domingo, agosto 09, 2015

O amadorismo marrom do ABC...

O Amadorismo Marrom do ABC

Por Rafael Morais

Para Carta Potiguar

Eu não entendo porque ainda me perguntam os motivos ou explicações para as crises seguidas que passa o ABC.

É tão obvio e evidente.

Só vocês não enxergam.

Em pleno século 21, era da globalização, das tecnologias avançadas, o futebol de cá parece mais aquele de quarta série, aonde todo mundo vai de uma só vez em cima da bola.

O futebol não é mais o mesmo jogo que Charles Miller trouxe da Inglaterra, em 1894, quando ele retornou ao Brasil com duas bolas, um livro de regras, chuteiras e um jogo de uniformes.

Quando o jogo de bola ainda era mecanismo de posição social da aristocracia, amador, elitista, excludente e racista.

Foi-se o tempo em que o comando de um clube de futebol era baseado única e exclusivamente em vontades pessoais de um ou outro dirigente.

O futebol há tempos ocupa um espaço privilegiado no mundo globalizado dos negócios, claramente na indústria do entretenimento.

O mundo do futebol, hoje, exige amplo conhecimento e estudo de todos os aspectos que envolvem o esporte.

Será possível que nós ainda não percebemos isso?

Chega de dirigentes interessados no monopólio do poder.

Do fim da gestão por modelo estereotipado, com experiências práticas fechadas em si mesmo.

Não a visão centralizadora, egocêntrica, soberana, inatingível no seu território de poder e saber, para satisfazer seus interesses pessoais ou de pequenos grupos, em detrimento dos coletivos.

Parece que vivemos ainda no ano de 1933, quando o futebol brasileiro resolveu enfim, de forma efetiva, vencer o amadorismo e praticar uma palavra chamada profissionalismo, mas que, por força de vícios maiores, acabou, no máximo, implementando algo conhecido como amadorismo marrom, o amadorismo disfarçado de profissionalismo.

É preciso entender de uma vez por todas que essa fase já devia ter ficado para trás há muito tempo.

Mas não, cem anos depois, continuamos com o mesmo estilo do amadorismo marrom, disseminando podridões como jogos de poder, incompetência, desinformações, fragmentações, desmandos e conflitos internos.

Estamos, ainda, em meio à transição entre o amadorismo marrom e o profissionalismo em todos os níveis.

E pior, tendo que conviver com consequências e sintomas gravíssimos desse atraso, como por exemplo, a situação financeira falimentar, com gigantescas dívidas e patrimônios ameaçados.

O caminho é um só, modernizar a gestão dos nossos clubes e qualificar o rendimento competitivo dos nossos times.

Investir no departamento do futebol com responsabilidade, sem comprometer as contas no fim do mês, manter investimento mínimo e permanente nas categorias de base e no futebol feminino, respeitar as regras de transparência e romper o modelo antigo e ultrapassado de gestão com novos e reciclados profissionais, são apenas algumas dicas que podemos seguir.

Em suma, dar um fim a essa fase nefasta de amadorismo marrom.

Precisamos também valorizar o mais expressivo patrimônio do clube, pela fidelidade, amor entusiasmo, paixão e pelo potencial de gerar receitas: o torcedor.

Lembre-se, feridas na alma não podem ser fechadas, nem com cirurgia plástica.
Aprendi lendo o cronista Brasigóis Felício.

O futebol fala à alma.

O torcedor ferido é um doente em fase terminal.

Nossos jovens agora torcem por times Europeus. Deem mais valor e importância a quem nos fez e ainda nos faz grandes.

Temo, e muito, que esse amadorismo marrom continue sendo regra, e que meu esporte favorito deixe de fazer parte do cotidiano das pessoas, das diferentes camadas sociais, envolvendo grande parte do território do Elefante, congregando multidões e, sobretudo, muitas emoções.

Salvem o Mais Querido, salvem o Mais Querido, salvem o Mais Querido…

Um comentário:

andrekokao disse...

troco nesse texto o nome do aBC pelo América. todos iguais...