quinta-feira, maio 02, 2019

Superga: a tarde em que desapareceu toda a equipe do Torino...

Imagem: Autor Desconhecido

A tarde em que desapareceu o Torino

Roberto Palomar para o Diário Marca

Ainda hoje causa arrepios a tragédia que atingiu o Torino, Il Grande Torino, em 4 de maio de 1949.

A catástrofe da Chapecoense permanece fresca na memória de todos, mas nada chocou tanto o futebol mundial como o acidente Equipe italiana.

É apenas comparável à sofrida pelo Manchester United, em Munique, nove anos depois.

Com uma diferença: o Torino desapareceu completamente e foi, num momento em que era o melhor time do continente.

Haviam vencido quatro scudettos consecutivos e, no momento da tragédia, ele era o líder e isolado e incontestável da Liga Italiana.

Tanto que a Federação lhe concedeu o título postumamente.

A concessão do título não foi apenas uma questão de cortesia e sensibilidade diante tragédia.

Seus rivais, além de estarem chocados como o resto do mundo, estavam convencidos de que o Torino teria sido impossível naquele ano, para o Grande Torino.

Além das perdas humanas, o halo mítico que cercava aquele time tornou a ferida da catástrofe ainda mais profunda.

Com desaparecimento do Torino, não apenas um clube inteiro sumiu no melhor momento de sua história.

A seleção italiana foi profundamente afetada...
Dez de seus jogadores eram titulares da seleção, apenas o goleiro pertencia Juventus.

A Itália, reinava na Europa e, queria confirmar a sua supremacia no Mundo na Copa do Brasil de 1950.

Não foi possível porque quase toda a Azzura morreu na Basílica de Superga, em cujo muro o avião que transportava o Torino de volta para casa depois de um amistoso em Lisboa e uma escala em Barcelona se despedaçou.

A tragédia está tão bem documentada que é possível datar exatamente o tempo do impacto: cinco e cinco minutos à tarde.

Apenas um pouco antes, o piloto tinha dito a torre de controle que o avião estava perfeitamente alinhado com a pista e que, apesar da tormenta e da falta de visibilidade em virtude das nuvens que cobriram tudo, logo pousariam em Turim.

O Torino jogou a noite anterior contra o Benfica, em Lisboa, no jogo em homenagem ao seu grande capitão Xico Ferreira (23 de agosto de 1919/Lisboa, 14 de dezembro de 1986).

De manhã, às 9h40, saíram da capital portuguesa para Barcelona.

A aeronave, um trimotor da Fiat, não tinha autonomia suficiente para chegar a Turim e teve que fazer uma parada técnica para reabastecer.

O destino foi cruel...

Os últimos a estarem com a delegação do Torino foram os membros de um dos rivais mais acirrados: o Milan.

A equipe da Lombardia também parou em Barcelona, ​​com destino a Madri.

A época o futebol, muito mais humanizado do que agora, permitiu que dividissem a mesa durante o almoço no aeroporto de Barcelona.

Depois, todos seguiram seu destino.

Na verdade, foi como um último jogo.

A aproximação

A investigação do acidente foi tão minuciosa que os detalhes são conhecidos de maneira milimétrica.

O plano de voo mostrou que a rota a ser seguida passaria por Cap de Creus, Toulon, Nice, Albenga e Savona.

Em seguida, a aeronave faria curva para o norte em direção a Turim.

Às cinco e cinco da tarde, a torre de controle comunicou-se com o tenente-coronel Meroni, comandante do avião.

Ele descreveu o clima na capital do Piemonte: chuva, nuvens baixas, visibilidade de 40 metros e ventos tempestuosos.

Após um breve silêncio, o comandante deu sua posição.

Um farol de rádio no Pino Torinese ajudou-o a tomar as coordenadas para se alinhar com a pista.

- "Estamos a 2.000 metros acima do nível do mar", disse Meroni.

- "Nós vamos cortar Superga."

E nesse ponto que a tragédia ganha uma explicação...

Porque nem o avião estava alinhado com a pista, nem estava a 2.000 metros.

A aeronave, na verdade estava alinhada com a montanha dá nome à Basílica, e sua altitude era de 675 metros, muito abaixo do que pensava o piloto.

O que aconteceu para que uma manobra aparentemente fácil acabasse em tragédia?

As teorias são diversas.

De uma falha no altímetro à deriva para estibordo, o que levou ao avião contra a montanha por causa das fortes rajadas de vento.

O fato é que, apenas três ou quatro minutos após a última comunicação, o avião colidiu com a muralha que circunda a basílica.

Não havia indicações de que o comandante tenha feito qualquer tipo de manobra dissuasiva.

O golpe foi frontal.

Mais da metade do avião se desintegrou com o impacto, deixando apenas parte da cauda, ​​quase despercebida, visivelmente intacta.

Os 31 ocupantes da aeronave morreram.

18 eram jogadores do Torino.

Os dois treinadores, os dois dirigentes e os três jornalistas que acompanharam a equipe também morreram.

O único sobrevivente do elenco do Torino foi Sauro Toma, que não viajou a Lisboa devido a uma lesão no joelho.

Toma passou o resto de seus dias carregando o sentimento de culpa por não estar naquele avião com seus companheiros.

Turim foi às ruas para se despedir de seus jogadores e a solidariedade veio de todos os cantos do planeta.

Poucos dias depois, o River Plate, com Alfredo di Stéfano no comando, veio jogar um amistoso contra um combinado que representou o Campeão Italiano de 1949.

Il Grande Torino permaneceu para sempre nos corações dos fãs.

 Imagem: Autor Desconhecido

 Imagem: Autor Desconhecido

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