sábado, agosto 24, 2019

Morreu José Luis Brow... Tata Brown: um gol, um gesto, a conquista do mundo e a eternidade de glória.

Imagem: Twitter Gabriel Batistuta

Tata Brown: um gol, um gesto, a conquista do mundo e a eternidade de glória

José Luis Brow, zagueiro argentino campeão do mundo em 1986, faleceu na última semana, aos 62 anos, após lutar contra o Mal de Alzheimer.

Deixou como legado uma história que diz mais sobre a vida do que sobre futebol.

Pedro Henrique Brandão Lopes

Mais conhecido como El Tata Brown, o zagueiro foi convocado para ser reserva de ninguém menos do que Daniel Passarella, o já veterano capitão do Mundial de 1978.

Carlos Billardo foi quem bancou a convocação de Tata Brown, que estava sem clube e sofria com lesões no joelho.

Billardo conhecia a coragem e disposição de Brown desde 1975, quando promoveu o jovem ao time principal do Estudiantes.

Na preparação para a estreia, porém, Passarella teve uma intoxicação alimentar e não pôde jogar.

O questionado Brown assumiu a titularidade e jogou como um veterano.

Titular nos sete jogos da Copa, o zagueiro não comprometeu, mas também estava longe de ser um primor com a bola nos pés.

Tata Brown seguiu questionado até o dia 29 de junho de 1986, quando, aos 23 minutos do primeiro tempo da final contra a Alemanha no Estádio Azsteca, o zagueiro subiu mais alto que a zaga alemã para encontrar a bola cruzada por Burruchaga e testar forte para balançar as redes defendidas por Schumacher.

O gol abriu o marcador da decisão do Mundial que ao final da partida apontou: Argentina 3 a 2 Alemanha.

Em 36 jogos com a camisa Albiceleste, Brown marcou apenas um gol pela Argentina, justamente aquele no Estádio Azteca.

“O destino e Deus quiseram que fosse na final. Esse gol mudou meu documento. Desde então, passei a ser: José Luis Brown, o que fez o gol na final da Copa do Mundo”.

Era o bicampeonato mundial dos hermanos e Brown havia contribuído para o feito.

Porém, o gol foi o primeiro ato que levou Brown à história, o outro aconteceu na etapa final quando o zagueiro luxou o ombro após uma dividida.

Qualquer outro jogador naquele momento pediria a substituição, afinal, ele já havia feito mais do que sua parte: um gol em final de Copa do Mundo.

Tata Brown, não!

No atendimento, disse ao médico: “nem pense em me tirar, não saio nem morto”.

Mesmo com a dor insuportável, permaneceu em campo.

Para imobilizar o ombro machucado e não deixar o gramado, o zagueiro fez um furo no centro de sua camisa, apoiou o polegar, jogou o restante da partida e foi campeão do mundo assim.

Como homenagem, na rodada da Superliga Argentina, no último fim de semana, não houve a repetição do gol de cabeça do zagueiro, o que houve foi um minuto de silêncio antes de todas as partidas e os capitães dos clubes argentinos repetiram o gesto eterno de José Luis “Tata” Brown.


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