domingo, agosto 04, 2019

Parreira e Romário: a Briga que quase custou um mundial para o Brasil...

Imagem: Gazeta Esportiva

A Briga que quase custou um mundial para o Brasil

Por Marcus Vinicius/Universidade do Esporte

O Brasil conquistou a Copa de 1994, com atuações magistrais de Romário. Entretanto o Baixinho quase não disputou o Mundial por conta de uma divergência com o técnico Carlos Alberto Parreira.

Para entender a divergência entre Parreira e Romário, temos de retroceder para o dia 16 de dezembro de 1992.

No Estádio Beira-Rio, diante de um público de 32.323, Brasil e Alemanha fizeram um bom amistoso.

A partida terminou com a vitória da seleção canarinho por 3 a 1.

Os gols brasileiros foram marcados por Luiz Henrique, Bebeto e Jorginho, e a Alemanha diminuiu com Sammer.

Em 1992, na maioria dos jogos em que comandou a seleção, Parreira formou seu ataque com Bebeto e Romário.

Contudo o treinador optou por começar o jogo contra a Alemanha com Bebeto e Careca, por conta da experiência do centroavante, que na época tinha 32 anos e vinha de uma boa temporada com o Napoli.

Entretanto a escolha de deixar Romário no banco gerou um problema de relacionamento entre técnico e jogador.

Logo após o apito final do árbitro Francisco Escobar Valdez, os jogadores se dirigiram ao vestiário e na chegada da comissão técnica, Romário exigiu sua titularidade.

Por conta dessa cobrança desrespeitosa, em que questionou não apenas a autoridade do treinador, como também colocou em dúvida a qualidade de quem estava jogando, Parreira deixou de convocar Romário durante nove meses como uma espécie de castigo para o atacante.

Mesmo sem ser convocado, Romário foi vendido pelo PSV ao Barcelona.

No time holandês as exibições eram de encher os olhos, o Baixinho terminou a temporada 92/93 (quando parou de ser convocado), com 37 jogos e 32 gols.

Na temporada de estreia no Barcelona, o bom futebol continuou, porém, as convocações de Parreira não contavam com então camisa 10 do Barcelona.

Até que na última rodada das eliminatórias, o Brasil ocupava a terceira colocação do grupo em que se classificariam apenas os dois primeiros colocados e, por isso, precisava desesperadamente vencer o Uruguai para ir à Copa do Mundo.

Para completar a atmosfera de pressão sobre Parreira, Careca pediu dispensa alegando má fase técnica.

Outros atacantes, que poderiam ser opções para o treinador, como Müller e Valdeir, não renderam o previsto pela comissão técnica nos amistosos anteriores e Romário surgiu como a única válvula de escape possível.

Considerada por Romário como a melhor atuação de sua carreira, o jogo contra o Uruguai marcou a volta do jogador mais decisivo daquele grupo.

E o retorno do Baixinho não decepcionou os torcedores que pediram sua convocação.

A arrogância ou autoconfiança, como queiram chamar, do camisa 11 da seleção, era tanta que ele prometeu a seus companheiros que marcaria na partida contra o Uruguai.

A premonição de Romário se cumpriu.

No Maracanã lotado com um público pagante 101.670 pessoas, o Brasil venceu a Celeste Olímpica por 2 a 0 com dois gols de Romário.

A partida contou com um ar de dramaticidade, o goleiro uruguaio Silbodi fez uma atuação segura e deixou os mais de 100 mil torcedores no estádio apreensivos com o empate sem gols até os 25 minutos do segundo tempo.

Aos 26 minutos da etapa complementar, Bebeto encontrou Romário bem posicionado na grande área.

O Baixinho, de cabeça, balançou as redes uruguaias e abriu o caminho para vitória.

A dupla que iria se eternizar na Copa do Mundo, dava os primeiros passos e afinavam o entrosamento para conseguir a vaga no Mundial.

Para selar a classificação, o relógio marcava 38 minutos quando Romário recebeu passe de Mauro Silva, com uma finta de corpo chamou Silbodi para "dançar" e marcou o segundo gol, que carimbou o passaporte brasileiro e garantiu o “greencard” da seleção para viver o sonho americano da Copa do Mundo.

Pouco mais de oito meses depois daquela noite no Maracanã, o Brasil sagrou-se tetracampeão mundial com a dobradinha Romário melhor do mundo e Carlos Alberto Parreira coroado como o treinador do tetra.

A divergência que afastou o Baixinho da amarelinha por quase um ano foi superada e a seleção ganhou muito.

Não apenas pelo grande atacante que foi Romário naquela temporada, como também por que pôde encerrar um jejum de 24 anos e levantou a taça da Copa do Mundo.

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