Caso Ricardo Oliveira - Entrevista com advogado Felipe Augusto

Conversei a pouco com o advogado Felipe Augusto Leite sobre o caso Ricardo Oliveira...

Fiz as perguntas pertinentes ao caso, mas confesso que não me surpreendi, pois passei por situação idêntica dentro de minha própria casa...

Conheço como rolam as pedras.

- Qual a reclamação de Ricardo Oliveira?

Segundo Felipe Augusto, o atleta recebia em carteira, 3.000 reais...

Mas havia ainda, 17.000 referentes a direito de imagem, 1500 de auxílio moradia e 2000 reais a titulo de “bicho”...

Esses é que são os tais “por fora”.

Total: 23.500 reais.

O que pede Ricardo é o reconhecimento dos 23.500 reais como salário.

Perguntei então se esse pedido é legitimo e Felipe Augusto me disse: “a maioria absoluta das causas que patrocinei na justiça do trabalho contra clubes em todo o Brasil, tem como causa, os mesmos motivos”...

“Ganhei todas... acho que isso responde sua pergunta”.

Apelei para o lado humano e perguntei se Ricardo Oliveira não poderia ter procurado o clube e tentado em uma conversa resolver a questão, pois é de conhecimento público que quando sofreu a lesão que o manteve afastado por longo período, o clube pagou integralmente seu salário e não o colocou nas mãos do INSS como manda a lei...

- Ricardo poderia ter levado tal atitude em consideração, não é mesmo?

Felipe sorriu e disse: “vou levar em consideração o fato de você não ter acesso aos detalhes do que aconteceu e perdoar sua ingenuidade”...

Como assim, perguntei.

- “Meu caro Fernando, Ricardo Oliveira não foi para o INSS por um motivo pratico e não por ato nobre”.

- “A carteira de Ricardo Oliveira não foi assinada e, portanto, para todos os efeitos, Ricardo Oliveira não consta como tendo exercido nenhuma atividade laboral em 2010, e nem tão pouco, poderia ficar sob a proteção do INSS”.

- “Em outras palavras, pagaram o salário integral por não poder apresentar junto ao INSS a carteira de trabalho do atleta, devidamente assinada”.

- “Em relação ao Fundo de Garantia por Tempo de Serviço a que faria jus após sua demissão, Ricardo Oliveira, ficou impedido de dar entrada na documentação, pois não existe nenhuma notícia de depósito dos valores por parte do ABC”.

Para terminar, alfinetei meu interlocutor com uma pergunta cujo teor, poderia causar algum desconforto...

- Felipe é comum ler e ouvir critica em relação a sua atuação como advogado em causas trabalhistas de atletas de futebol em virtude de você exercer a presidência do sindicato dos profissionais de futebol...

- Essa concomitância em algum momento fere a ética ou princípios que regem a sua profissão?

- “Fernando, vou lhe responder de forma objetiva: o Dr. Joao Trajano é conselheiro do ABC e o Dr. Eduardo Rocha é conselheiro do América, certo”?

Certo, respondi...

- “Pois bem, ambos são advogados de primeira linha, ambos são reconhecidamente possuidores de profundo saber jurídico e ambos são respeitados por seus pares... leve em consideração que o Dr. José Trajano faz parte da diretoria da OAB, com relevantes serviços prestados a instituição e aos advogados”...

- “Pois bem, se Felipe Augusto Leite, advogado, cometesse qualquer ilicitude, burlasse qualquer princípio ético ou causasse qualquer incomodo moral que ofendesse a profissão... você acha que tanto o Dr. Trajano, quanto o Dr. Eduardo Rocha já não teriam representado contra o Dr. Felipe Augusto”?

Boa noite Felipe e obrigado por seus esclarecimentos.

- "Boa noite Fernando, obrigado a você por me oferecer esse espaço".

Depois que desliguei, entrei em contato com Emily Virgílio, assessora de imprensa do ABC...

Como sempre, gentil e atenciosa, Emily me recebeu muito bem.

Informei sobre a conversa com o Dr. Felipe Augusto e disse que iria publicar, mas que gostaria de saber qual era a posição do ABC em relação ao que havia sido dito.

Emily me contou que haviam escutado a entrevista do Dr. Felipe Augusto na rádio Globo e que o ABC iria divulgar uma nota oficial sobre o assunto, mas que eu aguardasse que ela entraria em contato com a direção do clube e que eles me ligariam para se pronunciar a respeito.

Agradeci e alertei que iria publicar por volta das 22 horas...

Fiquei aguardando...

Passado o tempo estipulado, resolvi que esperaria mais duas horas, pois além de não querer ser precipitado, imaginei possíveis dificuldades para localizar algum dirigente.

Agora, o relógio marca 12 minutos da madrugada de quarta-feira e não recebi nenhum telefonema.

Portanto, publico o que disse o Dr. Felipe Augusto e os traços em branco, significam o espaço que o ABC não quis ou achou de menor importância ocupar.

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