Imagem: Marcelo Bertani/Agência ALRS
Deputado e ex-jogador Jardel é
afastado da Assembleia por corrupção
Ministério Público do Estado
cumpriu mandados judiciais de busca e apreensão na residência e no gabinete do
político; operação foi batizada de Gol Contra
O Ministério Público do Rio
Grande do Sul obteve na Justiça uma ordem de suspensão do exercício da função
pública contra o deputado estadual Mário Jardel (PSD), válida por 180 dias.
Uma investigação do MP encontrou
uma série de irregularidades no mandato do ex-jogador de futebol do Grêmio e da
seleção brasileira.
Há indícios de crimes como
concussão, peculato, falsidade documental, lavagem de dinheiro e organização
criminosa.
A operação foi batizada de Gol
Contra.
Na manhã desta segunda-feira, o
Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) cumpriu
mandados de busca e apreensão em sete locais.
São alguns deles: o gabinete de
Jardel na Assembleia Legislativa, as residências dele, da mãe e do irmão, assim
como as casas do chefe de gabinete do deputado, Roger Antônio Foresta, e das
assessoras fantasmas Ana Bela Menezes Nunes e Flávia Nascimento Feitosa.
As investigações do Ministério
Público, coordenadas pelo Promotor de Justiça Flávio Duarte, concluíram que
existe uma estrutura criminosa instalada na Assembleia Legislativa do Rio
Grande do Sul, tendo Jardel como maior beneficiário.
O advogado Christian Vontobel
Miller, que é assessor do parlamentar, seria um dos mentores do esquema.
A lista de irregularidades é
grande.
A investigação do MP indicou que
o deputado exigia uma parte dos salários de todos os assessores nomeados em seu
gabinete, para aumentar a sua própria renda.
A quantia retida de cada um era
de, no mínimo, 3.000 reais.
De acordo com o MP, em novembro o
aluguel da casa da mãe e do irmão de Jardel atrasou cinco dias e o deputado
ordenou que um dos assessores fizesse o pagamento imediato.
Ele pagou com cheque pré-datado e
cobrou diárias fictícias para o ressarcimento do dinheiro.
No pedido de suspensão do
exercício da função pública entregue ao Tribunal de Justiça, o procurador-geral
de Justiça, Marcelo Dornelles, ressalta que as investigações demonstram o
"exagerado apego" do deputado estadual Mário Jardel "a toda e
qualquer possibilidade de lucrar às custas dos servidores comissionados e, de
modo indireto, do erário".
Também há indícios de fraude de
diárias de viagem e valores de indenização veicular.
O MP citou, por exemplo, um
deslocamento feito para o município gaúcho de Santo Augusto, entre 30 de
outubro e 2 de novembro.
Os documentos apresentados para o
Parlamento apontam que Jardel, acompanhado de um assessor, visitou a APAE da
cidade e participou de cultos na Igreja Assembleia de Deus, além de encontros
com a comunidade local para o recebimento de demandas.
Para a viagem, foi destinado
1.766,67 reais para Jardel e 961,67 reais para o assessor.
Só que, na verdade, Jardel
retornou para Porto Alegre um dia antes.
Outro registro aponta que entre
14 e 17 de agosto, um assessor de Jardel - que é médico formado no Uruguai -
viajou para Cuiabá supostamente para tratar do projeto para um banco de sangue
virtual.
No entanto, ele foi ao local para
uma prova do Exame Nacional de Revalidação de Diplomas Médicos (Revalida), do
Ministério da Educação, que valida diplomas obtidos no exterior.
Além de 1.433,67 reais de diárias
fora do Estado, foram pagas as passagens aéreas.
Situação semelhante ocorreu em
relação a uma viagem feita à Fortaleza, terra natal de Jardel.
Entre 17 e 19 de junho, o
advogado e assessor Christian Vontobel Miller foi até a capital cearense para
tratar de um processo ao qual o deputado responde pelo não pagamento de pensão
alimentícia a uma filha.
Só que a justificativa para o
pagamento de diárias, no valor de 1.024,05 reais, foi de que iria tratar de
projetos na área do esporte.
Em abril, Jardel já havia causado
polêmica ao exonerar seu gabinete na Assembleia Legislativa e se afastar
temporariamente de suas funções, sob justificativa de uma depressão.
Na época, o ex-jogador, que é o
único deputado estadual do PSD, disse que estava incomodado com a atitude dos
servidores ligados ao seu gabinete, que segundo ele tinham o hábito de tomar
decisões sem consultá-lo.
Jardel foi eleito no ano passado
com 41.227 votos.
O presidente da Assembleia
Legislativa do RS, Edson Brum (PMDB), disse nesta segunda que a Casa está
apoiando a ação do MP.
De acordo com Brum, a maior parte
das pessoas trabalha com honestidade e responsabilidade e, se alguém prática
desvios, tem que pagar a conta.
Fonte: Veja com Estadão
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