Imagem: Reprodução/Athletico Paranaense
Arena da
Baixada: de granja a palco da Copa do Mundo
Jaqueilton
Gomes/Universidade do Esporte/Ludopédio
O estádio,
que hoje é casa do Athletico Paranaense, nasceu antes mesmo do surgimento
oficial do Furacão e foi se desenvolvendo com o clube, até se tornar um dos
mais modernos do mundo
Com o nome
oficial de Joaquim Américo Guimarães, o estádio foi o primeiro do Estado do
Paraná e desde então é sinônimo de evolução e pioneirismo, quando se fala em
palcos do futebol no Brasil. Antes, para começar a entender a história, é
preciso saber quem foi o homem que dá nome a Arena.
Joaquim
Américo Guimarães foi fundador e presidente do Internacional Foot-Ball Club e
organizador das primeiras competições de futebol no estado do Paraná, ainda em
1910.
Para dar uma
casa ao seu clube, ele alugou em 1912 uma chácara localizada no bairro Água
Verde, onde seria a sede e o campo oficial do Internacional FC.
A
concretização do sonho não demorou e logo foi construída uma arquibancada de
madeira para abrigar os torcedores que acompanhavam as partidas dos torneios
amadores realizados por Américo, antes da criação do Campeonato Estadual.
No ano
seguinte, em dezembro de 1913, um grande festival esportivo, com a presença de
1.500 torcedores, inaugurou oficialmente a praça esportiva, então chamada de
Baixada do Água Verde.
No ano
seguinte, o estádio pioneiro do Paraná sediou o primeiro jogo oficial do
Flamengo fora do Estado do Rio de Janeiro.
O Rubro-Negro
carioca foi até a capital paranaense para enfrentar o Internacional, na primeira
partida interestadual da história de Curitiba.
O placar do
jogo foi um estrondoso 7 a 1 para os cariocas.
Primeira
edição do Campeonato Paranaense
Em 1915, o
estádio recebeu todos os jogos do Campeonato Paranaense.
O campo era o
único com condições adequadas em Curitiba para receber as partidas.
Para coroar e
acentuar o pioneirismo do campo, o Internacional, time da casa, foi o vencedor
da competição com a incrível campanha de dez vitórias em dez jogos.
Aquela foi a
primeira e única conquista oficial da equipe.
Dois anos
mais tarde, em 1917, Joaquim Américo morreu, aos 38 anos de idade, e não teve a
oportunidade de ver o seu Internacional se fundir ao América para dar vida ao
Club Athletico Paranaense, oficialmente fundado em 26 de março de 1924.
O novíssimo
clube de futebol curitibano acabou herdando o patrimônio de seu antecessor, e
manteve a sede na chácara alugada junto à família Hauer, prorrogando o período
de aluguel do imóvel.
Um ano após a
fundação, o Furacão deu sua primeira mostra de que nasceu para ser um campeão,
e depois de uma campanha quase perfeita, com oito vitórias, três empates e
apenas uma derrota, o recém-nascido time foi campeão paranaense pela primeira
vez, e jogando em seu estádio, venceu o Savóia por 3 a 1 na decisão.
Aquisição
definitiva e evolução da Baixada do Água Verde
Já na década
de 1930, o clube finalmente conseguiu a posse definitiva do terreno que se
mantinha alugado.
Um outro
terreno, localizado no Juvevê, bairro da capital paranaense, foi dado em troca
do lugar onde era instalado o Furacão.
Só aí, o
estádio ganhou o nome de Joaquim Américo Guimarães, que mantém até hoje, em
homenagem ao visionário que impulsionou o futebol no estado e fundou o clube
que mais tarde deu vida ao hoje Athletico, campeão do Brasil e da
Sul-Americana.
Seguindo sua
linha de inovação, o primeiro estádio de futebol do Paraná partiria agora para
outra fase de sua história, e as primeiras arquibancadas de madeira,
construídas antes de existir o Athletico Paranaense, deram lugar a assentos de
concreto em 1937, e assim permaneceu até sua ampliação, em 1967, quando foram
construídos novos degraus, dando mais espaço para a torcida do Furacão que ainda
iria crescer e viver muitas glórias nas décadas seguintes.
Após essa
fase, o Joaquim Américo passou anos estagnado, e só no ano de 1980 viu uma
novidade, quando foram instaladas as torres de iluminação elétrica do estádio,
após doações de torcedores apaixonados.
No entanto, a
nova reforma não foi suficiente diante de anos tenebrosos vividos pelo Furacão
dentro de campo, que acabou refletindo nas finanças do clube, e isso acabou
deixando o primeiro estádio de futebol do Paraná bastante defasado em relação
ao Couto Pereira, a casa do arquirrival Coritiba.
Anos difíceis
longe de casa
Com tudo
isso, a direção do Athletico resolveu mudar drasticamente e, em 1986, optou por
deixar de mandar seus jogos no lendário estádio, se desfazendo da cobertura e
das torres de iluminação que há pouco havia adquirido.
A partir de
então, os jogos do clube eram disputados no Estádio Pinheirão, recém reformado
pela Federação Paranaense de Futebol.
Algumas
propostas foram feitas no intuito de transformar a velha Baixada em um novo
empreendimento, e entre elas, até a de construção de um shopping center.
No entanto,
nada foi feito, e o campo que agora estava sendo usado apenas para treinamentos
e categorias de base, se manteve, quase que esquecido, mas imponente e
histórico.
Durante sua
estadia no Pinheirão, o Rubro-Negro viveu dias difíceis, com poucas glórias.
O clube
seguiu no campo da FPF até que a torcida não aguentou mais e iniciou um
movimento para retornar à antiga Baixada do Água Verde.
A ideia foi
comprada pelo então presidente atleticano, José Carlos Farinhaki, que deu
início ao projeto da nova Baixada em 1992, com uma reforma que durou dois anos.
Finalmente,
em 1994, a reforma foi concluída e o Furacão voltou a atuar na sua casa
novamente.
Em 22 de maio
o estádio foi reinaugurado, com uma partida contra o Flamengo, o mesmo que 80
anos antes havia protagonizado a inauguração da praça esportiva contra o
Internacional, clube predecessor do Athletico.
Desta vez o
clube carioca saiu derrotado, pois Ricardo Blumenau, nos minutos finais, tratou
de fazer 1 a 0 para o Furacão.
Surgimento da
Arena da Baixada
Pensando em
voos cada vez maiores, a velha Baixada não durou muito e em 1997 a direção do
clube tomou uma decisão que mudaria definitivamente a história atleticana.
O estádio
octogenário seria demolido, para dar lugar a uma nova e moderna arena, que mais
uma vez fez jus a sua característica de pioneirismo.
O projeto
custou cerca de U$ 35 milhões e parte foi custeado com a venda dos atacantes
Oséas e Paulo Rink para Palmeiras e Bayer Leverkusen (ALE) respectivamente.
A construção
da nova casa rubro-negra durou dois anos, e em 24 de junho de 1999 o Athletico
Paranaense inaugurava a novíssima Arena da Baixada como conhecemos hoje,
considerada à época a mais moderna arena da América Latina.
Neste dia, os
torcedores, em sua nova casa agora com capacidade para 32.000 pessoas, puderam
comemorar mais uma vitória, desta vez contra o Cerro Porteño (PAR), por 2 a 1.
Copa do
Mundo: o auge da Arena
Após o
anúncio do Brasil como sede da Copa do Mundo de 2014, a Arena da Baixada passou
a ser fortíssima candidata a receber jogos da competição, por ser, ao lado do
Engenhão, recém-construído, o estádio mais moderno do Brasil.
A confirmação
veio em 2009, dois anos após o anúncio do Brasil como país sede.
No entanto,
com toda a modernidade, a Arena da Baixada precisaria passar por mais uma
reforma.
Antes de
entregar a Arena para a reforma, o Furacão viveu uma página amarga da sua
história, quando em 2011 foi rebaixado para a Série B do Brasileirão, mesmo
tendo vencido o rival Coritiba na última partida dentro da antiga Arena da
Baixada.
A reforma
para ficar no Padrão FIFA durou pouco mais de dois anos, e foi concluída já no
ano do mundial. A inauguração aconteceu diante do Corinthians, em um amistoso
no qual os paulistas venceram por 2 a 1, no dia 14 de maio de 2014.
Evento teste
feito e a próxima partida recebida já valeria pela Copa do Mundo.
O jogo entre
Irã e Nigéria terminou empatado em 0 a 0, mas marcou a Arena da Baixada, por
sua primeira partida do mundial.
Honduras 1 a
2 Equador, Austrália 0 a 3 Espanha e Argélia 1 a 1 Rússia foram os outros jogos
da Copa disputados no estádio.
Em mais de um
século de história, quem olha para a moderníssima arena pode até não acreditar,
mas aquele é o estádio que começou em uma granja na capital paranaense e chegou
a um dos mais altos níveis do futebol mundial.
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