sábado, maio 25, 2013

Minha primeira vez no Barretão (com um “t” só).



Por Ana Karla Martins.


Irresponsável e inconsequente.

Esta foi a sensação que tive ao ver o estádio Barretão de perto.

Quando o dono deste blog, que é uma pessoa ao qual tenho uma admiração imensa e que não tenho como dizer não como resposta, me pediu para discorrer sobre minha primeira vez na nova casa do América pensei bem sobre o como iria descrever o que vi.

Mas na condição de jornalista tenho que ser fiel ao que meus olhos viram.

Ao entrar no estádio tive uma estranha sensação de insegurança.

E ia aumentando quando tinha que superar obstáculos para chegar no gramado.

Esses obstáculos iam desde o barro da entrada, a escada de madeira de acesso às cabines de imprensa e uma outra escada de madeira de acesso ao campo.

Durante a partida fiquei observando o jogo e o estádio e a insegurança era tão eminente que tinha a impressão que a qualquer momento aquelas arquibancadas iam cair e alguém ia se machucar.

A arquibancada não cedeu, mas o alambrado foi danificado durante a partida.

E foi apenas durante um gol do América.

Imagine se o time rubro tivesse conquistado o título?

A estrutura que sustenta a grade foi tão bem soldada, para não dizer o contrário, que não precisava muito para ceder e cair na cabeça das pessoas.

O vento poderia derrubar aquilo.

Eu poderia derrubar aquilo.

Só que se não tivesse ninguém no local na hora que caísse estava ótimo, mas naquele momento tinha homem, mulher, criança, idoso que juntos somavam pelo menos 6 mil pessoas.

Já imaginou se alguém se machuca de verdade?

Mas os irresponsáveis e inconsequentes pareciam não estar preocupados com isso.

O que eles querem mesmo é faturar.

É tirar o pé da lama.

Em dois jogos a renda superou as expectativas.

O Barretão foi mais eficiente em dois jogos o que o Nazarenão foi desde 2011.

Para quê se preocupar com a segurança das pessoas?

O que interessa é que elas paguem ingresso, sejam sócios e sofram para ver seu time em campo.

Não quero aqui desmerecer a audácia de Marconi Barreto em construir uma praça esportiva e movimentar o futebol do Rio Grande do Norte.

Não quero dizer que o projeto não é ousado e que não irá movimentar a região do mato grande.  

Muito pelo contrário.

Aplaudo a iniciativa.

Quero apenas dizer que diante de uma ganância que parece que não acaba nunca o Barretão está pagando caro.

A torcida criou resistência.

Ao sair do estádio todos queriam o Nazarenão de volta.

Mas agora é tarde.

Até a Arena das Dunas estar apta a receber partidas a torcida terá que ir para o “mal-assombrado” Barretão.

A “zica” pode até ir embora na Série B, mas a ferida aberta nas últimas semanas não irá cicatrizar tão fácil para o torcedor.

Já para os dirigentes tudo passa com muita rapidez.

Daqui a alguns dias voltam os pedidos para apostar na Timemania e ser sócios.

Podem apostar.


Ana Karla Martins, é jornalista, americana até depois do último suspiro, apaixonada por futebol, porém, lúcida. 

Um comentário:

Anônimo disse...

Ética e profissionalismo a serviço do bem comum e acima das paixões. Creio que falte mais disso no nosso país. Creio que falte o jornalismo feito com isenção e com princípios que vão além dos interesses de grupos. O jornalismo investigativo é necessário e poucos se dispõem a fazê-lo.
O que lamento é o fato de que alguns omitam determinadas notícias, que alguns se sintam ofendidos com jornalistas que falam a verdade. Sou fã incondicional do jornalismo ético e descompromissado. Material em escassez no nosso país nos dias atuais.
Parabéns pela brilhante matéria.
ADAIL PIRES