O esporte na rota da corrupção
Por José Cruz
Não são só empreiteiras.
As parcerias entre estatais e
instituições do esporte também precisam ser investigadas.
Banco do Brasil, Caixa, Infraero,
Correios, Eletrobras e Petrobras são as investidoras de ponta.
Há muitos anos.
Agora, começo a entender:
estranhamente, bem antes de estourar o escândalo atual, a Petrobras já não
respondia minhas indagações.
Eram pedidos de informações muito
simples, como os valores investidos nas modalidades patrocinadas.
Como ocorre no Ministério do
Esporte, o silêncio já estava decretado.
Com o escândalo agora também
investigado nos Estados Unidos, os envolvidos se entregando e até apresentando
provas de pagamento de propinas, surgem suspeitas sobre as relações da
Petrobras com o esporte, além dos tradicionais “investimentos”.
Por exemplo, o lobista Fernando
Soares “Baiano”, preso, foi dono de uma academia famosa, no Rio de Janeiro,
vendida em 2013 para um empresário, em transação limpa, conforme divulgou a
imprensa carioca.
Meio campo
Mas era através dessa academia,
que Baiano chegava a dirigentes esportivos, alguns de influência expressiva,
promovendo a aproximação com assessores e o próprio Paulo Roberto Costa,
ex-diretor da estatal, preso em março deste ano, mas já em prisão domiciliar, o
tal que abriu o bico e deu no que se está vendo. Os detalhes dessas relações,
em forma de “consultorias” deverão ser revelados pela CPMI (Comissão
Parlamentar Mista der Inquérito). “Deverão”, porque estamos falando de
políticos…
Silêncio
Esse escândalo confirma que
procediam as indagações sobre operações nebulosas envolvendo dinheiro público
nos milionários negócios do esporte, desde o Pan 2007.
Já sabemos sobre as propinas
olímpicas e para a escolha de sede de Copa do Mundo.
A própria preparação do Rio 2016
esconde casos nebulosos, como a construção do campo de golfe, obras no
Engenhão, as destruições do Velódromo, da pista de atletismo Célio de Barros,
do Autódromo da Barra, do Estádio de Remo da Lagoa etc.
Os órgãos de fiscalização do
governo, por mais eficientes que sejam, não conseguem acompanhar a velocidade
da corrupção em geral, e o esporte, com o apelo das “emoções'', acaba no
esquecimento.
Os R$ 6 bilhões gastos no último
ciclo olímpico são insignificantes diante dos bilhões revelados no escândalo da
Petrobras.
Mas é dinheiro “do público”, do
“contribuinte”, que precisa de esclarecimento rigoroso sobre os seus rumos.
Auditorias em todos os segmentos
e instituições beneficiadas pela Lei de Incentivo ao Esporte, convênios com o
Ministério do Esporte, Bolsa Atleta, patrocínio das estatais, Lei Piva,
salários dos cartolas pagos com verbas públicas e por ai vai.
Teremos isso?
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