Por Alberto Murray.
Assisti ontem ao programa Bola da
Vez, na ESPN Brasil, com o presidente do Clube Atlético Mineiro, Alexandre
Kalil.
Gostei das perguntas dos
jornalistas e da objetividade com que Kalil as respondeu.
Dos dirigentes do futebol atual,
Kalil é dos que merecem mais crédito.
O cartola abordou de forma muito
clara um tema extremamente polêmico, que é a intenção do governo federal em
anistiar as dívidas fiscais dos clubes de futebol.
Kalil defendeu a medida baseado
em um argumento direto.
Disse ele que os clubes não têm dinheiro para pagar e
que a solução é anistiá-los, ou fechá-los.
Não tem, segundo ele, meio termo.
Sustentou, ainda, que futebol é paixão e que ninguém terá peito para fechar os
clubes.
Então a solução é anistiá-los e, daqui para frente, exigir o
cumprimento rigoroso das regras.
Kalil ainda ressaltou que a
fórmula da anistia tributária deve ir dos clubes para o governo e não imposta
pelo governo aos clubes.
Segundo ele, ideia que vem do
governo não dá certo.
Eu, por princípio, sou contra
essa anistia aos clubes de futebol.
Não importa que seja paixão, até
porque, em vários momentos, esses mesmos clubes têm sido beneficiados por
medidas governamentais.
Não é justo com outros segmentos
sociais, como as Santas Casas, por exemplo, dar benefício fiscal ao futebol.
Mas pelo andar da carruagem,
parece que a nação terá que engolir mais essa e os clubes de futebol terão essa
anistia.
Se é assim, então que exijam
desse clubes contrapartidas importantes.
Os clubes anistiados deverão,
obrigatoriamente, arejar suas estruturas, alterar seus estatutos de forma a
criar regras de governança corporativa e transparência administrativa, limitar
os mandatos de seus presidentes.
Deverão, ainda, apresentar
contrapartida social, ampliando em seus quadros o número de militantes, dando
opção para que a população carente tenha pleno acesso ao esporte, não somente
ao futebol, mas também a pelo menos outras cinco modalidades olímpicas.
Isso deverá ser em caráter
permanente.
Outra formas de contrapartida
social a serem dadas pelos clubes podem ser estudadas.
O que não é possível é simplesmente
anistiar as dívidas fiscais dos clubes e fingir que contrapartidas serão
requeridas.
A lei deve ser rígida nessa
questão da contrapartida social e a fiscalização também.
Repito que, de qualquer maneira,
sou contra essa anistia.
Mas se for feita que os males
sejam menores.
Do blog:
Me posiciono da mesma maneira que
o autor do texto...
Não é uma questão de ser chato ou
de ser do contra, mas sim, de ser a favor de um tratamento isonômico.
Por que um setor deve ser
beneficiado em detrimento de outros setores?
Por que caloteiros contumazes que
empurram para baixo do tapete suas obrigações fiscais confiando na falta de
coragem do governo para agir, devem ser perdoados?
Por que eu e você, temos nossos
contracheques devidamente taxados, sem ter como se esquivar e clubes de futebol
podem ludibriar o fisco por anos e depois não pagar?
Na Espanha os clubes passam pelos
mesmos problemas...
A diferença?
É que lá, vão pagar...
Demore o tempo que demorar, vão
pagar.
O governo espanhol não está
preocupado com a paixão de ninguém.
Javier Tebas Medrano, provável substituto de José
Luis Astiazarán, na Liga de Futebol Profissional Espanhola, terá a missão de
encontrar não uma saída, mas sim, uma fórmula que seja menos penosa, pois o
governo ofereceu proposta, não perdão ou abatimento da dívida.
Nenhum comentário:
Postar um comentário