Imagem: CBF
CBF retém e administra 20% do dinheiro da Copa do Brasil
Por Rodrigo Mattos para o UOL
Na renovação do contrato da Copa
do Brasil, a CBF anunciou com estardalhaço que pagaria uma premiação de R$ 50
milhões ao campeão.
O que a entidade não informou é
que iria administrar ou reter um valor considerável do contrato assinado com
imagem dos clubes.
Há um montante que pode chegar a
R$ 76,7 milhões que serão geridos pela entidade e seus parceiros, em torno de
um quinto do total.
A CBF fechou contrato com a Globo
de R$ 325 milhões, de acordo com apuração do blog.
É em torno do triplo do valor anterior.
Esse acordo só se refere aos
direitos de televisão, e não às placas publicitárias em volta do campo que são
negociadas pela Klefer.
Pois bem, em ofício no final do
ano passado, a confederação explicou que ao final da competição ''terá
distribuído mais de R$ 300 milhões aos clubes participantes, incluindo toda a
logística da competição – reajuste de 200% em relação à edição 2017''.
A CBF não especifica o valor do
custo, mas é certo que uma fatia ficará em seus cofres.
A soma total de todas as cotas e
premiações previstas pela CBF para 2018 é de R$ 278,290 milhões.
Isso se consideramos o cenário
com maiores gastos com todos os times da Série A e mais bem ranqueados
avançando à segunda fase.
Explica-se: nas fases iniciais,
clubes de elite ganham cotas maiores.
Assim, sobrariam R$ 46 milhões
para a CBF e para os custos da competição.
Mas os gastos com a Copa do
Brasil são basicamente passagens e hospedagens para um time visitante.
Para usar todo esse dinheiro, a
confederação teria de usar R$ 328 mil para cada um dos 140 jogos da competição.
Esse valor é muito superior às
passagens para viagens de um elenco e trio de arbitragem.
Mesmo se a logística só custar R$
22 milhões, atingindo o total de R$ 300 milhões, cada partida sairia por R$ 154
mil.
De novo, é um montante bem
superior às viagens de um elenco e árbitros.
Quem opera as viagens da CBF
costumam ser empresas de Wagner Abrahão, empresário ligado a Ricardo Teixeira e
Marco Polo Del Nero e acusado de inflar gastos com viagem.
Seu nome está envolvido em
negócio com Del Nero com quem até trocava e-mails sobre contratos de patrocínio
da confederação.
Por fim, as placas da Copa do
Brasil são vendidas a parte pela Klefer.
Um contrato obtido pelo blog para
uma cota de placa para 2017 apontava que cada cota era negociada por valores em
torno de R$ 6 milhões.
E eram cinco cotas.
Ou seja, os ganhos podem chegar a
R$ 30 milhões se tudo for negociado.
Não se sabe qual a fatia para a
confederação e qual para a empresa.
Somados todos os valores que não
vão diretamente para os clubes devem atingir até R$ 76,7 milhões.
Isso não significa que esse
dinheiro ficará todo com a CBF.
Mas a entidade que administra a
quantia junto com seus parceiros, inclusive no pagamento de despesas da
competição.
Isso representa em torno de 20%
dos ganhos da competição.
Em seu último balanço, a confederação
não explicitou qual o custo real da organização da Copa do Brasil.
O blog questionou a entidade
sobre os custos de organização da Copa do Brasil e quanto fica nos seus cofres,
mas a entidade se recusou a responder a essas perguntas.
''A CBF informa que os contratos relativos as competições contêm
cláusulas de confidencialidade que impedem a divulgação de valores. A entidade
destaca ainda que é responsável pelo custeio integral da Copa do Brasil'',
respondeu a confederação.
Para efeito de comparação, a UEFA
detalha que destina 12,5% do dinheiro da Champions League para a organização da
competição.
Seus custos, no entanto, são bem
mais altos, pois conta com funcionários operadores em todos os jogos e veste os
estádios com as propriedades de marketing da competição, entre outros pontos.
A final é uma megaprodução que
não se compara à decisão da Copa do Brasil.
Mais, outros 8% da Liga dos
Campeões são destinados a mecanismos de solidariedade, isto é, distribuído para
clubes ou entidade mais pobres do continente.
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