Imagem: Gazeta Esportiva
A Briga que quase custou um
mundial para o Brasil
Por Marcus Vinicius/Universidade
do Esporte
O Brasil conquistou a Copa de
1994, com atuações magistrais de Romário. Entretanto o Baixinho quase não
disputou o Mundial por conta de uma divergência com o técnico Carlos Alberto
Parreira.
Para entender a divergência entre
Parreira e Romário, temos de retroceder para o dia 16 de dezembro de 1992.
No Estádio Beira-Rio, diante de
um público de 32.323, Brasil e Alemanha fizeram um bom amistoso.
A partida terminou com a vitória
da seleção canarinho por 3 a 1.
Os gols brasileiros foram
marcados por Luiz Henrique, Bebeto e Jorginho, e a Alemanha diminuiu com
Sammer.
Em 1992, na maioria dos jogos em
que comandou a seleção, Parreira formou seu ataque com Bebeto e Romário.
Contudo o treinador optou por
começar o jogo contra a Alemanha com Bebeto e Careca, por conta da experiência
do centroavante, que na época tinha 32 anos e vinha de uma boa temporada com o
Napoli.
Entretanto a escolha de deixar
Romário no banco gerou um problema de relacionamento entre técnico e jogador.
Logo após o apito final do
árbitro Francisco Escobar Valdez, os jogadores se dirigiram ao vestiário e na
chegada da comissão técnica, Romário exigiu sua titularidade.
Por conta dessa cobrança
desrespeitosa, em que questionou não apenas a autoridade do treinador, como
também colocou em dúvida a qualidade de quem estava jogando, Parreira deixou de
convocar Romário durante nove meses como uma espécie de castigo para o
atacante.
Mesmo sem ser convocado, Romário
foi vendido pelo PSV ao Barcelona.
No time holandês as exibições
eram de encher os olhos, o Baixinho terminou a temporada 92/93 (quando parou de
ser convocado), com 37 jogos e 32 gols.
Na temporada de estreia no
Barcelona, o bom futebol continuou, porém, as convocações de Parreira não
contavam com então camisa 10 do Barcelona.
Até que na última rodada das
eliminatórias, o Brasil ocupava a terceira colocação do grupo em que se
classificariam apenas os dois primeiros colocados e, por isso, precisava
desesperadamente vencer o Uruguai para ir à Copa do Mundo.
Para completar a atmosfera de
pressão sobre Parreira, Careca pediu dispensa alegando má fase técnica.
Outros atacantes, que poderiam
ser opções para o treinador, como Müller e Valdeir, não renderam o previsto
pela comissão técnica nos amistosos anteriores e Romário surgiu como a única
válvula de escape possível.
Considerada por Romário como a
melhor atuação de sua carreira, o jogo contra o Uruguai marcou a volta do
jogador mais decisivo daquele grupo.
E o retorno do Baixinho não
decepcionou os torcedores que pediram sua convocação.
A arrogância ou autoconfiança,
como queiram chamar, do camisa 11 da seleção, era tanta que ele prometeu a seus
companheiros que marcaria na partida contra o Uruguai.
A premonição de Romário se
cumpriu.
No Maracanã lotado com um público
pagante 101.670 pessoas, o Brasil venceu a Celeste Olímpica por 2 a 0 com dois
gols de Romário.
A partida contou com um ar de
dramaticidade, o goleiro uruguaio Silbodi fez uma atuação segura e deixou os
mais de 100 mil torcedores no estádio apreensivos com o empate sem gols até os
25 minutos do segundo tempo.
Aos 26 minutos da etapa
complementar, Bebeto encontrou Romário bem posicionado na grande área.
O Baixinho, de cabeça, balançou as
redes uruguaias e abriu o caminho para vitória.
A dupla que iria se eternizar na
Copa do Mundo, dava os primeiros passos e afinavam o entrosamento para
conseguir a vaga no Mundial.
Para selar a classificação, o
relógio marcava 38 minutos quando Romário recebeu passe de Mauro Silva, com uma
finta de corpo chamou Silbodi para "dançar" e marcou o segundo gol,
que carimbou o passaporte brasileiro e garantiu o “greencard” da seleção para
viver o sonho americano da Copa do Mundo.
Pouco mais de oito meses depois
daquela noite no Maracanã, o Brasil sagrou-se tetracampeão mundial com a
dobradinha Romário melhor do mundo e Carlos Alberto Parreira coroado como o
treinador do tetra.
A divergência que afastou o
Baixinho da amarelinha por quase um ano foi superada e a seleção ganhou muito.
Não apenas pelo grande atacante
que foi Romário naquela temporada, como também por que pôde encerrar um jejum
de 24 anos e levantou a taça da Copa do Mundo.
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