Largue a bola do Brasil
Por Rafael Morais
Para o site Carta Potiguar
Continuamos à espera de um novo
momento para o futebol canarinho.
De nada adiantou aquela pose toda
sentado numa cadeira à beira do campo, de terno, gravata e chuteiras coloridas.
As revistas e os jornais
escreveram em letras garrafais que ele foi eleito o dono da bola e estamparam,
em vão, suas fotos sorridente e feliz.
E de que adiantou tanto pose?
Que voltem, então, às velhas
chuteiras pretas.
Desde 16 de abril a bola está sob
seu poder.
Deveria, como manda o figurino e
como todos sonham, defender a honra e a baliza brasileira, mas não demorou
muito a revelar que era, desde o início, a representação do continuísmo.
Seus predicados e adjetivos não
têm sido suficientes para vencer o jogo.
Nem mesmo sua habilidade fora de
campo e seu respeito perante os seus semelhantes funcionaram como ele esperava.
Acho até que aquela adesão
incrível de 99% não é mais a mesma.
O eco do “mensalinho” de R$ 100
mil e da viagem com tudo pago para as Olímpiadas de Londres não foi o bastante
para mudar o panorama em que se apresenta o futebol brasileiro atual.
Realmente, não passava de uma
suposta união.
Confesso que tentei acreditar que
aquela minoria de um por cento estava errada em suas escolhas.
Mas não deu.
Que fracasso.
Ao invés de expurgar a imagem de
corrupção e desonra que passamos ao mundo depois daquele funesto 7 a 1 contra a
Alemanha, descobrimos que ele, na verdade, assim como o Zé Maria, é titular do
time dos desmoralizados.
Ele errou.
Do alto da sua cobertura com
vista para o mar na Barra da Tijuca, esquematizou as táticas inapropriadas e
não conduziu o futebol verde e amarelo aos caminhos dos gols outra vez.
Seguimos sendo o ex-país-do-futebol.
E não foi só isso.
Não podemos esquecer das inúmeras
denúncias de corrupção no Brasil e no exterior contra si que só agora vieram à
tona, das várias tentativas de vetar a Lei de Responsabilidade Fiscal do
Esporte, do aparelhamento político da Casa do Futebol e da manobra do
licenciamento por 150 dias, que permitiu que ele indicasse o deputado federal
Marcus Vicente como presidente interino, e evitou a nomeação de Delfim de Pádua
Peixoto, o porta-voz da mudança.
Basta, você não é um urso polar
intocável, nem usa uma máscara de ferro de um cavaleiro medieval.
A sua hora está chegando, Marco Polo
Del Nero.
Até os jogadores cruzaram os
braços para mostrar que não estão de braços cruzados.
Tenha bom senso.
Renuncie ao título de presidente
da Confederação Brasileira de Futebol e largue essa bola que não é sua, mas
sim, dos mais de duzentos milhões de brasileiros amantes do esporte mais
incrível e apaixonante da história da humanidade.
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