Imagem: Autor Desconhecido
Gigante da
Beira-Rio
Nascido das
águas do Rio Guaíba, o Gigante da Beira-Rio foi cenário de partidas
emblemáticas, das glórias aos fracassos do Internacional.
No ano em que
completa 50 anos de inauguração, o Beira-Rio ostenta fora de campo uma história
de luta e perseverança, de dirigentes e torcedores, para construir o sonho do
estádio próprio.
Além de que,
dentro do gramado, o estádio criou uma alma própria que ajudou a construir a
história de muitos sonhos colorados.
Pedro Henrique
Brandão Lopes
O dia 6 de
abril de 1969 teve um amanhecer um pouco diferente do comum na Porto Alegre
daqueles anos.
Logo às 6h da
manhã, uma queima de fogos de artifício para ninguém botar defeito iniciou o
domingo de Páscoa e ficou conhecido como a Alvorada Colorada, era o prenúncio
de uma festa muito maior que mobilizou e deixou feliz a metade vermelha da
capital gaúcha.
Era o dia da
inauguração do Gigante da Beira-Rio.
Um presente e
tanto pelos 60 anos do Internacional completados apenas 2 dias antes.
Mas a
história da casa colorada começou muito antes da inauguração oficial na vitória
por 2 a 1 frente ao Benfica de Eusébio e que contou com gol de Claudiomiro, aos
24 minutos do primeiro tempo, como a primeira vez em que as redes balançaram e povo
gritou gol no novo estádio.
No dia 12 de
setembro de 1956, Ephraim Pinheiro Cabral, então vereador de Porto Alegre,
apresentou um projeto para doação de uma área que ainda seria aterrada às
margens do Rio Guaíba.
O Sport Club
Internacional recebeu não um terreno da prefeitura, mas sim uma porção de água.
O apelido
Beira-Rio, na verdade deveria considerar que o estádio nasceu das águas do
Guaíba.
A
complexidade da obra, que exigiu o projeto de aterramento da área, foi encarada
pelo arquiteto Ruy Tedesco, que foi o responsável pelo planejamento, contou com
a mão forte de um homem que devotou sua vida ao Internacional e dirigiu com
clareza as obras: José Pinheiro Borda.
Borda foi o
responsável por viabilizar a construção, do maquinário ao corpo a corpo com
associados em busca de recursos para a obra.
Foi
idealizador da Campanha do Tijolo e dedicou os últimos anos de sua vida para
tornar real o sonho da casa colorada.
José Pinheiro
Borda gozava de grande reconhecimento no clube, mas nunca aceitou ser
presidente do Internacional.
Como
presidente da Comissão de Obras, foi o espírito animador da empreitada
Colorada.
Infelizmente,
Pinheiro Borda faleceu em 1965, quatro anos antes da inauguração do Beira-Rio.
Por isso, há
duas homenagens a ele no estádio.
A primeira é
um busto de Pinheiro Borda, inaugurado ainda em 1967, em frente ao portão 1.
Já no segundo
momento a direção do clube decidiu batizar o novíssimo estádio com o nome do
antigo entusiasta, assim o Beira-Rio é oficialmente Estádio José Pinheiro
Borda.
O Gigante da
Beira-Rio, inaugurado com mais de 110 mil lugares e como o terceiro maior
estádio brasileiro, tornou-se um pilar de sustentação do Internacional que
conquistou quase tudo que disputou reforçado com a aura do estádio.
Para se ter
uma ideia, na primeira década de existência do estádio, o Internacional
conquistou nada menos do que um octacampeonanto Gaúcho e o tri do Brasileirão
que assombrou o país com o amplo domínio técnico que resultou na única, até
hoje, campanha invicta da história do Campeonato Brasileiro.
A década de
1970 ainda revelou do Inter para o mundo um time abarrotado de grandes
jogadores, dirigido por um gênio que atende por Rubens Minelli e um craque de
classe maior chamado Paulo Roberto Falcão.
O craque, já
consagrado e multicampeão, sempre foi extremamente leal ao Internacional.
Em 1979,
pouco tempo antes de deixar o clube rumo à Itália onde seria chamado de Rei de
Roma, Falcão foi fotografado empurrando um carrinho de mão para ajudar nas
obras de acabamento do estádio.
Imagem: Antônio Carlos Mafalda/Agência RBS
Depois de
mais de 40 anos em que abrigou o Internacional, a diretoria colorada decidiu
reformar o estádio aproveitando o ensejo da Copa do Mundo do Brasil que se
aproximava.
Um grande
projeto de remodelação foi iniciado e em 2014, o Inter reinaugurou sua casa
vencendo o Peñarol por 2 a 1, com D’Alessandro anotando o primeiro gol da nova
era Beira-Rio.
Passando pelo
timaço dos anos 1970, e todas as conquistas daquela década, o Internacional
conseguiu muitas outras conquistas no local, além de amargar doloridos
fracassos como a perda do Brasileirão de 1988, frente ao Bahia.
Nos grandes
triunfos ainda é possível citar a Copa do Brasil 1992, duas Libertadores da
América, além de ter sido a força que impulsionou o Internacional no rumo de
volta à Série A.
O Beira-Rio é
o único estádio brasileiro a sediar todos os títulos possíveis de um clube,
exceto o Mundial de Clubes que historicamente é disputado na Ásia ou Oriente
Médio.
Foram 32
títulos oficiais até o fechamento do estádio para as reformas da Copa do Mundo.
No Mundial de
2014, no Brasil, o Beira-Rio recebeu cinco partidas:
França 3 a 0
Honduras
Austrália 2 a
3 Holanda
Coréia do Sul
2 a 4 Argélia
Argentina 3 a
2 Nigéria
Alemanha 2 a
1 Argélia
Quatro jogos
aconteceram pela fase de grupos e numa das oitavas de final, a Alemanha, aquela
mesma do 7 a 1, sofreu para vencer a aguerrida Argélia por 2 a 1, somente na
prorrogação.
Com isso, o
Internacional passou a ser o único clube brasileiro a sediar duas edições de
Copa do Mundo, já que em 1950, o clube cedeu o Estádio dos Eucaliptos para
receber partidas daquele Mundial.
A história
que começou com a Alvorada Colorada, num domingo de Páscoa com vitória sobre o
Benfica de Eusébio, continuou num casamento perfeito entre clube e a casa dos
sonhos e nas bodas de ouro, permanece forte e fundamental como foi o Beira-Rio
para o Internacional nos últimos 50 anos.
Arte: Marcos Arboés
No
Arquibancada Móvel deste sábado, o Gigante da Beira-Rio é o estádio da veze
vamos contar todas as histórias, curiosidades, jogos marcantes e narrações que
arrepiam de emoção até o mais insensível dos seres.
Dê play e
curta mais essa viagem por um gigante de concreto.
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