Por força da insônia que me faz hoje, leitor voraz e “amante” fiel dessa maquininha chamada Personal Computer, fatalmente vou deixar de ouvir a entrevista do treinador Francisco Diá, concedida a Santos Neto e Pedro Neto, da rádio Globo, no programa “Esportes em Debate”...
Infelizmente, o horário torna impossível minha presença ao pé do rádio.
No entanto, Pedro Neto em seu blog, adiantou duas perguntas que foram feitas a Diá e as resposta dadas por ele.
Antes de comentar, publico o texto colado do blog do Pedro.
Agora, entre as várias perguntas feitas ao técnico, duas merecem destaque.
1) Você se considera um técnico de série A?
Diá – “Sim me considero. Posso treinar qualquer equipe da série A. Se eu tivesse a mídia de Wanderley Luxemburgo e Felipão faria bonito igual a eles”.
2) Caso fosse dono de um clube como Rivaldo é do Mogi Mirim quem seria sua diretoria?
Diá – “Meu presidente seria Paulinho Freire. Meu vice-presidente de futebol Flávio Anselmo e meu superintendente de futebol seria Gilberto de Nadai. Teria ainda como diretores João Maria Belmont e Ricardo Moraes”.
Muito bem, vamos por partes...
Primeiro não tenho absolutamente nada contra Diá – sempre me tratou bem e até prova em contrário, nunca fez nenhum comentário desairoso em relação a mim.
Segundo, todas as vezes que toquei em seu nome, o fiz, pensando exclusivamente no treinador e jamais no homem...
E, sempre para me posicionar contrário aos excessos cometidos por alguns, ao tentar transformar bons feitos, em feitos extraordinários... coisa que Diá não tem culpa.
Levar o Alecrim por 90% do caminho que fez a equipe chegar a Série C, e evitar a queda do América da Série B, é sim, algo que merece destaque...
Porém, o que sempre me incomodou, é que ao invés desses feitos serem tratados como um meio para se chegar ao fim – uma estrada a ser palmilhada em direção a patamares mais altos – foram logo taxados, como o fim em si; isto é, transformaram indícios latentes de qualidade, em qualidade já pronta e acabada.
Era contra essa posição impositiva que sempre me insurgi, nunca contra a pessoa de Francisco Diá e nem tão pouco contra o técnico, pois assim como acho que os feitos citados acima não são condizentes com o excesso, tão pouco poderia desmerecê-los.
Pois bem, não vou ser hipócrita e dizer que não tenho uma opinião formada sobre Diá: tenho sim e é a seguinte.
Como treinador, acho que Diá tem qualidades, mas precisa a meu ver de mais bagagem, tanto do ponto de vista teórico, quanto prático...
Como observador do jogo, acho que Diá tem sim uma visão bem objetiva, mas as duas coisas que faltam em sua bagagem, fazem falta aqui também.
No mais, aponto com seu defeito principal, a logorréia que o leva a perder-se num mar de afirmações banais e julgamentos simplistas.
E, é isso que ele faz ao responder a Pedro Neto, a primeira pergunta.
Ao se considerar um técnico de Série A, Diá exerce o direito sagrado de se achar em condições de ser o que quiser, mas não explica os porquês...
Ou melhor, cai no simplismo e diz que o que lhe falta são os holofotes da mídia...
Chega a dizer que se tivesse o mesmo espaço de um Luxemburgo ou de um Felipão, faria “bonito igual a eles”.
Esquece Diá, que tanto Luxemburgo, quanto Felipão, não tiveram os holofotes da mídia sobre si, sem mais nem menos – foi preciso correr milhas e milhas antes de brilhar.
Luxemburgo começou sua carreira como assistente no América do Rio de Janeiro, em 1981, depois foi para Vasco da Gama com a mesma função: passou pelo Campo Grande do Rio e o Rio Branco do Espírito Santo, onde ganhou o campeonato capixaba de 1983...
Voltou ao Rio para treinar o Friburguense, viajou para a Arábia Saudita em 1984, para exercer a função de assistente no Al Ittihad e depois, assumiu o posto de treinador principal...
No retorno para o Brasil, Luxemburgo comandou o Democrata de Governador Valadares, retornou ao Rio para treinar a equipe sub-20 do Fluminense, treinou o novamente o América do Rio e, mais uma vez foi para a Arábia Saudita, treinar o Al Shabab...
Somente em 1989, Luxemburgo volta ao Brasil, assume o Bragantino, ganha a Série B e em 1990, ainda no Bragantino, vence o campeonato paulista.
Vejam bem, foram oito anos de altos e baixos e de carne de pescoço, até ver sua carreira decolar no Bragantino.
Já Felipão, deu o start em sua carreira, treinando o CSA de Alagoas, onde conquistou o título de 1982...
Em 1983, passou pelo Juventude, depois foi para o Brasil de Pelotas, Al Shabab da Arábia Saudita, Pelotas e em 1987, voltou ao Juventude para ser o campeão gaúcho daquele ano...
Vencer o campeonato gaúcho lhe rendeu um contrato com o Grêmio, mas como o sucesso não se repetiu, Felipão arrumou as malas e foi para o Goiás e de lá, seguiu para o Al Qadisiya dos Emirados Árabes, onde foi campeão da Copa do Emirado.
Vencedor nos Emirados Árabes Unidos, Felipão aceitou o comando da seleção do Kuwait e ganhou seu primeiro título internacional: campeão da Copa da Ásia de 1990.
Em 1991, volta ao Brasil, assina com o Criciúma de Santa Catarina e vence a Copa do Brasil e só então, passa a receber os afagos da mídia esportiva.
Portanto, não fosse Diá um homem simplório, onde o lugar comum faz morada, sua resposta seria a seguinte:
“No dia em que passar pelo que Luxemburgo e Felipão passaram e ganhar o que eles ganharam, terei a mídia a meu lado e aí, garanto que posso chegar aonde eles chegaram”.
Mas o fato de ter dado a resposta errada, não desqualifica Diá, apenas o coloca no seu lugar devido, sem as glórias que lhe querem imputar, mas também sem os fracassos que muitos querem ver...
Na segunda resposta, Diá mostra lealdade a quem sempre lhe estendeu a mão e isso, é uma qualidade que deve ser enfatizada.
No mais, vou perder e entrevista, o que é uma pena.
3 comentários:
Concordo com tudo que vc falou Fernando, porém do jeito que vc escreveu, ficou a impressão de que o Juventude foi o Campeão Gaúcho de 1987. O Grêmio foi o campeão daquele ano. O Juventude só seria campeão gaúcho em 1998. No mais um grande abraço.
Faltou Diá dizer quem seria o seu assessor de imprensa, mas todos sabem que o seu preferido é Edmo Senedino.
Na última vez que Diá teve na Rádio Globo disse que não treinaria time de série D ou C, mas após dizer isso terminou indo treinar o Botafogo da Paraíba é um time fora de série.
A humildade de Diá é fantástica.
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