa do seu estado de origem até a perda de atenção plena do torcedor
brasileiro no nosso futebol como um todo, pois durante os Estaduais cada
mercado acaba ignorando o que acontece nos outros", disse Manuel, que
defende o redimensionamento dos Estaduais, que assim se tornariam mais curtos.
Sem a verba da Globo, esse deve
ser o caminho mais natural para as competições nos próximos anos.
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