sábado, abril 20, 2013

Entrevista de Alexandre Kalil, presidente do Clube Atlético Mineiro ao programa “Bola da Vez” da ESPN...



Por Alberto Murray.

Assisti ontem ao programa Bola da Vez, na ESPN Brasil, com o presidente do Clube Atlético Mineiro, Alexandre Kalil. 

Gostei das perguntas dos jornalistas e da objetividade com que Kalil as respondeu. 

Dos dirigentes do futebol atual, Kalil é dos que merecem mais crédito.

O cartola abordou de forma muito clara um tema extremamente polêmico, que é a intenção do governo federal em anistiar as dívidas fiscais dos clubes de futebol. 

Kalil defendeu a medida baseado em um argumento direto. 

Disse ele que os clubes não têm dinheiro para pagar e que a solução é anistiá-los, ou fechá-los.

Não tem, segundo ele, meio termo. 

Sustentou, ainda, que futebol é paixão e que ninguém terá peito para fechar os clubes. 

Então a solução é anistiá-los e, daqui para frente, exigir o cumprimento rigoroso das regras.

Kalil ainda ressaltou que a fórmula da anistia tributária deve ir dos clubes para o governo e não imposta pelo governo aos clubes.

Segundo ele, ideia que vem do governo não dá certo.

Eu, por princípio, sou contra essa anistia aos clubes de futebol. 

Não importa que seja paixão, até porque, em vários momentos, esses mesmos clubes têm sido beneficiados por medidas governamentais. 

Não é justo com outros segmentos sociais, como as Santas Casas, por exemplo, dar benefício fiscal ao futebol.

Mas pelo andar da carruagem, parece que a nação terá que engolir mais essa e os clubes de futebol terão essa anistia. 

Se é assim, então que exijam desse clubes contrapartidas importantes. 

Os clubes anistiados deverão, obrigatoriamente, arejar suas estruturas, alterar seus estatutos de forma a criar regras de governança corporativa e transparência administrativa, limitar os mandatos de seus presidentes. 

Deverão, ainda, apresentar contrapartida social, ampliando em seus quadros o número de militantes, dando opção para que a população carente tenha pleno acesso ao esporte, não somente ao futebol, mas também a pelo menos outras cinco modalidades olímpicas. 

Isso deverá ser em caráter permanente. 

Outra formas de contrapartida social a serem dadas pelos clubes podem ser estudadas. 

O que não é possível é simplesmente anistiar as dívidas fiscais dos clubes e fingir que contrapartidas serão requeridas. 

A lei deve ser rígida nessa questão da contrapartida social e a fiscalização também.

Repito que, de qualquer maneira, sou contra essa anistia. 

Mas se for feita que os males sejam menores.


Do blog:

Me posiciono da mesma maneira que o autor do texto...

Não é uma questão de ser chato ou de ser do contra, mas sim, de ser a favor de um tratamento isonômico.

Por que um setor deve ser beneficiado em detrimento de outros setores?

Por que caloteiros contumazes que empurram para baixo do tapete suas obrigações fiscais confiando na falta de coragem do governo para agir, devem ser perdoados?

Por que eu e você, temos nossos contracheques devidamente taxados, sem ter como se esquivar e clubes de futebol podem ludibriar o fisco por anos e depois não pagar?

Na Espanha os clubes passam pelos mesmos problemas...

A diferença?

É que lá, vão pagar...

Demore o tempo que demorar, vão pagar.

O governo espanhol não está preocupado com a paixão de ninguém.

 Javier Tebas Medrano, provável substituto de José Luis Astiazarán, na Liga de Futebol Profissional Espanhola, terá a missão de encontrar não uma saída, mas sim, uma fórmula que seja menos penosa, pois o governo ofereceu proposta, não perdão ou abatimento da dívida.


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